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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 13 de novembro de 2011

O "BONECA"

O Fervença possuía uma crosta de gelo que permitia o deslizar das pedras enviadas de cá de cima do jardim.
Um homem tiritando de frio apanhava beatas junto ao café Poças.
Suspendi o lançamento das pedras para o observar. “É o Boneca” segredou-me um companheiro de folguedo. Possuía ombros largos, envergava roupa enfiapada, doente de nódoas e com sorridentes rasgões.
Na cabeça, uma boina vazia de cor, devido aos estragos do tempo. Aproximei-me. Dedos de prestidigitador faziam as priscas seguir rapidamente em direcção a um bolso da blusa de riscado. Sabendo-se observado, levantou bruscamente a cabeça e avançou na minha direcção.
Recuei apressadamente. Em tom seguro disse-me para não temer. Parei, olhei fixamente o carão a poucos metros de mim.
Ele também olhou o menino de oito anos à sua frente. Eu não sei o que ele viu na minha cara; eu vi, e nunca
mais esquecerei um olhar doce, de suave milagre, um sorriso meigo, a fazer tremer a beata no canto da boca, a mostrar dentes separados e caiados de sujidade pelo esventrar contínuo de priscas atiradas ao chão por dedos alheios.
PS. Mais tarde, ouvi contar bizarras histórias dando relevo à força hercúlea do “Boneca”. Não entram neste apontamento.
O "BONECA" - 1950

in:Figuras notáveis e notórias bragançanas
Textos: Armando Fernandes
Aguarelas: Manuel Ferreira

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