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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Tratamento da diabetes: O que podemos aprender com os morcegos-da-fruta?

 Uma recente investigação da Universidade da Califórnia, em San Francisco, explica-nos como o estudo dos hábitos alimentares dos morcegos-da-fruta pode abrir portas a novos desenvolvimentos no tratamento da diabetes.

SHUTTERSTOCK / GRIFFIN GILLESPIE - O morcego-da-fruta jamaicano
alimenta-se sobretudo de frutos.

É sabido que, nos humanos, uma dieta muito rica em açúcares pode ter consequências nefastas para a saúde. A diabetes – que ocorre quando o organismo não consegue produzir ou utilizar correctamente a insulina, a hormona responsável pela regulação dos níveis de glicose no sangue – é uma delas.

Segundo estatísticas recentes da Federação Internacional de Diabetes, em 2021 esta doença foi responsável por mais de 6,7 milhões de mortes. A mesma instituição assinala também que um em cada 10 adultos do planeta sofre desta condição e prevê que a diabetes afecte quase 800 milhões de pessoas até 2045. 

Porém, nem todos os animais, quando seguem uma dieta "açucarada", enfrentam os mesmos problemas dos humanos. É o caso de uma das espécies sobre a qual um recente estudo da Universidade da California, em San Francisco, se debruçou.

SHUTTERSTOCK / DANIEL BECKEMEIER - A insulina mantém o controlo no sangue do açúcar ingerido através dos alimentos. Quando esta hormona natural deixa de ser produzida pelo pâncreas, a pessoa com diabetes pode receber uma versão artificial como tratamento.

Segundo Nadav Ahituv, o líder da equipa responsável por esta investigação e director do Instituto para a Genética Humana desta universidade americana, "na diabetes, o organismo humano não consegue produzir ou detectar insulina, levando a problemas no controlo do açúcar no sangue, mas os morcegos-da-fruta possuem um sistema genético infalível no controlo do mesmo. Gostaríamos de aprender com ele, para desenvolver melhores terapias para as pessoas".

Neste estudo, foram comparadas, a nível celular, amostras provenientes de duas espécies com hábitos alimentares distintos – nomeadamente o frugívoro Artibeus jamaicensis, ou morcego-da-fruta-da-Jamaica, e o insectívoro Eptesicus fuscus, o morcego-castanho-grande. Com que objectivo? O de identificar diferenças relativas a componentes celulares e de expressão genética (que genes estão a ser expressos e em que quantidades) e consequentes consequências no metabolismo dos açúcares. Em que o metabolismo destes animais difere do nosso e como conseguem os primeiros evitar os efeitos mais nefastos da sua dieta extremamente rica em açúcares eram outras duas questões que a equipa de Ahituv queria ver respondidas.

Ao contrário de estudos anteriores, que apenas tratavam de observar a expressão de um gene ou conjunto de genes, este foi mais abrangente e sistemático, ao mapear que tipo de células se encontrava em cada tecido e que genes estavam a ser expressos. A investigação focou-se particularmente nas células renais e pancreáticas, peças fulcrais no metabolismo dos açúcares.

OS RESULTADOS 

Enquanto as células do morcego-castanho-grande expressaram mais genes conotados com o processamento de proteínas, as células do morcego-da-fruta expressaram uma série de genes não só conotados com o processamento de açúcares como, curiosamente, também uma série de genes conotados, em humanos, com a diabetes melitus. Entre estes, genes que diminuem a reabsorção de água a nível renal, mas também genes responsáveis pela regulação rápida de níveis sanguíneos de açúcares (inclusive mais célere do que os presentes na espécie insectívora). De particular interesse, conta-se a expressão de genes que protegem contra a destruição de tecidos pela diabetes e genes que codificam hiperinsulinismo.

Alegadamente, a capacidade destes animais de resistirem à diabetes dever-se-á não a uma característica ou características únicas do seu organismo, mas sim a um processo evolutivo que selecionou contrapartidas fortes para as consequências desta dieta.

Estes resultados têm implicações relevantes para o tratamento da diabetes em humanos e abrem a porta ao desenvolvimento de novas terapias genéticas focadas nos genes equivalentes na nossa espécie, que poderão um dia fazer parte de uma solução no combate à síndrome metabólica e à própria diabetes.

António Matos

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