Petição para salvar uma das mais originais festividades
Um cidadão de Maçores, no concelho de Torre de Moncorvo, lançou uma petição para que as músicas associadas às comemorações do S. Martinho, uma tradição muito enraizada naquela aldeia, sejam gravadas. O documento vai ser enviado à junta de freguesia, à Câmara, ao Ministério da Cultura, ao Governo e ao Presidente da República. O responsável quer alertar as entidades de que a aldeia possuiu temas musicais, entoados pela população de Maçores que constituem um património cultural de interesse elevado e de preservação obrigatória.
O objectivo da petição de Filipe Camelo prende-se com a necessidade de salvaguardar aquele património imaterial, nomeadamente a letra, a música, o timbre e o compasso, factores musicais que à excepção da primeira estão a perder-se. Filipe Camelo considera de todo o interesse, “que se procure efectivar o registo fonográfico, através da gravação desses temas, em formato próprio, melhor sendo em CD”, o que permitiria chegar junto dos naturais e descendentes de Maçores, que ao ouvir os temas gravados em qualquer parte do mundo, acabariam por ficar, mais enraizados e cientes das matérias culturais que são oriundas das suas origens. “Ganharíamos bastante em perpetuar o que é nosso”, defende. O autor da petição está à procura de apoio para a execução do projecto e estabelece como meta a gravação de 500 (quinhentos) CD contendo os temas musicais que são entoados por ocasião das tradicionais festas em honra de S. Martinho. A tradição de comemorar o S. Martinho em Maçores é muito conhecida por ser das mais originais na região.
O principal dia das festividades será amanhã dia 12. Tudo começa com a chegada do gaiteiro, uma presença assinala com o lançamento de foguetes. À espera dele estarão aproximadamente 12 a 20 homens, que com uma caldeira de zinco, pendurada no meio de uma vara, aguardam-no para entoarem as três principais melodias, hinos locais e para seguidamente, darem a volta à aldeia toda, de adega em adega a encher o "lato" (caldeira). “Depois de cheio, novos e velhos provam o vinho. De joelhos no solo, arqueando-se sobre o corpo, introduz a cabeça no interior do aro da caldeira e mergulhando os lábios no espelho do vinho, sorve o líquido. Durante a tarde, o povo reúne-se no Largo da Fonte para elaborar o também tradicional magusto comunitário”, descreve. As castanhas são assadas numa cama de palha ‘triga’ em colmos. Assam-se as castanhas e o povo come.
Logo que haja cinza começa a brincadeira e não há quem não seja tisnado. “Dessa forma, novos e velhos, ricos e pobres, feios e elegantes, possam estar todos à mesma altura de beleza, ao mesmo modo de apresentação”, explica Filipe Camelo.
“Findo o Magusto, percorrem-se novamente as artérias da aldeia, ao som das melodias entoadas pelas roucas vozes masculinas, descompassadas e destemperadas, acompanhadas pela inseparável presença da gaita de foles, a par e ao lado da caldeira, na qual nunca o vinho se termina, onde mais uma vez, novos e velhos, desta vez carregando ao ombro sacos com castanhas, distribuem-nas àqueles que por muitas impossibilidades, não puderam estar presentes no magusto”.
in:mdb.pt
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