Postal Ilustrativo
Cerca das 16 horas do dia 4 de Outubro, os navios fundeados no Tejo São Rafael, Adamastor e Dom Carlos I deslocam-se para a frente do Terreiro do Paço e bombardeiam o Rossio, e o Palácio das Necessidades onde estavam concentradas tropas monárquicas. O "S. Rafael", já sob o comando do tenente Tito de Morais, dispara dois tiros de artilharia que puseram em fuga a companhia da Guarda Municipal ali estacionada. A posição dos navios da Armada impede o prosseguimento dos ataques à Rotunda pelas tropas fiéis à monarquia. Pelas 10 horas da noite, o cruzador "D. Carlos", que permanecia sob comando monárquico, é abordado por marinheiros e civis revoltosos, sob o comando do 2.º tenente José Carlos da Maia, a partir do "S. Rafael". A equipagem alinha também pela República, travando-se combates a bordo, com a oficialidade monárquica, de que resultaram diversos feridos, morrendo o comandante do navio Álvaro Ferreira. O cruzador "D. Carlos I" junta-se aos revoltosos, passando a patrulhar o rio sob as ordens do 2.º tenente Silva Araújo.
Aliás estas tomadas dos navios não tendo sido comunicada em devidas condições (1 única salva de canhão foi ouvida ouvida em vez de 3 salvas como combinado), levou ao suicídio de Cândido dos Reis no dia 4 de Outubro, pensando que a revolução tinha fracassado. Com a sua morte só o seu oficial Machado Santos se manteve activo no comando dastropas revoltosas na Rotunda.
Dr. Miguel Bombarda, dirigente e deputado republicano e um dos principais impulsionadores da Junta Liberal, assassinado por um oficial do exército, antigo aluno dos colégios da Companhia de Jesus e seu doente mental, no dia 3 de Outubro e o Almirante Cândido dos Reis que se suicidou no dia 4 de Outubro , num postal evocativo.
Postal Evocativo
Couraçado São Rafael
Couraçado Adamastor
Pouco depois, pelas 9 horas da manhã do dia 5 de Outubro de 1910, era proclamada a república por José Relvas, (na companhia de Eusébio Leão, Inocêncio Camacho, Basílio Teles…) na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, após o que foi nomeado um Governo Provisório, presidido por membros do Partido Republicano Português, presidido pelo Dr. Teófilo Braga. Este dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à I República.
Constituição do governo provisório presidido por Teófilo Braga:
António José de Almeida (na pasta do Interior, antigo ministério do Reino)
Afonso Costa ( Justiça e Cultos )
Basílio Teles ( Finanças )
Bernardino Machado ( Estrangeiros )
António Luís Gomes ( Fomento )
Coronel António Barreto ( Guerra )
Comandante Amaro de Azevedo Gomes ( Marinha )
Auto da Proclamação da República
Às duas horas da tarde, chegou a Mafra a notícia da proclamação da República. A revolução republicana triunfara. A Família Real dirigiu-se para a Ericeira e embarcou no iate real “Amélia” para Gibraltar , onde um barco de guerra inglês os transportou até ao exílio, em Inglaterra.
A bordo, o Rei D. Manuel II escreveu ao seu primeiro-ministro, e líder do Partido Regenerador António Teixeira de Sousa :
Meu caro Teixeira de Sousa,
Forçado pelas circunstâncias vejo-me obrigado a embarcar no iate real "Amélia". Sou português e sê-lo-ei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu País. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer! Viva Portugal! Dê a esta carta a publicidade que puder.”
Após o 5 de Outubro e a par da dissolução dos partidos monárquicos, e com a substituição dos símbolos da monarquia, foi substituída a bandeira portuguesa. As cores verde e vermelho significam, respectivamente, a esperança e o sangue dos heróis. A esfera armilar simboliza os Descobrimentos, os sete castelos representam os primeiros castelos conquistados por D. Afonso Henriques, as cinco quinas significam os cinco reis mouros vencidos por este Rei e, finalmente, os cinco pontos em cada uma as cinco chagas de Cristo. Esta bandeira foi uma adaptação da bandeira da Carbonária com a ajuda de Bordallo Pinheiro.
Foi criado o hino “A Portuguesa” , composto por Alfredo Keil, e letra de Henrique Lopes Mendonça tornando-se no hino nacional.
Após a aprovação da Constituição em 21 de Agosto de 1911, Manuel de Arriaga viria a ser eleito, em 24 de Agosto de 1911, como 1º Presidente da República Portuguesa.
A revolução saldou-se em algumas dezenas de baixas. O número rigoroso não é conhecido, mas sabe-se que, até ao dia 6 de outubro, tinham dado entrada na morgue 37 vítimas mortais da revolução. Vários feridos recorreram a hospitais e postos de socorros da cidade, alguns deles vindo, mais tarde, a falecer. Por exemplo, dos 78 feridos que deram entrada no Hospital de S. José, 14 faleceram nos dias seguintes
A I República, após mais de 40 governos e uma crise económica grave, seria deposta com o golpe militar de 28 de Maio de 1926, encabeçada pelo General Gomes da Costa, e que leva à demissão do então Presidente da República Bernardino Machado.
in:restosdecoleccao.blogspot.com
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