quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Igreja Românica de Santa Maria do Azinhoso (Mogadouro) - Jóia medieval no Distrito de Bragança

A igreja de Santa Maria de Azinhoso é um dos mais importantes templos românicos transmontanos a par das igrejas românicas da Adeganha (Torre de Moncorvo) (**), de Algosinho (Mogadouro) (**) já aqui descritas ou ainda da magnífica igreja de São Salvador no castelo de Ansiães (**).
Nas quatro igrejas subsiste a dúvida em relação à cronologia da edificação.
O nosso Guia de Portugal (3ªed., 1995, p.1026), companheiro inseparável das nossas viagens, viu no campanário a inscrição de 1196, sendo assim poderia ter sido construída por cavaleiros templários porque a Ordem mantinha os territórios de Mogadouro e de Penas Róias (*). O Abade de Baçal considerou a inscrição duvidosa e que agora não se encontra, certo é que foram encontradas recentemente, sepulturas escavadas na rocha, o que sugere uma relativa antiguidade de ocupação religiosa deste local, provavelmente nos séculos X-XI.
Estilisticamente, o templo devido aos seus arcos ogivais, mas ainda decorados com motivos românicos, terá sido construído entre os séculos XIII e/ou XIV.
A igreja de Azinhoso apresenta monumentalidade
A sua fachada, apesar de arcaica, é de dimensão assinalável, alta e rematada por campanário de dupla sineira e o amplo interior, embora de nave única.
A igreja contém 3 portais com arcos góticos. A porta sul, por exemplo, é elegante, composta por um conjunto de três arquivoltas ornadas por uma plástica marcadamente românica.
Interessante é a abertura cruciforme, no lugar da usual abertura ocular ou rosácea.
Em finais do século XIV, D. João I passou pela povoação e terá visitado e concedido vários privilégios. Aqui orou, pela mesma altura, D. Nuno Álvares Pereira.
No século XV, a igreja de Azinhoso teve grande importância regional, instituindo-se como verdadeiro centro de romaria. Datará dessa altura o alpendre existente do lado Norte e que, de acordo com os vestígios nas restantes fachadas, rodearia toda a frontaria do templo, ligando os três portais, restam ainda algumas colunas, mísulas e depressões para suporte da estrutura.
Na igreja, no século XV, fez-se sepultar um vigário-geral arcebispo de Braga, conforme consta de inscrição numa rocha exterior.
A Igreja românica de Azinhoso sofreu, como quase sempre as inevitáveis alterações, quando se realizaram os retábulos laterais e o retábulo-mor, este ainda do século XVII, e a edificação da Casa da Misericórdia (1647), anexa ao lado Norte da capela-mor.
Em meados do século XX, perante evidente estado de ruína, a igreja sofreu obras de restauro como refere a epígrafe gravada num dos blocos de cantaria no exterior do monumento.
A espectacular cachorrada da Igreja de Azinhoso
Ao longo das cornijas laterais, a semelhança do que sucede com próxima igreja de Algosinho prende a atenção uma fiada de modilhões esculpidos, contam-se 120 (tal contagem não fizemos), alguns deles muito corroídos com múltiplos e crípticos sentidos, como era próprio da hermética românica.
De um lado e outro se sucedem as mais variadas representações: cabeças de bichos e homens em atitudes disformes, máscaras, a par de motivos certamente apenas lúdicos ou decorativos.

Como é habitual em edifícios medievais possui pedras sigladas pelos canteiros quando se efectuou a construção.
Próximo da igreja também pode observar o monumental pelourinho seiscentista de Azinhoso.
Continuamos a insistir que percorrer a rota do românico do Nordeste Transmontano é uma magnífica forma de conhecer o belíssimo e ainda arcaico distrito de Bragança.

in:portugalnotavel.com

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