O Tempo do Natal é também designado o tempo da manifestação-aparição da divindade, no qual se comemora a encarnação do Filho de Deus, o seu nascimento e as suas primeiras manifestações aos homens. A esta celebração chama-se no Ocidente (Natal) e no Oriente (Epifania). O nascimento de Jesus é celebrado num dia fixo do ciclo anual, o dia 25 de Dezembro.
Por volta da segunda metade do séc. IV, encontramos a indicação deste dia como data do Natale solis invicti no calendário civil e, ao mesmo tempo como data da celebração do Natal de Jesus. Por outro lado, 25 de Dezembro, data do solstício de inverno, estabelece uma relação biblico-simbólica luz/trevas e Cristo vitorioso absoluto das trevas do pecado. Santo Agostinho (354-430), concentrado no único mistério da Páscoa, não reconheceu os elementos sacramentais do Natal; o que fará S. Leão Magno (+461), chamando ao Natal «Sacramentum natalis Christi, o sacramento do Natal de Cristo», pelo qual o Verbo se fez carne, nos ensina não só a recordar o passado, mas nos parece vê-lo presente. Neste dia 25 de Dezembro, segundo o ritmo cíclico do Ano litúrgico, começa o Tempo do Natal, o qual decorre desde a Oração das Vésperas I do Natal do Senhor até ao domingo depois da Epifania, isto é, até ao domingo a seguir ao dia 6 de Janeiro, no qual se celebra a festa do Baptismo do Senhor.
A Igreja considera o mistério do Natal como uma renovação da Páscoa, dado a sua estreita relação com o mistério da morte e ressurreição de Cristo, centro da vida litúrgica: «Depois da celebração anual do mistério pascal, nada na Igreja é mais venerável do que a celebração do Natal do Senhor e das suas primeiras manifestações: é o que se faz no Tempo do Natal» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico e o Calendário 32).
A celebração actual do dia do Natal é constituída por quatro celebrações eucarísticas Missa da vigília, Missa da noite, Missa da aurora, Missa do dia; segue-se uma oitava, que se conclui com a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus; durante a oitava, nos três dias imediatamente depois do Natal celebram-se três festas muito vividas pela piedade popular:
Santo Estevão, primeiro mártir, S. João, Apóstolo e Evangelista e os Santos Inocentes, mártires; no domingo dentro da oitava ou no dia 30 de Dezembro celebra-se a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José; a Epifania (manifestação de Deus ao mundo) celebra-se no dia 6 de Janeiro ou no domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de Janeiro; no domingo a seguir ao dia 6 de janeiro celebra-se a festa do Baptismo do Senhor. O Missal Romano actual apresenta na Missa do dia de Natal um texto antigo, que exprime uma teologia simples, mas essencial sobre a relação dos mistérios da criação, da Páscoa e do Natal: «Senhor nosso Deus, que de modo admirável criastes o homem e de modo ainda mais admirável o renovastes, fazei que possamos participar na vida divina do vosso Filho que se dignou assumir a nossa natureza humana» (Colecta).
Quando a liturgia celebra o mistério de Cristo, há uma palavra que caracteriza a sua oração: Hoje! É o que salienta a antífona do cântico do Magnificat no dia da Epifania, ao referir-se aos “tria miracula”: «Recordamos neste dia três mistérios: hoje a estrela guiou os Magos ao presépio; hoje, nas bodas de Caná, a água foi mudada em vinho; hoje, no rio Jordão, Cristo quis ser baptizado, para nos salvar. Aleluia». Esta antífona sintetiza o sentido mais profundo do tempo do Natal, qual presença do único e mesmo mistério de Cristo, como a sua manifestação pública a todos os povos.
Por: + José Cordeiro
in:mdb.pt
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