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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

OS FIDALGOS - MASCARENHAS

 
Família Barrosos

Transcrevemos em seguida a carta de brasão de armas concedida a Francisco Xavier Barroso de Sousa, que se encontra em poder da família Barroso, de Travanca, concelho de  Macedo de Cavaleiros, descendente do agraciado.
Como todas as Cartas de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia estão redigidas  formulário, variando apenas os nomes das pessoas agraciadas e respectivos ascendentes, transcrevemos esta na íntegra para se poder ajuizar das suas fórmulas tabeliónicas.
Das outras daremos somente a genealogia das pessoas nelas mencionadas.
Quanto à sua descrição bibliográfica, visto também todas elas serem idênticas no papel (pergaminho), iluminuras de tarjas, letras capitais ebrasão, divergindo apenas no número de  fólios, igualmente nos abstemos de repetir essa descrição que já se encontra em Chacim, 5º.
«Portugal – Rey de Armas P. A. L.ª. Nestes Reynos e Senhorios de Portugal pelo muito Alto muito Poderoso e Fidelissimo Dom José Nosso Senhor por Graça de Deus Rey de Portugal, e dos Algarves d’aquem edalem mar, em Africa senhor da Guiné da cõquista, navegação comercioda Etheopia, Arabia, Persia, e da India etc.
Faço saber a todos os que esta minha carta de Brazão de Armas de nobreza, e fidalguia de linhagem digna de fé, e crença, virem, que neste Juizo de Nobreza me fez petição por escripto Francisco Xavier Barroso de Souza morador no lugar de Val de Madeiro, termo da villa de Mirandella, seisto administrador da casa e Morgado, de Santo Antonio do lugar de Mascarenhas, dizendo nella que elle suplicante he filho legitimo de Manoel Mendes Alvares Moreno e Sousa, quinto administrador do dito morgado, e de sua mulher D. Izabel Barroso de Sousa: Neto pela parte Paterna de João Alvares Moreno de Sousa, capitão de Auxiliares, quarto administrador do referido morgado: Bisneto de Francisco Alvares de Sousa Sarmento, cavaleiro da Ordem de Christo, tenente de cavallos na guerra da Acclamação, terceiro administrador: terceiro neto de Joaquim de Sousa Sarmento, governador que foy do castello de Outeiro.
E pela Materna, que he neto de Sebastião Barroso, capitão de Infantariade Ordenanças de Mirandella e de sua mulher D. Maria Teixeira, que he filha de Alvaro Annes de Sousa, capitão de Infantaria de Bragança e de sua mulher D. Joaquina Teixeira de Mendonça, filha de Francisco Pinto Teixeira, cavalleiro da Ordem de Christo e o dito Alvaro Annes de Sousa era filho de Antonio Barroso de Sousa, Governador, que foy, de Caboverde, e terceiros Avós do suplicante.
Os quaes todos foram muito nobres, e por taes conhecidos na Provincia de Tras os montes, onde viveram e descendiam do verdadeiro tronco das nobres e antigas linhagens dos Sousas Xixorros, Sarmentos, Barrosos, e Teixeiras, que neste Reyno de Portugal são fidalgos de Linhagem, Cottade Armas, e de Solar conhecido, e lhe pertenciam directamente as proprias das suas famílias, sem que em algum delles houvesse labeo de Judeu, ou Mouro, ou de outro sangue infecto que pudesse por nodoa na sua fidalguia, nem fama ou rumor em contrario, que todos forão servidos honrradamente e á ley da nobreza, com Armas, cavallos e creados, e tudo o mais necessario ás suas pessoas, como á qualidade de sua fidalguia convinha; pelo que me pedia lhe desse carta de Brazão cõ as Armas que lhe pertencião pela referida família de seus Avós, na forma do estillo, para poder usar dellas em todas as partes, e onde o costuma fazer a Nobreza e gozar das liberdades concedidas ás linhagens a que pertencem.
E vista por mim a dita sua petição e sentença de justificação a ella junta proferida pelo Dezembargador José Ferreira de Moura, Corregedor do Civel da Corte e Casa da Supplicação em dez de Mayo deste presente anno de mil setecentos cincoenta e outo, escrita por João Gonçalves da Costa, Escrivão do dito Juizo, por ella me constou haver o suplicante justificado com testemunhas tudo o sobredito; a qual fica conservadano cartorio da  Nobreza em poder do Escrivão delle, que ante mim serve, e por quem esta vay sobrescita e porque o suplicante tem mostrado sua nobreza, e fidalguia de seus progenitores e requer este Brazão para conservação da sua nobreza, e da memoria de seus antepassados busquei os livros dos Registos das Armas da Nobreza, e Fidalguia destes Reynos que em meu poder estão, e nelles achei os que pertenceram ás nobres e antigas linhagens dos Sousas, Xixorros, Sarmentos, Barrosos e Teixeiras na forma que lhas dou illuminadas, nesta Carta com as mesmas figuras, cores, e metaes, segundo as regras do nobre oficio da Armaria, a saber.
Hum escudo escuartellado no primeiro quartel as Armas dos Sousas Xixorros... (299):  no segundo quartel as Armas dos Sarmentos...; no terceiro as dos Barrosos...; e no quarto as dos Teixeiras... Elmo de prata aberto guarnecido de ouro Paquife dos metaes, e cores das Armas, timbre o dos Sousas, que he hum leão das Armas e por differença uma brica vermelhacom hum trifolio de prata.
O qual escudo eu Pedro de Sousa Rey de Armas Portugal, e Principal com o poder de meu muito nobre e Real officio lhe dou para delle uzar nos seus Reposteiros, Sinetes,  casas, portadas de quintas, capellas e mais edificios da sua fundação e deixallas sobre sua sepultura como costumão os Fidalgos deste Reino. E requeiro a todos os Dezembargadores,  Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes e a todas as mais justiças de sua Magestade, da parte do mesmo Senhor e da minha em virtude do officio que tenho e em especial mando aos officiaes da Nobreza Reys de Armas, Armas Arautos, e Paçavantes, que agora são e ao diante forem, deixem trazer huzar ao suplicante as ditas Armnas e hozarem dellas em todos os actos acima referidos e cumprão, e fação dar o devido e inteiro cumprimento a esta minha carta, e certidão de Brazão de Armas, que mandei passar, e para firmeza feé e testemunho della vay por mim assignado como nome do meu Real officio.
Dada nesta Corte, e sempre Leal Cidade de Lisboa aos seis dias do mes de outubro do anno do Nacimento de Nosso Senhor Jeusus Christo de mil setecentos e cincoenta e outo.
Frey Manoel de Santo Antonio da Ordem de S. Paulo a fez, por especial Provisão de sua Magestade que Deus Guarde.
Eu Rodrigo Ribeiro da Costa, escrivão da Nobreza nestes Reynos e Senhorios de Portugal e todas as suas conquistas por sua Magestade que Deus Guarde Portugal Rey de Armas.
Fica Registado este Brazam no Cartorio da Nobreza no Livro 2 a folhas 2.» (300).
1º FRANCISCO XAVIER BARROSO DE SOUSA, a quem foi concedida a carta de brasão de armas, sexto administrador do morgadio de Santo António de Mascarenhas.
Descendência:
2º D. MARIA ANGÉLICA DE SOUSA BARROSO, que casou com António Aires de Sá Pinto, capitão-mor de Mirandela, terceiro morgado de Quintas, onde residiu, tinha casa brasonada no concelho de Mirandela.
Descendência:
3º ANTÓNIO LUÍS DE SOUSA PINTO BARROSO, quarto morgado de Quintas, oitavo administrador da casa e morgadio de Santo António de Mascarenhas, que casou com D. Maria Emília de Sampaio e Melo, natural deAnsiães, da família do vice-rei da Índia, Lopo de  Sampaio.
Descendência:
4º ANTÓNIO ALEXANDRE PINTO BARROSO, bacharel formado em direito, que casou com D.Maria Amália Gomes de Magalhães Pegado, natural de Roios, concelho de Vila Flor, irmã de Constantino José de Magalhães Pegado, rico proprietário que reside solteiro em Roios, onde nasceu a 23 de Junho de 1851, sendo seu padrinho de baptismo Constantino José Marques, o célebre Rei dos Floristas, que residia em Paris, representado pelo seu procurador José António Pegado de Oliveira, natural da Mogadouro.
Descendência:
I. Álvaro Pegado de Sousa Barroso (5º, adiante citado).
II. Alexandre Carlos de Sousa Barroso, que casou em Rio Torto, concelho de Vale Passos, com uma senhora dos Morais Pimentéis, morgados daquela povoação. Sem geração.
III. D. Maria Angélica de Sousa Barroso, que casou com o conselheiro Francisco Xavier de  Moura Carvalhais, a quem nos referiremos adiante,avós maternos do falecido agrónomo José  António de Moura Pegado, de quem trataremos no volume consagrado aos escritores.
5º ÁLVARO PEGADO DE SOUSA BARROSO, que nasceu em Roios, concelho de Vila Flor, foi governador substituto do distrito de Bragança em 1907, rico proprietário em Travanca, concelho de Macedo de Cavaleiros, onde reside.
Fez transportar, em 1904, da casa morgadia de Mascarenhas pedra de armas dos seus ascendentes e colocou-a na fachada do palacete de Travanca.
Casou em Calvelhe, concelho de Bragança, em 1883 com D. Ana Augusta da Silva Reimão de Meneses Falcão, que tinha pedra de armas em Vale de Lagoa, concelho de Mirandela.
Descendência:
I. Amador Álvaro Pegado de Sousa Barroso, bacharel formado em direito, que casou com sua prima D.Maria Beatriz Aragão Lobo, de Freixiel.
II. D. Maria Beatriz Pegado de Meneses Barroso.
III.D. Teresa Pegado de Meneses Barroso, viúva de seu primo José António de Moura Pegado, agrónomo, atrás citado, falecido em Travanca, concelho de Macedo de Cavaleiros, a 16 de Maio de 1924.
IV. D.Maria Fábia Pegado Mendes Barroso.
V. António Alexandre Pegado Mendes Barroso, agrónomo.
6 ° D. MARIA AMÁLIA GOMES DE MAGALHÃES PEGADO (ver 4º, atrás citado), era filha de Manuel Gomes da Silva Pinto de Magalhães, natural de Roios, concelho de Vila Flor, e de D. Maria Cândida Pegado de Oliveira, natural do Mogadouro.
Estas famílias Pegado de Oliveira e Pinto de Magalhães tinham pedra de armas em Lodões, Junqueira da Vilariça e Mogadouro.
Neta paterna de Pedro Gomes da Silva e Matos, fidalgo da Casa Real, cavaleiro e comendador da Ordem de Cristo, alcaide-mor de Braga, e de D.Maria Angélica de Magalhães Pinto [filha de Manuel António de Magalhães Pinto, senhor da casa de Carvalhais, concelho de Mirandela e da de Roios, segundo dizem outros genealogistas].
Bisneta paterna de Manuel Gomes da Silva e Matos, fidalgo da Casa Real, cavaleiro e comendador da Ordem de Cristo, e de D. Francisca Teresa da Silva e Matos, de Braga,  filha de Manuel António de Magalhães, cavaleiro da Ordem de Cristo e de D. Caetana da Conceição Morais Pinto, naturais da Junqueira da Vilariça.
Neta materna de José António Pegado de Oliveira, fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, comendador da Ordem da Conceição, e de D. Josefa Emília Seabra  Sousa Lobo(301).
Bisneta materna de Martinho Caetano Pegado de Oliveira, natural do Mogadouro, fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, mestre de campo de milícias de Miranda do Douro, e de D. Maria Caetana da Conceição Marcos Pinto, de Moncorvo, filha de António de Seabra da Mota e Silva, cavaleiro da Ordem de Cristo, corregedor da comarca de Moncorvo, e de D.  Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto(302).
Entre vários documentos existentes no arquivo da família Barroso, em Travanca, concelho de Macedo de Cavaleiros, conservam-se algumas cartas dirigidas a Jacinto Venâncio de Meneses Sarmento, membro desta família, durante as guerras da Patuleia ou Maria da Fonte, umas para Rio Torto, concelho de Vale Passos, e outras para Travanca, das quais damos um extracto, por respeitarem à história do distrito de Bragança.
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(299) Como damos noutra parte a descrição das armas por apelidos, abstemo-nos de fazer aqui essa descrição.
(300) Sanches de Baena, no Arquivo Heráldico Genealógico, p. 222, dá o extracto desta carta, mas diz que está registada no Cartório da Nobreza, livro particular, fol. 118.
(301) Irmã do grande jurisconsulto, alma jurídica do Código Civil português, Visconde de Seabra, dizem outros apontamentos genealógicos que tenho, e também que D. Ana Pegado, irmã de José António Pegado de Oliveira (acima citado), casou com... Moura, governador  civil do Porto, irmão do ministro... natural de Vila Nova de Foz Côa e que foi mãe da primeira baroneza do Mogadouro.
(302) Todas estas notícias referentes a D. Maria Amália Gomes de Magalhães Pegado e seus ascendentes constam da certidão de idade de seu irmão Constantino José, que se encontra no respectivo livro de baptizados de Roios referente ao ano de 1851, fol. 94, já publicada por MENERES, Alfredo – Carvalhais – Traços históricos, p. 132.
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A primeira com a data de 20 de Setembro de 1845, é-lhe dirigida de Anelhe (Chaves) por J. L. (ou Q. não se percebe bem, pois as duas iniciais, verdadeiras ou supostas, estão enlaçadas e pouco distintas) e diz:
«Hé porem certo, que os Liberais Chamorros estão em grande desavença huns com outros. De Lisboa tive avizo dos Agentes de que lá está tudo em boa harmonia, e já teremos dinheiro, que nos for mister para tudo. Já estou em correspondencia com o José Cardoso, que está pronto, e he capaz, como V Ex.ª sabe, pois que o Visconde da Azenha nos falhou.
Quem tal diria? comque ainda não perco as esperanças de que este anno possa ter logar o que desejamos... estou em correspondencia com Lamego, e Guarda, e Braçal, com o Brigadeiro Magalhaens».
A segunda, com data de 6 de Dezembro de 1846, é-lhe dirigida de Bragança pelo brigadeiro António Lobo da Silva e diz:
«Tendo eu convocado os officiaes que julguei muito capazes – que são Damião José de Mattos Pimentel – tenente coronel de cavallaria, Antonio da Praga – capitão de cavallaria –Francisco Pires, tenente de infantaria – Antonio Manoel Catallão tambem tenente, e Francisco José Garcia proprietario,a fim de combinarmos sobre a maneira porque possamos com
toda a segurança trabalhar para a nossa Causa, julgamos que V. S.ª tenha a bondade de ir pessoalmente ter huma intrevista com S. Ex.ª o Sr. General Makedonell, afim de que este (se hé veridico o ter força Armada), e que possa dispor de alguma, para vir a esta cidade a coadjuvarnos, para fazermos aqui a Acclamação, e transmetirnos Polvora, e balla, e podendo
ser tambem recursos pecuniarios, bem como algumas Armas, para podermos formar alguns Batalhões, pois julgamos que podemos contar com bastantes homens; e tambem há aqui bastantes cavallos de particulares, e tambem há 30 de cavallaria 7, que talvêz se possa hum Esquadrão.
O Snr. tenente Francisco Pires, hé o pertador desta declaração por ser capaz e V. S.ª de viva voz pode ilucidallo em tudo quanto julgar ser util enecessario.
Este mesmo official vae encarregado de ir saber de umas poucas de Armas, que ha tempos nos offerecerão.
Cabendo no possivel, depois do regresso de V. S.ª de ter fallado com o Snr. General, o vir a hum povo, que julgar conveniente, eu irei tambem para combinarmos».
Esta carta é assinada por todos os oficias nela mencionados, bem como pelo proprietário Francisco José Garcia.
A terceira, com data de 24 de Dezembro de 1846, é-lhe dirigida de Guimarães, pelo quartel-mestre general Vitorino José da Silva Tavares, e diz:
«Mando-lhe, por ordem de Reinaldo Macdonell general em chefe do exercito realista portuguez que com toda a gente armada que V. Ex.ª poder reunir de todas as armas se approxime a Villa Real para coadjuvar a Reclamação dos Direitos de El Rei, hindo de combinação com o Brigadeiro Luiz de Figueiredo Araujo e Castro, que alli se deve achar, ou aonde o portador desta disser».
Há também o diploma seguinte que é interessante para julgarmos de como a conspirata marchava e da nobreza de proceder de seus membros.
Diz ele:
«Achando-me nomeádo por Sua Magestade Fidelissima, El Rey, o Senhor D.Miguel 1º (que Deos Guarde) Seu General em Cheffe, e Director Militar Independente neste Reyno de Portugal, para a Restauração, de Seu Throno, que lhe fôra usurpado por huma facção liberticida, nomeio o coronel Jacintho Venancio de Meneses Sarmento, Brigadeiro dos Reaes
Exercitos, esperando do seu conhecido zello, e pericia militar, que tomando na mais seria consideração o triumpho da Causa do Altar, e do Throno, sobre a da usurpação e impiedade, se empenhe com todas as forças, para formar Esquadroens de Cavallaria, na Provincia de Traz-os-Montes, ficando authorizado não só, para a organização dos mesmos Esquadroens, mas tambem para nomear todos os seus officiaes, que hajão de ser por mim confirmados, tendo por muito certo, que por sua intrepidez,e patriotismo, acompanhado de um comportamento generoso, na protecção da pessoa, e propriedade individual, qualquer que tenha sido a conducta passada, será o melhor incentivo para o desenvolvimento dos Povos, e seu corajoso empenho na defeza dos Sagrados Direitos da legitimidade.
Quartel General em Guimarães 28 de Novembro de 1846. O General em chefe e Director militar Reinaldo Macdonell».
A parte grifada é toda escrita por Macdonell(303).

Solar dos Mascarenhas

«Pedro Fernandes de Bragança, que tambem se apelidou de Laedra, em razão de que ficando esta cidade à infanta sua madrasta deixou o primeiro apelido, que depois usarão alguns seus descendentes, e tomou o segundo das terras em que ficou patrimoniado, e forão do senhorio de seu pai Fernão Mendes. Uma destas foi terra de Laedra e pertencia ao destrito desta cidade; não ha hoje memoria desta denominação, mas acho se incluia nas vilas de Sezualfe, Mirandela e Torre de D. Chama, que ainda teve uma aldeia chamada Fornos de Laedra.
... A vila de Mirandela, antigamente chamada Cabeços de S.Miguel, e el-rei D. Dinis melhorou de sitio, e parece se lhe impos o nome diminutivo de Miranda, que pelo mesmo tempo se lhe levantava o castelo e muros; e na semelhança de que a esta se avesinha o Douro e a Mirandela o famoso rio Tua, mas com vantagens de paiz mais fertil, e nenhuma na
bondade das aguas.
Foi a vila de Mirandela de terra de Laedra, e no seu termo ha uma aldeia que se chama Vilar de Ledra de que parece se denominou a terra de Leedra que ficou a Pedro Fernandes, e da família dos Braganções uns ficaram em esta cidade, e outros em terra de Leedra dos quais tras tambem origem o ilustre solar dos Mascarenhas em uma aldeia assim chamada no termo de Mirandela, cuja igreja dizem fundara Estevão Anes de Bragança que parece ser irmão de Urraca Anes, mulher de Estevão Rodrigues, a quem el-rei D. Sancho 2º fez senhor de Mascarenhas, e este filho de Rodrigo Fernandes, ou Mendes da mesma linhagem  dos Braganções; e que este tão nobre solar se deduzisse dos Braganções se mostra da escritura de composição feita por ordem del-rei D. Diniz com os fidalgos de Mascarenhas, a saber Afonso Lourenço, cavaleiro de Mascarenhas e sua mulher Urraca Anes, o qual era neto de Estevão Rodrigues, como tambemMartim Vaz Mascarenhas e concorreram juntamente outros fidalgos que viviam nesta cidade, como eram Afonso Rodrigues com procuração de sua  mulher Maria Pires e de sua mai Urraca Garcia, Afonso Mendes com procuração de sua mulher Tereza Pires, Pedro Fernandes e sua mulher Sancha Pires, Afonso Hermiges e sua mulher Maria Pires que todos eram dos Braganções, de que se prova serem todos da mesma família, pois concorriam com igual ação no contrato; e a escritura está na Torre do Tombo no primeiro livro del-rei D. Diniz, a fol. 174 e a traz Brandão na 5ª parte fol. 323 e que Afonso Lourenço fosse tambem neto de Estevão Rodrigues consta do livro primeiro de honras e doações de leitura nova, fol. 122, que alega Brandão supra L. 17 p. 2, fol. 173 verso.
O Marquez de Montebelo em as Notas ao Conde D. Pedro, plana 262 diz que é opinião que de um descendente de D. Gueda que vivia no lugar de Mascarenhas, vem os desta familia. Pedro Martins, seu descendente casou nesta cidade diz o Conde D. Pedro, Titulo 30. Nº 18, mas sempre Estevão Rodrigues é mais antigo e muito melhor se povou (sic) Mascarenhas
porque Pedro Martins, quando muito póde ser do tempo del-rei D.Afonso 3º e as mulheres dos fidalgos sobreditos seriam filhas deste, que todos tem o patronimico de Pires e se verefica a opinião pois tudo concorre no mesmo tempo.
Bem sei que o esplendor dos Mascarenhas é tão grande que não necessita destas congeturas, ainda que bem fundadas, mas ficará esta cidade com a certeza de que a sua antiga nobreza se ilustra com o nobre sangue dos Mascarenhas e de D. Gueda.
Afonso Rodrigues era procurador del-rei em terra de Bragança e deMiranda e tinha o titulo de que naqueles tempos senão dava senão a fidalgos de grande qualidade e da primeira nobreza do reino, como se vê da Cronica del-Rei D. Pedro e do mais que diz a Nobiliarquia
Portugueza, fol. 118» (304). [18]
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(303) Ver a propósito das guerras da Patuleia no distrito de Bragança o volume I, p. 207 e seguintes, destas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança.
(304) BORGES, José Cardoso – Descrição Topográfica da Cidade de Bragança, notícia X, fol. 214 (mihi).
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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