Durante décadas, Bragança e todo o Nordeste Transmontano têm sido sistematicamente esquecidos pelo poder central. Enquanto Lisboa concentra investimentos, recursos e oportunidades, o interior profundo é deixado a definhar. Este abandono não é recente, é uma ferida aberta que se prolonga há gerações, alimentada por promessas vazias e políticas centralizadoras que ignoram as necessidades reais da população transmontana.
Exigimos aquilo que nos foi negado:
- Infraestruturas de qualidade, a começar por uma ferrovia digna desse nome, que nos ligue ao resto do país e à Europa. O encerramento da linha do Tua mostra bem a prioridade que nos foi dada. Nenhuma.
- Investimento sério na saúde pública. Não aceitamos mais hospitais sem meios, centros de saúde encerrados e a escassez crónica de médicos. A saúde é um direito constitucional, e Bragança não é menos Portugal do que qualquer capital de distrito litoral.
- Ensino superior e investigação com financiamento digno. A presença do IPB é uma âncora para a região, mas falta vontade política para transformá-lo num verdadeiro polo de inovação, capaz de fixar jovens e atrair talento.
- Apoio real à agricultura, à pecuária e às florestas. Os nossos agricultores são heróis silenciosos, mas continuam asfixiados por burocracias, preços injustos e políticas agrícolas desenhadas em gabinetes a centenas de quilómetros de distância.
- Políticas públicas que combatam ativamente a desertificação. Bragança não precisa de caridade: precisa de justiça territorial. Precisamos de incentivos sérios para quem quer viver, investir e trabalhar aqui. Precisamos de uma discriminação positiva efetiva, com benefícios fiscais, apoios à instalação de empresas e acesso equitativo a serviços públicos.
Não somos paisagem para postal turístico nem cenário para promessas eleitorais. Somos povo, cultura, identidade e força. O Nordeste Transmontano tem dado tudo ao país: gente trabalhadora, tradição, recursos naturais, património imaterial. E em troca, o que recebemos? Estradas por acabar, serviços a encerrar, jovens a emigrar e aldeias a desaparecer.
Chega de discursos vazios. O interior não é uma terra esquecida, é uma terra traída. Mas quem cá vive continua com orgulho, força e uma identidade que o tempo não apaga. Agora, exigimos aquilo que nos foi negado: respeito, igualdade e justiça.
Exigimos um plano estratégico nacional para o interior. Exigimos voz, investimento, respeito e futuro.
Porque o futuro de Portugal também se constrói em Bragança.
Porque Bragança não pede favores. Bragança exige o que é seu por direito.


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