Os cuidadores informais de familiares com deficiência estão sujeitos a um desgaste considerável, por vezes extremo, pela exigência do ato de cuidar. A pensar no seu descanso, garantindo em simultâneo um serviço de qualidade para os participantes, a Associação Leque disponibiliza a Colónia de Férias de Turismo Rural, de 5 a 19 Agosto no Ecopark do Azibo perto de Alfândega da Fé.
O Centro de Férias tem com objetivo proporcionar diversas atividades terapêuticas e de lazer, em contexto rural, a cerca de 26 pessoas (crianças, jovens e adultos) com deficiência / necessidades especiais, originários das diversas zonas do país.
Para os receber a Leque disponibiliza 35 técnicos de várias áreas, desde psicólogos, a enfermeiros e terapeutas. A Associação Cuidadores, parceira da Associação Leque, criada para apoiar os cuidadores informais, pessoas que de forma não remunerada cuidam de familiares ou amigos com dependência, efetuou um estudo científico que incidiu na avaliação da importância e o impacto da Colonia de Férias nos familiares cuidadores.
Os cuidadores entrevistados consideraram a colónia de férias como uma iniciativa única, de grande relevância, razão pela qual 80% já tinha inscrito o seu familiar pelo menos numa noutra edição. Para os participantes, estes 15 dias representam uma oportunidade para o seu desenvolvimento, aquisição de maior autonomia e maturidade, diversão e convívio.
Para os cuidadores, significa o período de férias tão desejado, um pouco de tempo para si próprio/a, para o casal e/ou restante família. A avaliação da sobrecarga dos cuidadores informais antes do período de descanso foi efetuada através da aplicação do QASCI – Questionário de Avaliação da Sobrecarga de Cuidadores Informais (Martins et al, 2003), por forma a determinar o nível de sobrecarga em diversos domínios.
Verificou-se que os cuidadores apresentavam uma sobrecarga significativa ao nível emocional, e financeiro associado ao ato de cuidar e à perceção da sua auto-eficácia e controlo da situação. Apesar da implicação significativa nas suas vidas pessoais, os cuidadores demonstraram uma boa reacção a exigências, nomeadamente, resultantes do comportamento do seu dependente, e uma satisfação moderada neste papel como familiar cuidador.
Todos os familiares referiram que após este tempo de pausa se sentiam efetivamente mais descansados, com vontade de prolongar este período (60%) embora sentissem já saudades dos seus filhos/irmãos com alguma ansiedade por voltar à rotina (40%). Quanto ao formato da Colónia de Férias, 80% refeririam que não alteram nada e 20% dos familiares sugeriram apenas “aumentar a frequência deste tipo de atividades, coincidindo preferencialmente com as férias escolares, e promover a sua realização noutros locais do país”.
Compreende-se tais afirmações quando se constata que existem familiares que se deslocam da região de Lisboa propositadamente para este evento. A autora do estudo Luísa Pinto da CUIDADORES, refere que em termos médios, observou-se nesta população níveis de grande sobrecarga (56%) que não deve ser ignorada: Um dos familiares (que se descola 500km para deixar o filho) referiu à Cuidadores que “Não se sente mais exausto e desorientado porque felizmente existe a Leque que me tem apoiado quando preciso.”
Celmira Macedo Fundadora da Associação Leque e mentora do projeto, chegou a conclusões similares na sua tese de doutoramento e reforça que “não podemos negligenciar esses dados, e dar o devido apoio à concretização deste tipo de iniciativas, como a Colónia de Férias Leque, que não só proporcionam aos filhos dias intensos de terapias em contexto rural com atividades muito diferentes a que estas pessoas estão normalmente habituados em contextos urbanos, como também funcionam como um respiro aos cuidadores informais, que poderão assim usufruir de um tempo de descanso absolutamente necessário para o seu bem-estar e qualidade de vida”.
in:noticiasdonordeste.pt
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