O número de caçadores está a cair cada vez mais. A 1ª Região Cinegética, à qual o distrito de Bragança pertence, perdeu, nos últimos dez anos, cerca de sete mil caçadores. São números do presidente da Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética, João Alves, que diz que o abandono se deve ao facto de existir cada vez menos caça menor e às diversas burocracias associadas ao setor. “A nossa região é a segunda do país com mais zonas de caça associadas. Nós, a nossa federação, representávamos, há uns anos, cerca de 22 mil caçadores. Neste momento, se calhar, há 15 mil. Perderam-se porque há cada vez menos gente a tirar a carta de caçador e há mais gente a desistir. Desistem porque não há caça, porque, de facto, estão fartos de pagar licenças e não caçar nada, outros desistem por causa das burocracias, porque mesmo as próprias renovações, em alguns casos, são complicadas. Agora, também é verdade que temos bastantes jovens, neste momento, e até mulheres, muitas mulheres, a quererem iniciar-se na caça, essencialmente na caça maior, nas montarias”.
Na inauguração da vigésima sétima edição Feira da Caça e Turismo e vigésima nona edição da Festa dos Caçadores do Norte, em Macedo de Cavaleiros, João Alves disse ainda que a caça menor está a diminuir porque há várias doenças a matar os animais, sobretudo os coelhos, e, por isso, que é urgente apostar na investigação das doenças. “Era necessário que as nossas universidades, que têm bons corpos técnicos, se dedicassem à problemática da doença do coelho, de modo a conseguirmos contrariar o surto epidemiológico, que está quase a dizimar o coelho.
A feira, começou quinta e terminou ontem, é organizada pela câmara de Macedo de Cavaleiros e pela Federação das Associações da 1ª Região Cinegética. O presidente do município, Benjamim Rodrigues, esclarece que são dias muito importantes para a região. “Podemos contabilizar entre 15 a 25 mil pessoas que por aqui passam, que geram uma economia entre os 2 milhões e os 4 milhões, não só no nosso território, mas também nos vizinhos, onde podemos constatar que as unidades hoteleiras estão lotadas, em Bragança, Macedo Cavaleiros e Mirandela. É uma dinâmica fantástica para a nossa região. Não é um evento local, é um evento regional e até internacional, porque nós temos caçadores que vêm de Luxemburgo, de França, de Espanha, para estar nestes acontecimentos cinegéticos”.
A feira contou com cerca de 200 expositores de artigos de caça, de artesanato e de produtos da região, mas também de alguns ex-libris do resto do país. A dimensão do certame atrai expositores de vários pontos de Portugal, que querem mostrar o que de melhor sabem fazer. “É bom estar aqui para divulgar o produto, porque é um produto bom, que pretende mostrar as origens dos nossos enchidos tradicionais, que são de Morais. É bom estar aqui porque há um intercâmbio de ideias, produtos e sabores”, explicou Ana Guedes. “Comecei por vir à Feira do São Pedro e decidi começar a vir a esta, há três anos. Os primeiros dias, quinta e sexta, são os mais parados. Depois, o fim de semana é mais movimentado e vendemos melhor”, referiu Telma Lopes, que veio de Seia, com os afamados queijos da Serra da Estrela.
A Feira da Caça terminou ontem e contou com montarias, espetáculos de falcoaria e espetáculos equestres, corrida de galgos, uma prova de tiro aos pratos, demonstrações culinárias, caminhadas, um raid turístico e ainda o V Seminário Internacional de Turismo, em que se discutiu o futuro em territórios UNESCO.
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