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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Casimiro António Ribeiro da Silva - Os Governadores Civis do Distrito de Bragança (1835-2011)

 21.maio.1884 – 10.julho.1884 (?)
CARRAZEDA DE ANSIÃES, 25.6.1838 – PESO DA RÉGUA, 27.6.1901

Médico.
Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra.
Deputado (1869-1870 e 1879). Governador civil de Bragança (1884).
Natural da freguesia de Castanheiro do Norte, concelho de Carrazeda de Ansiães.
Filho de João Fernandes da Silva e de Luísa Ribeiro.
Casou com Cândida Augusta Coelho da Silva, de quem teve duas filhas.
Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

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Matriculou-se em Matemática na Universidade de Coimbra em outubro de 1855. No ano seguinte, matriculou-se em Filosofia e em outubro de 1859 passou para a Faculdade de Medicina, onde se formou em julho de 1864.
Nesse mesmo mês, casou com Cândida Augusta Coelho da Silva, filha de um capitalista do Porto, e regressou a Carrazeda de Ansiães, onde foi médico municipal desde esse ano até 1884, habitando na sua Quinta da Lavandeira, localizada em Castanheiro.
Em 1866, foi autorizado a instalar uma máquina para destilação de vinho na sua propriedade.
Chefe do partido regenerador em Carrazeda de Ansiães, foi eleito deputado como “governamental” pelo círculo de Mirandela, para a legislatura de 1869-1870, com mais de 60% dos votos ( juramento a 1.5.1869). Fez parte da Comissão de Saúde Pública (1869), mas a sua atividade na Câmara foi reduzida e raras vezes relativa ao círculo pelo qual foi eleito: uma representação dos habitantes da freguesia do Bonfim, do Porto, reclamando contra uma fábrica de curtumes que ali funcionava sem autorização e contra a lei, que causava grande incómodo à população e era “foco de infeção”, levou-o a apresentar uma nota de interpelação ao ministro das Obras Públicas; e o protesto popular ocorrido no Porto contra os testamenteiros do conde de Ferreira motivou uma outra dirigida ao ministro do Reino com o intuito de saber se o Governo iria atender o pedido dos cidadãos para que se cumprissem rapidamente as disposições testamentárias que determinavam a fundação do hospital de alienados. Como muitos outros deputados, subscreveu o projeto de lei que excetuava do registo o ónus resultante das servidões dos prédios rústicos constituídos antes da promulgação do Código Civil.
Naquela que foi a sua intervenção mais polémica, apresentou um projeto de lei que extinguia os distritos de Vila Real e de Bragança, unindo-os num só com sede em Mirandela, considerando que o Governo, então presidido pelo marquês de Sá da Bandeira, não “sofria desaire algum” se aceitasse esta medida, que tinha por fim a economia dos meios e a melhoria do serviço público.
Regressou à Câmara dos Deputados na legislatura de 1879, eleito pelo círculo de Torre de Moncorvo, nas listas afetas ao Partido Regenerador. Prestou juramento apenas em 21 de março de 1879, facto que se deveu aos protestos apresentados por Anselmo José Braamcamp e José Luciano de Castro, os quais foram analisados pela Comissão de Verificação de Poderes, sendo o respetivo parecer discutido no hemiciclo. Ao longo desta legislatura, e contrariamente ao que acontecera no seu primeiro mandato, demonstrou especial empenho na salvaguarda dos interesses da sua região de origem. Assim, apresentou um projeto de lei para elevar o concelho de Carrazeda de Ansiães a comarca de 3.ª classe (14 e 15.5.1879) e um outro tendente à criação de uma assembleia eleitoral primária em Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta (23.5.1879). Além disso, procurou inteirar-se pormenorizadamente dos trabalhos de gabinete de diversas estradas locais na região (27.5.1879).
Por decreto de 21 de maio de 1884, teve o despacho de governador civil de Bragança, cargo de que tomou posse a 9 de junho seguinte. Embora toda a bibliografia consultada refira o dia 3 de junho de 1884 como data da sua exoneração, tal é, obviamente, uma impossibilidade, uma vez que corresponde a uma data anterior à sua tomada de posse. Isso mesmo é confirmado pelo livro de Actas das Sessões do Conselho d`Agricultura, cuja sessão de 10 de julho de 1884 é assinada por Casimiro Ribeiro da Silva, na condição de governador civil. Infelizmente, não foi possível encontrar o decreto de exoneração que permitiria determinar com rigor o término do seu mandato.
Faleceu no Peso da Régua, a 27 de junho de 1901, dois dias depois de completar 63 anos.

Artigo “Para a História…”, sobre Casimiro Ribeiro (1897)

A propósito da transferência do digno delegado da comarca da Póvoa de Varzim, uma liberalidade do Sr. Beirão, tem o antigo governador civil deste distrito, Sr. Dr. Casimiro Ribeiro, publicado no Notícias, do Porto, uns legítimos desabafos, indubitavelmente justificados, e ao mesmo tempo que fustiga o ato indecoroso, faz alusões a mortos que podem falar, referindo- se evidentemente às causas que determinaram a abstenção do Partido Regenerador do círculo de Moncorvo na luta eleitoral de maio último.
Lembrar-se-ão os leitores deste jornal, que fomos os únicos que defendemos, tanto quanto possível, a atitude geralmente suspeitada do Sr. Dr. Casimiro Ribeiro, na ocasião em que tal atitude era rudemente apreciada por todos. Devem recordar-se ainda dos amargos comentários que então se fizeram por aí, em completo desfavor do procedimento do antigo e prestigioso chefe regenerador do concelho da Carrazeda de Ansiães.
Quem escreve estas linhas foi, talvez, o inspirador da ideia de chamar novamente à vida ativa da política partidária aquele destemido batalhador doutros tempos. Assistimos, no Porto, onde então nos encontrávamos, acidentalmente, com um dos mais prestimosos e considerados chefes regeneradores deste distrito, residente em Lisboa, às conferências em que definitivamente se combinou da luta no círculo de Moncorvo, e, soubemo-lo então, tão solenes haviam sido os compromissos do Sr. Dr. Casimiro Ribeiro, tomados pessoalmente com quem tinha o soberano direito de impor, por parte do Partido Regenerador, o candidato oposicionista, e tão decidida se nos afigurou a resolução daquele distinto cavalheiro, que, quando constou, com surpresa geral, a abstenção regeneradora naquele círculo, ficamos convencidos de que só razões de ordem muito superior, imprevistas, poderiam determinar a falta daquele concurso, reputado indispensável e solenemente prometido.
Ninguém, até hoje, que nos conste, fundamentou aquela abstenção noutros factos: todos se queixaram da falta de apoio na Carrazeda; e, devido a isso, e por não haver quem naquele concelho garantisse a legalidade do escrutínio, foi que ficou fora do Parlamento – é esta a nossa convicção – um dos homens mais eminentes do País, aquele que, eleito em oposição pelo Partido Regenerador deste distrito, seria, no futuro, o mais poderoso esteio em que se poderiam apoiar as pretensões de geral interesse, e pelas quais até agora todos temos clamado inutilmente.
Não faltou quem na ocasião a que vimos aludindo referisse como causa do inesperado e suposto retraimento do Sr. Dr. Casimiro Ribeiro o facto de Sua Exa. não querer provocar qualquer violência contra seu genro, o agora transferido delegado da Póvoa de Varzim, afirmando-se igualmente que se lhe havia garantido, a troco de tal retraimento, a permanência daquele digno magistrado no lugar que sempre soubera honrar e de onde o desalojou o facciosismo do Sr. Beirão.
Vê-se, pelo que agora ocorre, que não era verdade o que, entre outras coisas, se dizia a este respeito e referimos.

Fonte: Gazeta de Bragança, ano VI, n.º 292, 21.11.1897.

Funeral do Dr. Casimiro Ribeiro (1901)

Mais um, e dos melhores, que desapareceu da brilhante e prestigiosa ala dos antigos lutadores que tanto e tanto engrandeceram o Partido Regenerador deste distrito.
O Dr. António Casimiro Ribeiro da Silva, antigo governador civil de Bragança e deputado da nação, foi um chefe político habilíssimo, disciplinador, extremamente dedicado pelos seus amigos e grande propagador dos interesses da sua terra.
Foi, antes de se retrair um tanto das lutas da política, talvez o mais poderoso elemento regenerador do sul do distrito. Havia tido e ainda dispunha de grande força e prestígio, merecidíssimo, porque nunca fraquejou diante das maiores dificuldades para atender as justas pretensões dos seus correligionários e amigos.
Foi exemplar como chefe de família amantíssimo, como amigo dedicado e cidadão prestimoso à terra de que era, incontestavelmente, o mais benemérito filho.
O Dr. Casimiro Ribeiro, que sinceramente prezávamos, deixa fundas e justificadas saudades a todos que apreciavam as superiores qualidades do seu caráter franco, obsequiador e honrado.
Sentindo profundamente o passamento do ilustre chefe regenerador do concelho da Carrazeda de Ansiães, a redação deste jornal apresenta à sua respeitável família os mais sentidos pêsames.
O funeral foi concorridíssimo, fazendo-se representar o Sr. governador civil pelo digno presidente da Câmara, servindo de administrador do concelho.

Fonte: Gazeta de Bragança, Ano X (477), 1901, p. 2.

Fontes e Bibliografia
Arquivo Distrital de Bragança, documentos vários.
Gazeta de Bragança, 1897-1901.
ALVES, Francisco Manuel. 2000. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, vol. VII. Bragança: Câmara Municipal de Bragança / Instituto Português de Museus.
MÓNICA, Maria Filomena (coord.). 2004. Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910), vol. III. Lisboa: Assembleia da República

Publicação da C.M. Bragança

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