O presidente da Quercus acusa as entidades envolvidas na construção da barragem do Tua de “estarem a tentar tirar o cavalinho da chuva” na questão do plano de mobilidade.João Branco acredita que esse foi um dos motivos pelo qual a Agência Portuguesa do ambiente não autorizou o enchimento da barragem e lamenta que ninguém queira ficar com o encargo que representa o plano de mobilidade.
“Quando a barragem foi aprovada, o governo disse à EDP que a barragem só seria construída com a contrapartida de a EDP garantir o transporte do Tua até Mirandela, para compensar a perda do comboio, e isso não foi feito. Houve vários boatos que davam conta que isso seria feito com barcos, com autocarros… Mas o que é certo é que não foi implementado. Hoje toda a gente está a tentar tirar o cavalinho da chuva porque ninguém quer ficar esse encargo financeiro, que é um encargo financeiro grande. Agora, que está lá, está…”, referiu.
O ambientalista critica ainda a forma como a UNESCO assistiu ao processo de construção da barragem, sem nada fazer para evitar que a paisagem classificada como património da Humanidade ficasse para sempre alterada. “Julgo que a UNESCO agiu muito mal. Deixou-se influenciar pelo governo português e por interesses ligados à construção da barragem do Tua, dando um péssimo exemplo ao mundo de não salvaguarda de património da humanidade. Foi um péssimo desempenho da UNESCO, que perdeu imensa credibilidade nesse processo”, considera.
A Associação Nacional de Conservação da Natureza participou no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem de Foz Tua e conseguiu até reduzir a cota da barragem em 20 metros mas não conseguiu evitar que o paredão fosse construído.
Agora, a Quercus espera que, pelo menos, as contrapartidas que a barragem implica sejam cumpridas. A barragem do Tua é o tema de uma entrevista do jornal Nordeste ao presidente da Quercus, que pode ler na edição desta semana do jornal.
Escrito por Brigantia
Sara Geraldes
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