Trás-os-Montes tem cerca de nove mil produtores de raças certificadas que uma nova associação quer juntar para ganharem escala e mercado fora da região, divulgaram hoje os promotores.
A Associação NaturalCoop de Carnes de Montanha já foi constituída e vai ser apresentada publicamente "em breve", como adiantou à Lusa Álvaro Mendonça, técnico que está a acompanhar o desenvolvimento do projeto.
A iniciativa arranca com dez raças de ovinos, caprinos, bovinos e suínos e tem como propósito concentrar a carne num local de desmanche e comercialização. Até essa fase serão necessários outros passos como o estudo de mercado para o qual foi lançado um concurso público com o apoio da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes.
A CIM financia o estudo que pretende apurar a apetência do mercado, nomeadamente em relação a novos produtos ou novas formas de apresentar as carnes certificadas, como indicou Álvaro Mendonça.
O técnico apontou o exemplo do borrego ou cabrito que, por norma, só se encontram à venda em determinadas épocas do ano. "Reabituar as pessoas a comer este tipo de carne" é uma das apostas que pode passar por disponibilizar peças mais fáceis de confecionar, em vez da carcaça como é hábito.
"O estudo vai-nos dar informação para saber quem são os potenciais clientes, se o consumidor final, supermercados, talhos, e o que querem", explicou.
O passo seguinte será a criação de uma marca-chapéu para comercializar as carnes e a escolha de um local para processar todo o circuito, que pode passar por negociar com um dos matadouros já existentes na região, segundo admitiu.
A associação ainda não tem estimativas de valores de investimento para essas fases posteriores, mas necessita de cerca de 100 mil euros para os primeiros passos que pretende candidatar a fundos comunitários.
O projeto tem como finalidade fazer "o que há já muitos anos se tenta", que é juntar os produtores das raças certificadas, geralmente com Denominação de Origem (DOP), "que por si só são empresas demasiado pequenas para chegar ao mercado fora de Trás-os-Montes".
Para o efeito, foi constituída a associação/cooperativa que vai comercializar toda a carne com a "garantia de qualidade, de animais criados em regime extensivo e a pensar no bem-estar animal, e a preocupação de manter as zonas de montanha ocupadas e as pessoas no meio rural".
"A mais valia é que vamos vender mais barato, vamos vender uns milhares de toneladas, em vez de cada um vender uns milhares de quilos", sustentou.
O projeto arranca com dez raças, nomeadamente a suína Bísara, as caprinas Serrana, Preta de Montesinho e Bravia, as bovinas Maronesa e Minhota, e as ovinas Churra da Terra Quente, Churra Galega Bragançana Branca, Churra Galega Bragançana Preta e Churra Galega Mirandesa.
A ambição é, no futuro, agregar outras raças de diferentes zonas do país.
O projeto conta ainda com a parceria de diversas instituições ligadas à investigação e ensino e das Comunidades Intermunicipais.
Agência Lusa
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