A vila de Montalegre, conhecida como a «Capital do Misticismo», recebe a primeira de duas sextas-feiras 13 de 2013 com o espectáculo teatral «Magia da Lua Cheia», junto ao castelo, baseado no exílio amoroso de um Deus pagão. Figuras míticas como bruxas, diabos e mafarricos juntam-se à festa que preenchem todos os recantos da vila transmontana.
O calendário de 2013 foi «favorável» a esta vila de Trás-os-Montes, no distrito de Vila Real, e reservou-lhe duas daquelas datas associadas ao azar (Setembro e Dezembro), nas quais imperará a animação, originalidade, singularidade e a mistura entre o oculto e o profano.
O presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, afirmou que, à semelhança de anos anteriores, o investimento no evento é de 100 mil euros.
«É um investimento de risco zero porque tem retorno imediato para a população, produtores e empresários locais», disse.
Os visitantes, lembrou o autarca, quando vêm à Noite das Bruxas não ficam apenas na sexta-feira, mas o fim-de-semana inteiro, fazendo com que durmam, comam e consumam em Montalegre, impulsionando, assim, a economia local aos vários níveis.
Para a primeira sexta-feira 13 do ano, o autarca estima receber entre 30 a 40 mil visitantes.
Este ano, a organização apresenta o espectáculo «Magia da Lua Cheia», com efeitos especiais e música, representando o reencontro de dois amantes – Deus da Terra e Deus da Lua – separados há 1000 anos pelas forças do mal.
Em contagem decrescente para a noite «mais mágica» de Montalegre, as lojas comerciais, restaurantes e hotéis estão decorados com motivos ligados a esta data de azar e as rotundas da vila estão vestidas a rigor com capas negras de bruxas.
A vila vai ainda ser invadida por bruxas, diabos, mafarricos, seres demoníacos e duendes que deambulam pelas ruas para tentar assustar os mais imprudentes excursionistas do oculto.
Os restaurantes e hotéis de Montalegre, com lotação esgotada, prometem infernizar o jantar dos convivas com refeições diabólicas e seres demoníacas a atormentá-los.
A figura principal da festa vai ser, como vem sendo habitual, o padre António Fontes, conhecido por «Dom Bruxo», que tem como tarefa a preparação da queimada, licor feito à base de aguardente, limão, maça e açúcar, acompanhada por um espectáculo piromusical.
Antes de servir a queimada - «mistela abençoada» - o «Dom Bruxo» faz o esconjuro da bebida, recitando a ladainha «mochos, corujas, sapos e bruxas, demónios, trasgos e diabos, espíritos das enevoadas veigas», livrando-a de maus-olhados, feitiços e bruxedos.
A diversão e animação continua, até de madrugada, pelos bares e discotecas.
A Câmara de Montalegre organiza a Noite das Bruxas desde 2002, que decorre todas as sextas-feiras 13, sendo já parte integrante do calendário cultural da região.
Lusa
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