Entre 2001 e 2011 só os Municípios de Vila Real e Bragança apresentaram valores de crescimento em termos demográficos. Valores relativos aos últimos censos mas que, segundo dados provisórios recentes, são números que têm vindo a alterar-se, revelando perda de população.
Segundo Paulo Reis Mourão, do departamento de economia da Universidade do Minho, esta é uma situação que pode ser alterada:
“Também temos sinais de esperança. Apesar desta perda populacional, é notório que há uma melhoria das condições de vida; no geral as pessoas vivem mais e melhor. Ainda assim, tem havida perda populacional para a região e com a consequência de que as partes mais rurais de cada Município sentem muito essa perda.
Atualmente, temos um ponto de situação que nos obriga a todos a refletir mas também a tomar medidas, porque muitas vezes ficamos com a ideia de que é uma tendência, um fatalismo. Há ciclos na região, e os da demografia são relativamente longos. Podemos estar a atingir um ponto mais crítico de alguma diminuição da população, mas é uma questão científica: vai chegar a um período em que a população vai crescer outra vez.”
E valorizar o interior é um dos aspetos mais importantes para reverter estes dados:
“Gosto de dizer que deveríamos premiar quem está, quem fica e quem chega para ficar. É importante reconhecer que quem fica, poderia ter saído, mas preferiram ficar. Esse tipo de exemplos deve ser mais divulgado e conhecido porque isso cria uma valorização em todos aqueles que ouvem. Um dos grandes problemas que temos é o preconceito que existe para com esta região. Os investidores nunca querem olhar para investimentos nesta região porque há argumentos preconceituosos em volta; quando se sentassem para fazer contas chegariam à conclusão de que aqui, nesta zona, teriam uma capacidade muito maior do que na maior parte dos espaços do Litoral.”
Declarações à margem da 21ª edição das jornadas culturais do Convento de Balsamão (Macedo de Cavaleiros), que este ano assentaram no tema: “População e património cultural”.
Um evento para continuar, refere Eduardo Novo, padre da congregação dos Marianos da Imaculada Conceição:
“Este ano celebramos as vigésimas primeiras, estas jornadas já atingiram a maioridade e é sempre de relevo esta oportunidade de reflexão e interpretação dos sinais dos tempos, especialmente relacionados com o nosso património, material e imaterial.
Uma das riquezas das jornadas culturais é esta capacidade de envolver as pessoas de vários lugares.”
As jornadas culturais começaram na passada quinta-feira e terminaram no domingo.
Escrito por ONDA LIVRE
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