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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 10 de março de 2013

Associativismo - enfoque no exemplo transmontano


Através do enfoque no exemplo transmontano, constatou-se que o associativismo regionalista português articula quatro dimensões principais (a assistencial, a social, a cultural e a política), frequentemente indissociáveis. 
Nesse sentido, cumprem distintas e complementares funções de teor mediador e integrador. Além disso, a proporção de cada qual varia no tempo e no espaço de inserção. Assim, a dimensão assistencial foi, inicialmente, muito premente (incorporando a matriz do associativismo primevo), sobretudo onde a imigração económica foi mais acentuada (é o caso do Brasil, mas também em Lisboa até à II guerra mundial).
Vinha amiúde combinada com uma vertente social, pelo convívio na sede, excursões, entretenimento, festas, formação. Esta, por sua vez, associou-se à dimensão cultural, na construção da regionalidade, através de conferências, exposições, na busca e divulgação de tradições populares regionais, reforçando-se assim a entreajuda, a confiança interpessoal e institucional, a identificação cultural e a intervenção pública.
Quanto às principais dimensões do capital social (Putnam, 2002: 9-11), o associativismo regionalista transmontano configura um caso relativamente híbrido.
Assim, ele promove o capital formal (assente em líderes reconhecidos, requisitos para filiação, encontros regulares, etc.), embora possibilite ambientes lúdicos mais próprios do capital informal (como o convívio num bar ou restaurante); combina uma sociabilidade densa com outra fluida, pois tanto permite um convívio regular quotidiano socialmente mobilizador e colectivamente protector como possibilita contactos esporádicos com amigos/ conhecidos e vantagens materiais (ver ex. luso-brasileiro); tem uma incidência interior, patente no seu carácter subétnico, ainda assim não descurando a filantropia, patente sobretudo no apoio material (dinheiro, roupas, resoluções burocráticas, agência de emprego, etc.); constitui ainda um capital social vinculativo (bonding), dada a premência das afinidades subétnicas (embora
entre os associados possam constar familiares africanos, americanos e outros, este enquanto sócios “honorários” ou “beneméritos”), mas também promovendo o cruzamento de distintos grupos socioeconómicos.
O capital social, ao materializar redes de associações empenhadas, estimulou grandemente a vocação reivindicativa junto das autoridades públicas, cuja permeabilidade foi qualitativamente inferior durante a ditadura, denotando uma resistência estrutural no relacionamento com o associativismo voluntário civicamente mais dinâmico.
O associativismo regionalista ligado à imigração para as grandes urbes também pretende valorizar os indivíduos que se inserem num contexto socio comunitário mais complexo: não é só uma questão reivindicativa ou de representação; os indivíduos que se unem em torno destas instituições, ao promoverem um certo regionalismo, estão também a defender-se a si próprios e a dar sentido às suas vidas, pois é um modo de conhecerem outras pessoas, de aprofundarem as suas identificações, de retirarem benefícios da rede de contactos de cada qual e de outras instituições em que os seus interlocutores estão inseridos.Em suma, contribui para a integração social e serve para aumentar o capital social de cada um, ao mesmo tempo
que reforça uma certa pertença identitária e que dá influência a uma comunidade subétnica relativamente delimitada. 
Tal tendência afigura-se tão mais central quanto mais distante se está do ponto de origem regional.
A componente política e cívica é, assim, estruturante: mesmo que a ideia de se resgatar uma autonomia político-administrativa para a região de origem não vingue, afirma-se um espaço de intervenção pública (influenciando a decisão pública, mediando interesses), reforçam-se os vínculos sociais e institucionais (integração e aprendizagem da actuação democrática) e promove-se uma identidade cultural mais complexa, que vai além do exclusivismo (nacional ou outro). 
Além disso, a união tem vindo a aperfeiçoar-se, globalizando a comunidade imaginada, possível pela consolidação das comunidades diaspóricas e das internas ao estado-nação, pelo reforço das plataformas unitárias (simultaneamente representativas e de pressão: federações, participação no Conselho das Comunidades Portuguesas), pela intensificação dos fluxos electrónicos e pelo carácter congregador de alguns destes fluxos (ver os sítios e portais específicos de internet).

Daniel Melo
AQUÉM DO MARÃO
O associativismo regionalista transmontano em Portugal e na diáspora

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