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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Ainda falta marketing turístico na divulgação nos Territórios UNESCO

 Apostar mais fortemente na divulgação e no marketing turístico é uma das conclusões do V Seminário Internacional de Turismo em Territórios UNESCO, que decorreu nesta sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros, que pretendeu dar a conhecer diversos casos de boas práticas em turismo, com o objetivo máximo da sustentabilidade.


Um dos casos apresentados foi a rede de reservas da biosfera portuguesa e os seus benefícios económicos e sociais.

Anabela Trindade, presidente do Comité Mab (Nacional do Programa Man and the Biosphere da UNESCO), refere que esta tipologia de turismo está numa fase boa, mas que precisa de ser mais comunicada:

“Estamos numa fase boa. Estou muito orgulhosa. Considero que as nossas reservas da Biosfera têm uma diversidade incrível, a vários níveis e precisávamos de comunicação. Temos que comunicar mais que se está em territórios UNESCO e territórios da reserva da Biosfera. Porque isso é importante para quem habita e trabalha nestes territórios. Porque fornece identidade e sensação de comunidade.”

A nível nacional a rede já conta com 12 reservas, mas vão nascer mais duas, uma já em setembro deste ano, a Reserva da Biosfera da Arrábida e também a da Serra da Estrela. Portugal conta com quatro Reservas no Arquipélago dos Açores, duas no Arquipélago da Madeira e seis no Continente, das quais três transfronteiriças.

Já Juan Rodriguez, do Instituto de Restauración y Medio Ambiente (IRMA SL) defende que é necessário realizar um projeto conjunto entre Espanha, Portugal e França, através de programas de financiamento Interreg e SUDOE, direcionado para os produtos autóctones destas regiões:

“Falta fazer um projeto conjunto das reservas da Biosfera. León tem sete reservas Meseta Ibérica, e com França, num programa SUDOE, e que valorize estas marcas de qualidade que a UNESCO reconheceu. A ideia era colocar, estes três países, França, Portugal e Espanha, num projeto conjunto financiado através do INTERREG ou SUDOE, com um fio condutor, para a comercialização de produtos autóctones, com se vê nesta Feira, mas a nível mais Europeu. Com destaque para as marcas de qualidade Reservas da Biosfera.”

Na sua intervenção, denunciou a falta de publicidade que existe neste âmbito:

“Um turista que vem de Madrid, não vê onde está. Não existe referência que está na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica. Esse é apenas um problema de marketing. E é um assunto que precisa de ser tratado. Mas também não existe em Zamora. As de León têm. Portanto, falta valorizar e publicidade. Se não há publicidade, incluso nas redes sociais. As pessoas têm que chegar a Macedo de Cavaleiros, a Vinhais, a Vimioso, Miranda do Douro, é Reserva da Biosfera.”

Do Museu do Cante Alentejano, de Serpa, João Matias, coordenador deste espaço contou como este bem cultural e meio de expressão de excelência dos alentejanos, se transformou num produto turístico:

“Isso é inevitável, é a dinâmica humana e social. O turismo é uma atividade transversal, universal e que tem muito dinheiro e que olha para o território, e que procura levar o seu público a lugares que despertem interesse. E foi o que aconteceu com o cante alentejano. Transformando-se num produto turístico, que já era antes. A questão agora é estabelecer um equilíbrio. O turismo tem coisas extraordinárias, permitindo que as pessoas viajem e que contactem umas com as outras. O problema é quando se massifica. E a forma como se encara. Quando as pessoas chegam ao território e querem ouvir cantar. E depois é preciso explicar, que o cante é praticado por amadores, que não estão disponíveis a um dia de semana e a qualquer hora.”

O selo UNESCO atribuído em 2014 trouxe notoriedade, que neste momento, já conta com mais de 170 grupos amadores, num universo de mais de três mil e duzentos cantadores, que “cantam a terra do pão”, as suas preocupações, apesar de já ter novas roupagens musicais, nesta que é a “expressão cultural mais mobilizadora do Alentejo”, referiu o orador deste seminário.

Outro caso, é o das descobertas das gravuras do Rio Côa e do selo património Mundial UNESCO atribuído, em 1998. Aida Carvalho, presidente da Fundação Côa Parque diz que esta atribuição mudou o território, com impactos positivos no alojamento e na restauração:

“Tem sido ao longo dos anos transformador para todo aquele território. Sendo completamente diferente do que era antes das descobertas. Só para dar um pequeno exemplo, no ano passado, o Côa recebeu 125 mil visitantes. Este número tem um impacto direto no território em vários sectores de atividade, no alojamento, restauração e nas empresas de animação turística. Temos um território completamente diferente, se não tivessem existido as gravuras. É fundamental esta questão da chancela UNESCO, e mais fundamental será envolver as comunidades que que têm o privilégio de viver em territórios, com esta distinção. Devem fazer uma diferenciação positiva e devem ter o maior orgulho, com esta característica e com esta singularidade.”

José Luís Prada, secretário-geral da Fundação Rei Afonso Henriques, que tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento económico, social e cultural do Vale do Douro, em Espanha e em Portugal, também atesta que falta comunicação e informação, e que é preciso aproveitar os fundos europeus entre os agentes públicos e privados:

“Existem fundos europeus que temos que tentar aproveitar e temos que o fazer de uma forma cada vez mais coordenada entre os agentes públicos e privados dos dois lados da fronteira. Falta uma primeira questão que é a da informação e da comunicação. Temos que aceitar que os nossos territórios seguem desconhecidos. Na minha comunicação, também abordei que a informação é maior dos portugueses sobre assuntos espanhóis, ao contrário do que acontece connosco. Temos que aproveitar as vias de comunicação existentes, como por exemplo em Zamora, temos um comboio de alta velocidade que vai até Madrid, numa hora de distância. Ou seja, de Madrid até Macedo serão duas horas e meia, e isto significa que existe a possibilidade de atrair turistas, de uma forma autêntica. Se em Madrid não sabem onde é e o que se faz em Macedo de Cavaleiros, dificilmente vão vir até cá.”

Vera Ferro Lebres, pró presidente para o Empreendedorismo e Inovação do IPB, salientou que é necessário atrair empresas e emprego, com empresas com grau de especialização:

“Nós queremos atrair novas empresas orientadas ao futuro e aos desafios no nosso território, mas que consigam dar suporte à atração de pessoas. Que é o grande desafio da nossa região. Nós temos uma elevada pressão demográfica. Somos um território, que perde diariamente pessoas e que são altamente qualificadas, que procuram territórios onde o seu trabalho é mais bem remunerado. O que nós queremos fazer é inverter essa tendência. Portanto, queremos criar emprego aqui, com empresas com algum grau de especialização, para que depois a partir daí, possam ter uma dinâmica empresarial e de ecossistema para cada um dos sectores estratégicos ao território que por si só, o sistema empresarial consiga inverter e ser um agente fundamental nesta inversão da perda de habitantes e nesta alteração demográfica que vivemos.”

Neste V Seminário Internacional de Turismo foram discutidos exemplos de casos de turismo do interior, como a rede portuguesa de reservas da biosfera, a cooperação transfronteiriça da meseta Ibérica, o cante alentejano como produto turístico, o caso do Côa, e ainda o Vale do Rio Douro.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE
Fotografia: Município de Macedo de Cavaleiros

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