Lázaro Alves Gutiérrez perdeu o pai quando ainda não tinha dez anos |
A 31 de agosto de 1995, Eduardo Augusto Alves, português a viver em Gijón há mais de 15 anos, desceu 400 metros abaixo do solo como de resto fazia todos os dias. A extração de carvão era sustento deste e dos outros 13 mineiros que o acompanharam na viagem sem regresso.
Um violento incêndio deflagrou na sequência de uma explosão no interior do poço San Nicolás, nas Astúrias, numa madrugada que ficaria conhecida como a ‘Noite Negra’ ou ‘A tragédia de Nicolasa’. Eduardo Augusto morreu e deixou o filho, Lázaro Alves Gutiérrez, órfão, conta o El Español. A criança escolheu um futuro semelhante ao do pai e hoje é um dos mineiros que escava a galeria de acesso ao local onde caiu o bebé Julen, de apenas dois anos, no dia 13 de janeiro.
Lázaro Alves Gutiérrez perdeu o pai muito cedo — ele e o irmão não teriam mais de dez anos. O dia ficou marcado na vida da família, mas essa memória dolorosa não demoveu Lázaro de, quase 25 anos depois daquela que é tida como a maior tragédia mineira nas Astúrias da última metade do século XX, se envolver no resgate de Julen.
Eduardo Augusto nasceu em 1960, na zona de Bragança. Vivia há 15 na província de Gijón. A morte chegou aos 35 anos: na sequência da explosão de grisu (mistura gasosa de metano e ar que pode ocorrer nas minas de carvão), tudo aconteceu numa questão de minutos e quase todos os mineiros que trabalhavam na quarta e quinta galerias do oitavo andar morreram. Apenas dois saíram com vida. Tinham entre 29 e 43 anos.
O pai de Lázaro, nascido na aldeia portuguesa Quintela de Lampaças, com pouco mais de 200 habitantes, era assistente de detonador e já estava habituado às profundezas da mina. Antes disso foi apanha-bolas num clube de golfe e chegou a trabalhar na construção civil.
Duas décadas depois, o El Español recorda os nomes das vítimas do acidente. Naquela noite, estava um total de 63 pessoas a trabalhar dentro da mina. Dez pertenciam à Brigada de Resgate Mineiro de Hunosa, incluindo Eduardo Augusto Alves. A explosão deu-se às 03h15 e ainda hoje não se sabe o que a originou.
Ana Cristina Marques
Decidi-me a ser jornalista porque, para mim, escrever era (e é) a única certeza. Rasurei mesas de todas as escolas por onde passei. Comecei inúmeros livros, numa viagem de autodescoberta que ainda não acabou. Aos 15 anos fui blogger ainda antes de o saber, com um primeiro registo online alimentado durante dois anos. O "bicho" nunca me abandonou e ganhou protagonismo através do jornalismo. Comecei por trabalhar em sociedade, na extinta Focus, e acabei por ir parar “às coisas boas da vida” com as revistas Evasões e Volta ao Mundo. Nem a Notícias Magazine escapou. Agora defino-me com mais precisão: quero contar histórias com recurso a ferramentas multimédia. Boas histórias.
(Observador)
Mañana 31 de agosto recordaremos de la tragedia minera de Nicolasa (Ablaña, Mieres): un día en el que el grisú segó la vida de 14 mineros.
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