quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fernando Pessoa - A Morte do Poeta - 30 de Novembro de 1935


30 de Novembro de 1935 - «Lisboa foi surpreendida pela notícia da morte brusca de FERNANDO PESSOA, um dos maiores Poetas de Portugal e uma das grandes figuras da sua geração. O prestígio do autor de "ORPHEU" e da "MENSAGEM" era imenso nos nossos meios intelectuais. Deixa uma obra notável, em grande parte inédita, e cujo nome irá crescendo à medida que o tempo for passando... representa uma perda irreparável para a inteligência nacional»
Comunicação da morte do Poeta, dada pelo Semanário "BANDARRA".
De o "Diário de Notícias":
... Da capela do Cemitério dos Prazeres, para jazigo de família, cerca das onze horas de ontem, partiu o corpo do grande poeta. Alguns amigos de sempre acompanharam-no, Foram eles, pelo «Orpheu», Luiz de Montalvor, António Ferro, Raul Leal, Alfredo Guizado e Almada Negreiros; pela «Presença», João Gaspar Simões; pelo «Momento», Artur Augusto e José Augusto, e Ferreira Gomes, Diogo de Macedo, dr. Celestino Soares, António Botto, Castelo de Morais, João de Sousa Fonseca, Dr. Jaime Neves, António Pedro, Albino Lapa, Silva Tavares, Vitoriano Braga, Augusto de Santa-Rita, Luiz Pedro, Luis Moita, Manuel Serras, Dr. Boto de Carvalho, Rogério Perez, Celestino Silva, Telmo Felgueiras, Nogueira de Brito, Dante Silva Ramos, Carlos Queiroz, Mário de Barros, dr. Rui Santos, Marques Matias, Gil Vaz, Luis Teixeira e poucos mais.
O sr. capitão Caetano Dias, cunhado do poeta, representava a família.
Em frente do jazigo que Fernando Pessoa passa a habitar, Luis de Montalvor, seu companheiro de 34 anos de vida literária, proferiu simples e emotivas palavras em nome dos sobreviventes do grupo «Orpheu».
E disse:
«Duas palavras sobre o transito mortal de Fernando Pessoa.
«Para ele chegam duas palavras, ou nenhuma. Preferível fora o silêncio, o silêncio que já o envolve a ele e a nós, que é da estatura do seu espírito.
«Com ele só está bem o que está perto de Deus. Mas também não deviam, nem podiam, os que foram pares com ele no convívio da sua Beleza, vê-lo descer à terra, ou antes, subir, ganhar as linhas definitivas da Eternidade, sem anunciar o protesto calmo, mas humano, da raiva que nos fica da partida.
«Não podiam os seus companheiros de «Orpheu», antes os seus irmãos do mesmo sangue ideal da sua Beleza, não podiam, repito, deixá-lo aqui, na terra extrema, sem ao menos terem desfolhado, sobre a sua morte gentil, o lírio brando do seu silêncio e da sua dor.
«Lastimamos o homem, que a morte nos rouba, e com ele a perda do prodígio do seu convívio e da graça da sua presença humana. Somente o homem, é duro dizê-lo, pois que ao seu espírito e ao seu poder criador, a esses deu-lhes o Destino uma estranha formusura, que não morre.
«O resto é com o génio de Fernando Pessoa»

2 comentários:

  1. Ontem não consegui escrever nada. Não me senti capaz com medo de ofender a memória deste enormíssimo poeta.
    Obrigada, Henrique, por este blog.

    Mara Cepeda

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  2. Mara
    Eu é que agradeço a honra que me dais com a vossa visita.
    Dais-me o alento necessário para continuar...
    Grande abraço ao Marcolino.

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