Tudo teve início em 2014, quando a praga da vespa das galhas do castanheiro começou a preocupar os produtores de castanha em Portugal, visto que a sua propagação rápida poderia significar quebras acentuadas de produção e uma crise num dos principais sectores económicos do nordeste transmontano.
“O projecto Biovespa foi a estratégia encontrada, pela comissão técnica nacional de luta contra a vespa da galha do castanheiro, para o financiamento da luta biológica”, explica José Laranjo, presidente da RefCast- Associação Portuguesa da Castanha e Investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sobre o projecto que inicialmente “era financiado pelo Ministério da Agricultura e pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB).” Contudo, a partir de 2015 e sem o financiamento inicial a comissão técnica decidiu propor uma associação aos municípios que participassem não só na comunicação entre os produtores de castanha e os dinamizadores do projecto, mas também no investimento para avançar com a luta biológica.
José Laranjo assegurou ao Jornal Nordeste que “ todos os municípios foram contactados e convidados”, fizeram-se várias reuniões “no sentido de ajustar o Biovespa à vontade dos municípios e neste momento o projecto é aquilo que também eles ajudaram a compor.” O investigador da UTAD, garante que apesar de ter 60 municípios neste projecto, nem todos eles foram afectados com algum foco da praga. “Esta é uma rede de troca de informação importantíssima sobre a praga, sobre a luta biológica e vários municípios acharam importante estar associados, para se manterem a par”, explicou ainda.
José Laranjo assegura que os municípios da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIM TTM) “foram convidados, participaram em reuniões, foram informados, foi-lhes comunicado o programa, cada município deu o contributo que entendeu dar mas até ao momento não foi possível sensibilizar nenhum da CIM TTM a aderir ao projecto.”
Américo Pereira, presidente da CIM TTM, diz que desconhece o projecto e explica que apesar dos 60 municípios associados “pode representar apenas 20 % da castanha”, uma vez que é nos municípios da CIM que se produz “70 % da castanha a nível nacional.”
José Laranjo refere que quantos mais municípios aderirem mais força pode ter o projecto e assegura que “ o INIAV, as direcções regionais, a ANAM, ANAFRE, o IPB, a UTAD” e outras entidades fazem parte deste projecto. Entidades que segundo o presidente da RefCast “atestam a importância e valia do projecto.”
Por outro lado, Américo Pereira, assegura que o IPB não faz parte do Biovespa e que está a desenvolver um projecto juntamente com os municípios de Vinhais e Bragança, os maiores produtores de castanha, para implementar a luta biológica nos soutos afectados em ambos os concelhos. O presidente da CIM diz que “ninguém está de costas voltadas, simplesmente estes municípios preferem trabalhar com o IPB e os outros com a UTAD, é uma questão de proximidade, uma situação perfeitamente normal.”
Escrito por Brigantia
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