André novo é um jovem brigantino de 31 anos que se tem destacado ao nível da investigação na área da melhoria da qualidade de vida de doentes com insuficiência renal crónica.
Recentemente assumiu a presidência da Reab.IRC, uma associação que pretende levar o trabalho desenvolvido a estes doentes, que são já 800 mil em Portugal.
Jornal Nordeste (JN) - Depois de alguns anos a trabalhar como enfermeiro decidiu apostar num doutoramento em Ciências da Actividade Física e do Desporto. Porquê a aposta nesta área?
André Novo (AN) - A paixão pelo desporto sempre esteve presente na minha vida. Primeiro como jogador de hóquei em patins no Clube Académico de Bragança, mais tarde como enfermeiro no Grupo Desportivo de Bragança. Fazia todo o sentido que a minha formação complementar fosse nesta área. Um conjunto de condicionantes fez com que não me dedicasse ao desporto de alto rendimento, mas sim a grupos específicos da população e à forma como o exercício físico pode ajudar a melhorar a vida dessas pessoas.
JN - Tem-se destacado ao nível da investigação na área da melhoria da qualidade de vida de doentes com insuficiência renal crónica. Como é que começou esse interesse?
AN - A investigação sobre hemodiálise e exercício físico começou na Clínica de Hemodiálise de Mirandela, com o envolvimento do Dr. Nunes de Azevedo e do enfermeiro Francisco Travassos. É a eles que se deve grande parte do sucesso do trabalho que foi desenvolvido e que actualmente se mantém. Eu tive a sorte de os ter conhecido e de ter respondido ao desafio que me lançaram em 2006: desenvolver um programa de exercício físico para pacientes em programa regular de hemodiálise. O mérito para que, hoje, a prática de exercício físico durante as sessões de hemodiálise seja uma realidade é inteiramente da Clínica, pelas condições que oferece.
JN - Recentemente assumiu a presidência da Associação Portuguesa de Reabilitação de Insuficientes Renais. Quais são as prioridades desta associação?
AN - A Reab.IRC (Associação Portuguesa de Reabilitação de Insuficientes Renais) é a concretização natural da vontade de um conjunto de profissionais de várias áreas de todo o país: promover a reabilitação, o exercício físico e hábitos alimentares adequados às pessoas com insuficiência renal crónica. Com a criação desta plataforma oficial será mais fácil recolher e divulgar informação científica relevante bem como divulgar as boas práticas de reabilitação, quer nacionais quer internacionais.
JN - O Sistema Nacional de Saúde está preparado para dar respostas a estas pessoas?
AN - O Sistema Nacional de Saúde já esteve mais saudável. Todos os dias assistimos a decisões puramente economicistas. O investimento na saúde das populações tem de deixar de ser considerado um fardo. A programação em saúde, a par por exemplo da justiça e do ensino, deveria ser a longo prazo e não decorrer de decisões pontuais de um qualquer Ministro ou Secretário de Estado. Portugal tem de começar a tomar decisões transversais a diferentes governos e que tenham como único objectivo a defesa intransigente das pessoas. Se continuamos a reformar reformas, nunca conseguiremos avaliar o efeito das mesmas. É desta mudança de mentalidades que creio precisarmos, para que todas as pessoas possam aceder de igual forma aos cuidados de saúde sem hipotecar as gerações futuras.
JN – Do seu conhecimento, um doente com esta patologia, insuficiência renal crónica, estando em Bragança ou estando em Lisboa, não tem acesso aos mesmos tratamentos e ao mesmo acompanhamento?
AN – A grande diferença tem a ver com as distâncias que têm que se percorrer. As pessoas do concelho de Bragança e se falarmos do distrito as coisas ainda se complicam mais, têm que percorrer muitos mais quilómetros para aceder a esses cuidados de saúde. E são algumas das decisões que se tomam em Lisboa que não têm em conta esta situação e é isso que também entendo que não devia acontecer.
No distrito de Bragança há três unidades, uma no Hospital de Bragança, outra em Mogadouro e a de Mirandela que já referi, que é onde se tem efectuado a investigação e hoje tem um programa de exercício físico durante a hemodiálise.
Essa oferta existe, mas são três unidades no distrito, que têm que servir toda a gente de todos os concelhos e isso traz alguns constrangimentos.
in:jornalnordeste.com
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