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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
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quarta-feira, 27 de março de 2013
Trás-os-Montes - Aldeias e vilas revivem tradições da Páscoa
Durante a semana que antecede a Páscoa, aldeias e vilas transmontanas revivem tradições cristãs e pagãs que remontam à época medieval, desde a procissão dos «sete passos», às vias-sacras, queima do Judas ou o enterro do bacalhau.
Alexandre Parafita, etnógrafo e professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), explica que «os autos da paixão, as endoenças e as vias-sacras traduzem cenários de luto, de reflexão dolorida, expressos dos tons roxos e negros das celebrações».
Em contrapartida, a «queima do Judas e o enterro do bacalhau representam impulsos eufóricos de catarse e libertação perante os constrangimentos quaresmais».
Alexandre Parafita salienta que a tradição dos «sete passos» mantém-se em Freixo de Espada à Cinta como «caso único no país».
Em plena escuridão e ao soarem as badaladas da meia-noite, dois homens encapuçados de negro arrastam pela calçada correntes de ferro, num ritual que prossegue com uma «velhinha» coberta por um negro manto e capuz, que transporta numa mão uma lamparina de azeite, um cajado e bota de vinho.
Mais comuns em Trás-os-Montes são, segundo o investigador, os autos da paixão, enquanto representações de teatro popular, que narram os últimos dias de Cristo, desde a traição até à morte e deposição na cruz, e envolvem dezenas de figurantes que representam, por exemplo, Cristo, Judas, Caifaz, Pilatos, Fariseu ou o Diabo.
Algumas aldeias, acrescentou, ainda conservam as 14 cruzes, ou cruzeiros, que representam as 14 estações que a via-sacra cumpre simbolizando o calvário de Cristo a caminho da crucificação.
No concelho de Vinhais, «a vida dos camponeses muda radicalmente a partir de Quinta-Feira Santa».
Segundo Alexandre Parafita, na aldeia de Espinhoso, ao meio-dia toca o sino e as pessoas param por completo de trabalhar mal ouvem soar a primeira badalada e, com excepção dos mínimos afazeres domésticos, ninguém trabalha na aldeia até sábado à mesma hora.
Em Vinhais está também «muito viva» a tradição das endoenças, um ritual que narra «a procura desesperada de Cristo por Nossa Senhora».
Em Montalegre, mantém-se a Queima de Judas, no sábado, 30 de Março, que antecede a Páscoa, uma tradição onde se representa o julgamento de Judas Iscariotes, por ter traído Cristo por «trinta dinheiros».
Já em Constantim, Vila Real, subsiste a tradição do «enterro do bacalhau», ritual que consiste em escoltar um «bacalhau enorme feito de cartão por militares, o qual, por sua vez, é julgado perante carrascos, juízes e advogados».
O castigo a incidir sobre o bacalhau simboliza a libertação dos constrangimentos da Quaresma, que não permitia o consumo de carne.
Por fim, no Domingo de Páscoa realiza-se o compasso, que se traduz num cortejo presidido pelo pároco que visita as casas dos fiéis dando a cruz a beijar e aspergindo com água benta os compartimentos.
Alexandre Parafita referiu ainda que a tradição gastronómica transmontana neste período incide sobre a confecção dos folares que, após o prolongado jejum da quaresma, aparecem recheados das melhores carnes.
Isto, apesar de se estarem a espalhar também pela região os novos hábitos «consumistas» dos ovos e coelhos da Páscoa.
Lusa
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