A identidade de uma região constrói-se a partir do seu território, da sua memória e da forma como as pessoas vivem e se relacionam com os espaços que habitam. Em Bragança, a reabilitação urbana e a valorização do património rural são fundamentais para garantir um futuro sustentável, coeso e com qualidade de vida.
A paisagem transmontana está profundamente marcada por aldeias históricas, casas de pedra com valor arquitetónico, castelos e igrejas que testemunham séculos de vida comunitária. No entanto, muitos desses espaços enfrentam o abandono, o envelhecimento ou a ruína. É urgente implementar políticas de recuperação do património urbano e rural, não apenas como ato de conservação cultural, mas como estratégia de desenvolvimento territorial.
A reabilitação de habitações tradicionais e núcleos urbanos e rurais deve ser acompanhada de incentivos à fixação de população e à instalação de pequenos negócios, turismo sustentável, oficinas de artesanato, restauração, agricultura de proximidade, respeitando a autenticidade dos lugares.
Sem gente, não há reabilitação possível. Para inverter o ciclo de despovoamento, é essencial criar condições para que os jovens possam viver e trabalhar em Bragança e nas freguesias rurais. Isso implica apostar num plano sério de habitação a custos controlados, com foco na reutilização do edificado existente.
Os incentivos municipais e nacionais devem ser reforçados, quer através de programas como o 1.º Direito, quer por medidas locais que isentem taxas urbanísticas, facilitem projetos de autoconstrução e apoiem o arrendamento jovem. Mais do que construir de novo, é urgente dar nova vida ao que já existe.
Uma cidade (ou aldeia) reabilitada não se resume a fachadas recuperadas, precisa de vida quotidiana, comércio, serviços públicos e espaços de encontro. A revitalização do espaço público é crucial. Praças, largos, jardins, percursos pedonais e cicláveis devem ser pensados como locais de convivência e bem-estar.
A reabilitação deve caminhar lado a lado com o reforço dos serviços de proximidade, como postos de saúde, transportes locais, creches, escolas e centros culturais, especialmente nas freguesias mais afastadas. Só assim se garantirá uma verdadeira coesão territorial.
Bragança tem um património urbano e rural valioso, mas também uma oportunidade histórica, transformar a herança construída em base para um novo ciclo de desenvolvimento. Apostar na reabilitação, na habitação acessível e na revitalização do espaço público é apostar num território com futuro, onde a memória e a inovação caminham lado a lado.
Reabilitar é cuidar do passado, sim. Mas, sobretudo, é construir o lugar onde queremos viver amanhã.


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