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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Animar as Gentes com o “ESFOLADOR DE BEIÇOS”

Olá familiazinha! Nesta última semana a temperatura subiu e não há novidades no que diz respeito ao líquido precioso vindo do céu. Por isso agora, nos escritórios da terra a maior preocupação é a rega, embora nalguns lugares a água já comece a escassear, como constatei na conversa com a tia Teresa, dos Alvaredos, do concelho de Vinhais que nos disse que as torneiras que existem na aldeia para a rega das hortas já estão fechadas por falta de água, mas nas habitações não falha. Claro que agora a agricultura está sedenta de água vinda do céu. Vamos esperar melhores dias, mas como diz a pastora tia Maria da Glória, de Vilar-Seco (Vimioso) tem chovido muito, mas é testa abaixo.

É bom saber que ultimamente alguns tios e tias da família do tio João já são assinantes do nosso jornal. Esperam pela quarta-feira para receber o Nordeste em sua casa, para estarem a par das notícias da nossa região e guardarem religiosamente a página do tio João, como nos contou tia Francisca Afonso, de Rebordãos (Bragança) que agora, com os seus 89 anos, é que tem tempo e ainda vista, graças a Deus, para ler o nosso semanário de uma ponta a outra e passar uma tarde bem passada. Uns puxam pelos outros e tenho a certeza que futuramente mais membros da nossa família vão ser assinantes.

Estamos preocupados com o nosso tio José Abílio, da Especiosa (Miranda do Douro) que há uns dias foi atropelado na sua aldeia e depois de ter estado no Hospital de Santo António, no Porto, está agora no Hospital de Bragança. Toda a família está a rezar por ele e que Deus nos ouça.

Hoje vou falar-vos dos nossos artistas do povo, mais propriamente dos tocadores realejo ou “esfola beiços”.

Quem escuta o nosso programa de rádio sabe que a única música que ouve é a feita em directo e ao vivo por quem nos telefona. Além das conversas diárias com os ouvintes, alguns rezam, cantam e tocam alguns instrumentos musicais, aos que chamamos artistas do povo. O primeiro artista do povo foi o nosso tio Físico, de Outeiro, que fez uma música para a família: “tios e tias desta região vamos lá falar para o Tio João”. Temos tocadores desde bandolim, viola, guitarra, piano, órgão, gaita de foles e também acordeão, concertina e realejo. Mas é o “esfola beiços” (harmónica) que é a rei.

Ao longo dos anos temos feito anualmente, no programa, a semana do realejo e raro é o dia que não temos uma “gaitada”. São muitos os tios e também algumas as tias que dominam o instrumento. Dos primeiros realegistas da família foi o tio Luís Pires, da Paradinha de Outeiro, hoje conhecido por tio Luís modinhas, que também pertence à classe dos “cantoneiros”, pois canta que encanta. Aqueles que actualmente mais nos tocam são o tio Artur e o tio Cassiano, de Carviçais (Torre de Moncorvo), o tio Domingos Meirinhos, de S. Martinho de Angueira (Miranda do Douro), o tio António Maria, de Genísio (Miranda do Douro), o tio Fontenete, de Vila Boa (Bragança), que tem um instrumento que parece a roda de um tractor, composto por seis realejos. Mas também o tio Horácio, de Rio Torto (Valpaços), o tio Delmino Vaz, de Grijó (Bragança), o tio Agostinho, de Paredes (Bragança) que nos toca em direito de La Rochelle, na França, António Machado, de Parada (Bragança), que festejou os seus 70 anos na passada segunda-feira, entre muitos outros que estão sempre dispostos a compartilhar essas bonitas melodias. Nenhum destes artistas aprendeu uma única nota musical do “tamanho de um comboio” mas, com o ouvido e hábito de tocar, tornaram-se verdadeiros artistas. Começaram quase todos quando eram jovens a tentar tocar e a dedicar-se ao realejo.

Antigamente os bailes que se faziam nas aldeias eram feitos com este instrumentos. Em qualquer lugar dava para bailar e muitos já sabiam que se tocassem tinham o par assegurado, pois todas as moças dançavam com o tocador, que tinha que dominar a gaita com uma mão e a dama com a outra. Contaram-me também que se faziam grandes bailes e destes resultavam alguns casamentos.

Que todos tenham muita saúde para nos continuarem a deliciar com as suas gaitas.

Tio João
in:jornalnordeste.com

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