quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Doação a Gil Martins Doutel de Ova e Balsamão (Uva, concelho de Vimioso, e Balsamão, concelho de Macedo de Cavaleiros?) - 1 de Maio de 1385

 «Dom Joam pela graça de Deus Rei de Portugal e do Algarve. 
A quoamtos esta carta virem fazemos saber que Gil Martinz Doutel nosso vassallo nos mostrou hüa carta em que era conteudo que sendo nos mestre da cavalaria da ordem d’Aviz e defemssor e regedor dos ditos reinos lhe demos de juro de erdade pera elle e pera todos seus sucesores e herdeiros que depos delle vierem as nosas terras da Ova e de Balsamão com todas suas remdas, dereitos e pertemças e foros e trebutos segumdo na dita carta melhor e mais compridamente he conteudo; e pedimdo-nos por merce que pois a Deus aprouve em nos poer em este estado de Rei que lhe comfirmassemos a dita carta que lhe fizemos das ditas terras; e nos vemdo o que nos pedia e querem-do-lhe fazer graça e merce pello muito serviço que delle recebemos e emtemdemos de receber e porque nossa vontade e merce he que outro nenhum não aja as ditas terras salvo elle temos por bem e comfirmamos-lhe a dita doação pela guissa que na dita carta he conteudo; porem mandamos que lhe seja comprida e guardada ha dita carta que lhe das ditas terras demos em semdo nos defensor e regedor dos ditos reinos como dito he segumdo se em ella contem e mamdamos e defemdemos que nenhüa pessoa que seja lhe não va contra ella em nenhüa guissa que seja e all não fação; e en testemunho desto lhe mamdamos dar esta nossa carta.

Dante na cidade do Porto primeiro dia de Maio El Rei o mandou; Gonçallo Lourenço a fez era de mil e coatrocentos e vinte e tres annos» (221).
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(221) Copiado do fólio 10 de um livro manuscrito com capa de pergaminho, fólio de papel almaço, existente em Bragança em poder de Abílio de Jesus Ramos Zóio. Este códice consta de 209 fólios paginados de frente e com a rúbrica — Doutel — todos escritos até ao 42. No fólio 2 há um escudo iluminado formado por seis besantes de prata em campo vermelho postos em duas palas divididos por uma flor de lis. Nele, a requerimento de António Doutel de Almeida, cidadão de Bragança, despachado em 8 de Novembro de 1624, foram transcritos por tabelião, autorizado judicialmente, ou seja, em forma autêntica, os papéis e documentos pertencentes ao morgadio Doutel de Bragança. Depois, o licenciado Sebastião Cardoso, juiz de fora em Miranda do Douro, ao ser incumbido de fazer o tombo dos bens do morgadio Doutel em 1634, pondo o livro ao invés e começando pelo fim, fez-lhe novo termo de abertura e encerramento paginando e rubricando com o seu apelido os fólios e lançando assim no códice virado com o debaixo para cima os termos e processos da demarcação a seu cargo que alcançam até ao fólio 63 vindo portanto a ficar em branco os que vão desse até ao 42.
Como não tem título, para facilidade das citações dar-lhe-emos o de Morgadio dos Doutéis de Bragança e respectivas notas genealógicas.
Ao bom amigo Francisco de Moura Coutinho o nosso reconhecimento por nos facilitar a leitura deste códice.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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