A EDP e o Instituto de Conservação do Património Arquitectónico e Arqueológico, o IGESPAR, estão a estudar uma forma de preservar os achados na antiga povoação de Cilhades.O povoado, abandonado há vários anos, vai ficar submerso pela barragem do Baixo Sabor.Mas agora foram encontrados vestígios importantes e sobretudo um antigo cemitério medieval que urge preservar. “Já cheguei a dormir lá em cima dos cadáveres” diz António Augusto Salgado, pastor, criado no vale de Cilhades, por entre oliveiras e amendoais.
Foi o último habitante a abandonar aquela povoação que agora revela vestígios de ocupação humana desde os tempos da romanização. “Havia cá mais pastores mas uns já morreram, outros abandonaram isto e eu fiquei por aqui sozinho” afirma. Agora trocou a casa ribeirinha por outra, em Felgar, mais acima, longe da água que vai criar uma albufeira com quase 300 metros de profundidade, com a barragem do Baixo Sabor.Mas desde sempre ouviu falar no cemitério que por ali havia, debaixo de um laranjal, e de um castro da Idade do Ferro.
“Ainda eu era criança já ouvia falar o que era o Catelinho e no cemitério. Quando a barragem estiver construída já não vou poder vir para aqui, tenho de procurar outros pastos” refere, salientando que “a mim fazia-me diferença se fosse há 30 anos atrás mas agora já estou caducado, falta pouco para a reforma”.
No entanto, lá confessa que gostava que tudo ficasse como está.“Eu gostava deste sítio sempre assim, conforme está, porque daqui sai muita jeira para os pobres. A maior parte dos terrenos vão ficar de baixo de água, só ficam os altos que não prestam para nada” considera.Mas foram os trabalhos da barragem que despertaram a curiosidade pelos vestígios que estariam naquela zona. Depois de umas primeiras sondagens, foi descoberto um cemitério, presumivelmente do século IX ao século XII, com perto de uma centena de esqueletos identificados. Sete já foram levantados do local, todos de mulheres e crianças.
Os arqueólogos estudam agora a melhor forma de preservar estes achados. Sara Luz é uma delas.“Sem dúvida que é importante tendo em conta que não há assim tantas necrópoles medievais que se conheçam em Portugal” afirma.Para além das várias ossadas já foi descoberto um anel, um colar de contas, um edifício que se supõe ser a capela primitiva de S. Lourenço e alguns vestígios da época romana.Mas Filipe Santos, o responsável por todo aquele sítio arqueológico, garante que os achados vão ser preservados. “Neste momento a escavação ainda está a decorrer.
Nesta fase estamos a fazer os registos ao nível da planta e alçados das estruturas” explica. “Todo o estudo antropológico terá de ser feito posteriormente” acrescenta, salientando que “em termos de preservação do que for encontrado vamos equacionar o acondicionamento das estruturas por forma a serem salvaguardadas perante o impacto do enchimento da albufeira”.Os trabalhos decorrem desde o mês de Agosto.Um grupo de naturais de Felgar tem estado a tentar divulgar as descobertas que ali têm sido feitas. Já que não se pode combater a barragem, gostavam que pelo menos o património cultural ficasse preservado.
As escavações deverão ficar concluídas em Setembro, altura em que deverá começar a ser enchida a barragem do Baixo Sabor.
Escrito por Brigantia
in:brigantia.pt
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