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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Trás-os-Montes - Aldeias e vilas revivem tradições da Páscoa


Durante a semana que antecede a Páscoa, aldeias e vilas transmontanas revivem tradições cristãs e pagãs que remontam à época medieval, desde a procissão dos «sete passos», às vias-sacras, queima do Judas ou o enterro do bacalhau.
Alexandre Parafita, etnógrafo e professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), explica que «os autos da paixão, as endoenças e as vias-sacras traduzem cenários de luto, de reflexão dolorida, expressos dos tons roxos e negros das celebrações».
Em contrapartida, a «queima do Judas e o enterro do bacalhau representam impulsos eufóricos de catarse e libertação perante os constrangimentos quaresmais».
Alexandre Parafita salienta que a tradição dos «sete passos» mantém-se em Freixo de Espada à Cinta como «caso único no país».
Em plena escuridão e ao soarem as badaladas da meia-noite, dois homens encapuçados de negro arrastam pela calçada correntes de ferro, num ritual que prossegue com uma «velhinha» coberta por um negro manto e capuz, que transporta numa mão uma lamparina de azeite, um cajado e bota de vinho.
Mais comuns em Trás-os-Montes são, segundo o investigador, os autos da paixão, enquanto representações de teatro popular, que narram os últimos dias de Cristo, desde a traição até à morte e deposição na cruz, e envolvem dezenas de figurantes que representam, por exemplo, Cristo, Judas, Caifaz, Pilatos, Fariseu ou o Diabo.
Algumas aldeias, acrescentou, ainda conservam as 14 cruzes, ou cruzeiros, que representam as 14 estações que a via-sacra cumpre simbolizando o calvário de Cristo a caminho da crucificação.
No concelho de Vinhais, «a vida dos camponeses muda radicalmente a partir de Quinta-Feira Santa».
Segundo Alexandre Parafita, na aldeia de Espinhoso, ao meio-dia toca o sino e as pessoas param por completo de trabalhar mal ouvem soar a primeira badalada e, com excepção dos mínimos afazeres domésticos, ninguém trabalha na aldeia até sábado à mesma hora.
Em Vinhais está também «muito viva» a tradição das endoenças, um ritual que narra «a procura desesperada de Cristo por Nossa Senhora».
Em Montalegre, mantém-se a Queima de Judas, no sábado, 30 de Março, que antecede a Páscoa, uma tradição onde se representa o julgamento de Judas Iscariotes, por ter traído Cristo por «trinta dinheiros».
Já em Constantim, Vila Real, subsiste a tradição do «enterro do bacalhau», ritual que consiste em escoltar um «bacalhau enorme feito de cartão por militares, o qual, por sua vez, é julgado perante carrascos, juízes e advogados».
O castigo a incidir sobre o bacalhau simboliza a libertação dos constrangimentos da Quaresma, que não permitia o consumo de carne.
Por fim, no Domingo de Páscoa realiza-se o compasso, que se traduz num cortejo presidido pelo pároco que visita as casas dos fiéis dando a cruz a beijar e aspergindo com água benta os compartimentos.
Alexandre Parafita referiu ainda que a tradição gastronómica transmontana neste período incide sobre a confecção dos folares que, após o prolongado jejum da quaresma, aparecem recheados das melhores carnes.
Isto, apesar de se estarem a espalhar também pela região os novos hábitos «consumistas» dos ovos e coelhos da Páscoa.

Lusa

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