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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

IGREJA DE SÃO VICENTE, GUADRAMIL! Memória de uma aldeia; uma Igreja memorável!

 Situada no Parque Natural de Montesinho, junto da raia demarcada pelo rio Maças, Guadramil integra desde 2013 a União das Freguesias de Aveleda-Rio de Onor e dista 30km a Nordeste de Bragança. Situada num vale e atravessada pelo rio que lhe empresta o nome, apresenta uma envolvência de montes, flora e fauna em pura harmonia. Em sintonia, a ruralidade mostra-se através do xisto das habitações. No entanto, isolada da urbanidade e com cerca de 20 habitantes, a aldeia resvala para um saudoso passado. Passado em que conheceu fulgor com as minas de ferro, exprimia orgulho através do guadramilês, dialeto que lhe concedia distinção, e vivia um quotidiano comunitário, fosse pelos campos partilhadas na pastorícia e pecuária, como pelo lagar, o forno, a casa do ferreiro ou o moinho de água.



A Igreja de São Vicente, posicionada no ponto mais elevado, impele os fiéis a subir ao encontro de Deus, enquanto zela pelo pequeno rebanho na labuta quotidiana. As Inquirições de 1258 dizem que Guadramil era tutelada pelos frades de Alcañices, estando a Igreja, no século seguinte, sujeito a taxação régia de 15 libras. A partir do século XVI, tanto a aldeia como a Igreja «fariam parte integrante da comenda encabeçada pela igreja de Rabal com apresentação do duque de Bragança». No século XIX, a então freguesia de Guadramil foi extinta, fazendo parte da de Rio de Onor.
A Igreja, edificada nos séculos XVI-XVII, com orientação Noroeste-Sudeste e delimitada por adro, apresenta uma arquitetura maneirista e barroca. A fachada principal, com portal de arco abatido, termina em empena truncada por dupla sineira. A porta da fachada lateral direita é em arco de volta perfeita, protegida por alpendre. O abandono observado na aldeia não tem correspondência quando franqueamos a porta do templo, que nos transporta para a originalidade do passado, mantendo dignidade no presente. O altar lateral do lado do evangelho, dedicado a Nossa Senhora do Rosário, é em talha policromada e dourada em estilo Barroco joanino, enquadrada por duplas colunas salomónicas com capitel coríntio. Está encimado por dossel pintado com idêntica alusão à imagem do nicho. O altar do lado da epístola é policromado e em estilo Rocaille. No nicho central, a imagem de Nossa Senhora de Fátima substituiu a de São Bartolomeu, estando ladeada pelas imagens deste Apóstolo e de Santo António. Tem dossel com cartela central alusiva a São Bartolomeu a prender o Dragão.
Na capela-mor, mais estreita e mais alta que a nave, no policromado da talha do altar sobressai o rosa, num estilo entre o Barroco e o Rocaille. Como as demais, a mesa das celebrações é em forma de urna e no centro do retábulo, de duplo corpo e três eixos, distingue-se um tão original quão bonito sacrário em templete. No piso inferior, o painel central apresenta Cristo Redentor relevado, enquanto os laterais têm os apóstolos Pedro e Paulo, enquadrados por colunelos de fuste canelado e capitel coríntio. A cornija é percorrida por varandim balaustrado, segmentado por pilastras coroadas por pequenos pináculos triangulares. A coroar o Sacrário ergue-se uma cúpula cilíndrica, suportada por volutas, e à sua frente expõe-se crucifixo de pé alto. A ladear o Sacrário, entre colunas em espiral decoradas com pâmpanos e caras de anjos, estão as imagens de São Judas Tadeu e Santa Teresinha de Jesus. O corpo superior do retábulo é um tríptico, com a imagem do Diácono São Vicente, orago da Igreja, em vão de volta perfeita, ladeado por pinturas de anjos. É coroado por Deus, Senhor do mundo. Na parede testeira da capela-mor, sobre mísulas a dourado e emolduradas, estão pequenas imagens de São Sebastião e de São Fabião.
Terra de saberes e de tradição, que Guadramil possa revivificar o nostálgico passado.

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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