Maria da Luz Bento, nasceu na aldeia de Sampaio, Mogadouro a 04 de Fevereiro de 1921. Exerceu durante vários anos a missão de Professora do Ensino Primário, na aldeia de Saldonha. Já nesta aldeia deixou um rasto de força missionária e irradiação de caridade pelo seu socorro aos mais débeis. Dedicou-se, com particular atenção, à população de etnia cigana.
Tendo ingressado na Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, fez a primeira profissão a 15 de Agosto de 1954, adotando o nome de Ir. S. Paulo. Este nome seria para ela uma força e uma inspiração.
Permaneceu em Chacim, apoiando o governo da casa e dedicada algumas missões incumbidas pela Superiora Geral.
Participou no I Capítulo Geral da Congregação, realizado no ano de 1956, como representante das Irmãs, e foi eleita Ecónoma Geral da Congregação.
Liderou a fundação de algumas Comunidades: a da Casa da Criança Mirandesa em Sendim, em 22 de Setembro de 1957, a do Patronato de S. José em Vilar de Nantes (Chaves), a 5 de Agosto de 1958 e em Setembro de 1961 a Comunidade em Vilarinho de S. Romão, Sabrosa.
O maior desafio da sua vida foi fazer parte do primeiro grupo de missionárias que partiu para Angola, em 1962. Recebeu a imposição do crucifixo a 04 de Outubro de 1962 e embarcou a 23 de Outubro do mesmo ano, chegando à missão de Nova Sintra (Catabola) a 11 de Novembro de 1962, no Internato Artur de Paiva, assumindo o cargo de Superiora, como mais velha do grupo e por ele responsável. Angola passaria a ser a sua pátria do coração, e os Angolanos a assumiram como mãe.
Em Dezembro de 1965 assume a Missão Católica de General Machado (Kamacupa), que orienta com espírito combativo e empreendedor. Mulher de trabalho, empática e comunicativa, era por todos respeitada e ajudou a consolidar as várias comunidades que foram sendo fundadas pela Congregação naquele país. Fazia todo o tipo de trabalhos, desde o ensino à orientação do trabalho agrícola e à missão pastoral que as irmãs desenvolviam muito intensamente. Arquitecta de uma caridade criativa, arregaçava as mangas e agarrava-se aos baldes de cimento para ajudar e ensinar a construção de casas.
Em 1966 a Ir. S. Paulo é oficialmente nomeada pelo Conselho Geral, como Superiora das Missões, cargo que exerceu, quase ininterruptamente, até 1993.
Em 1975 inicia-se o ambiente de tensão na comunidade de Kamacupa, devido aos confrontos armados que deflagravam em Angola. Situação que ela foi suportando com ânimo forte, socorrendo a muitos e irradiando uma caridade atenta, activa e presente. Ainda hoje se mantém o título carinhoso com que era apelidada, sobretudo pelos Angolanos: “nossa mãe”. A sua firmeza de caráter era um posto de segurança e a ela muitos recorreram para pôr a salvo as suas vidas. A determinada altura chegou mesmo a enfrentar as cerradas fileiras do exército de Jonas Savimbi reclamando e conseguindo uma entrevista com o guerreiro e assim salvando, com a sua intercessão, a vida de uma missionária leiga. O confronto com tantas desgraças, a maioria das quais se via impotente para solucionar, acabaram por deixá-la gravemente doente.
Por imposição da Superiora Geral, partiu para Portugal em Agosto de 1977, mas logo que lhe foi possível, regressou corajosamente a Angola, em Março de 1981. Os tempos difíceis que ainda se viveram nesses anos nunca a fizeram desanimar, nem recuar. A Ir S. Paulo sempre foi um baluarte de confiança e conforto não apenas para as irmãs, mas para todos quantos a rodeavam, sobretudo os pobres, a quem procurava e socorria na medida em que a escassez generalizada o permitia. A sua presença sempre foi uma referência de coragem e determinação.
Em Agosto de 2008 veio passar férias a Portugal. Em Novembro do mesmo ano, quando se preparava para regressar a Angola, uma queda que resultou em fractura impediu-a de viajar e entendeu este facto como um sinal de Deus para não regressar. Em Setembro de 2009 é integrada na Comunidade da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros, onde permaneceu até ao presente, amparada pelas Irmãs neste momento de maior fragilidade da sua vida.
Nunca esqueceu Angola nem os filhos que ali deixou. Enquanto as forças lho permitiram, passava todos os tempos livres a tricotar soquetes de bebé, para enviar às mamãs de Angola, como um contributo para os primeiros passos daqueles que iriam pisar aquela terra amada.
Às 12.20 horas do dia 7 de Janeiro de 2019 a Ir. S. Paulo apagava-se deste mundo, para aceitar o convite do Pai Celeste: “Vem, esposa de Cristo, recebe a coroa que o Senhor te preparou.”
Neste ano que os Bispos portugueses consagraram como Ano Missionário, esta mulher é um verdadeiro ícone de caridade Missionária.
O seu corpo permanecerá em câmara ardente na Capela da Casa de Nossa Senhora de Fátima até ao seu funeral que aí se realizará no dia 08 de Janeiro às 14.30h.
Nota: Comunicação da Congregação remetida hoje (08.01.2019) ao Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais.
Diocese Bragança-Miranda
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