Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Fui, desde início, e disso dei conta pública, um adepto da autonomia catalã. A autodeterminação dos povos é um valor que estimo e respeito, prestando sincera homenagem a tantos quantos dedicam a sua vida na promoção da autonomia regional. Relativamente à questão da Catalunha, o meu apoio à causa ficou abalado com a fuga de Charles Puigdemont para o estrangeiro em vez de ficar, na sua terra, a lutar pelos seus ideais com as ferramentas que a Democracia lhe colocava nas mãos, mesmo que, por causa disso, tivesse de se juntar a vários companheiros de luta, nos cárceres de Madrid. O suposto herói da luta de libertação mais não era do que um foragido, incapaz de se submeter a qualquer sacrifício em prol do ideal comum que jurava professar e defender acima de tudo. Rejeitada a democracia constitucional espanhola, por não lhe conceder a independência pretendida, não hesitou em usá-la e a ela se submeter para com as suas regras chegar ao Parlamento Europeu de Bruxelas usufruindo de todas as regalias associadas sem se submeter às “agruras da dominação madrilena” como todos os restantes conterrâneos.
A desilusão com a causa de Barcelona veio com a recente constituição do Governo Espanhol. O tráfico de votos no Parlamento Espanhol envergonha todos quantos acreditavam, genuinamente, no valor e na elevação das aspirações independentistas das gentes do sudoeste peninsular. Afinal a “justa libertação” do povo catalão, pode esperar, pode, inclusivamente, vergar-se para permitir que a troco da entronização do inimigo da véspera, venha a amnistia para os revoltosos do dia anterior. A manutenção de Sanchez na Moncloa não se faz com verdadeiros avanços em progresso e liberdade de expressão e autogoverno da região, mas na recuperação de regalias e direitos perdidos por alguns dirigentes!
A situação caricata vem com a constatação de que, ao abdicar de determinar o governo da região da Catalunha, um partido largamente minoritário no conjunto nacional, domina a seu bel-prazer o governo de toda a Nação Espanhola. Começando por decidir quem ocupa o lugar de Presidente do Governo e, como à frente iremos ver, irá determinar as opções políticas do mesmo se não impondo as suas escolhas, pelo menos exercendo uma espécie de direito de veto, aprovando ou reprovando as propostas governativas.
Entretanto o fervor nacionalista vai-se perdendo. Não só pela cumplicidade entre elites regionais e centrais como, igualmente, pelo delir das bases que, popularmente, o sustentaram ao longo dos séculos. Os intuitos de libertação de um poder central “espúrio” calam forte numa comunidade que partilha a língua, o território e a ancestralidade. Com a abolição de fronteiras, com a livre circulação de pessoas, com a miscigenação crescente de casais multinacionais, com a universalização do inglês e com a multiculturalidade dos jovens de amanhã… que comunidade poderá reclamar que nacionalismo?
Dei-me conta desta realidade crescente e imparável, recentemente quando a minha neta, Clara, ouvindo dizer que uma colega dela era grega e outra romena, perguntava qual era a sua nacionalidade. A minha neta, tem dupla nacionalidade, portuguesa, como a mãe e espanhola como o pai, nasceu em Bruxelas e reside em Itália desde tenra idade. É uma cidadã europeia, como serão a maioria, dentro de duas ou três gerações. Falarão inglês, para se entenderem e, igualmente, serão fluentes em mais duas ou três línguas “nacionais” e entenderão bem outras mas não as falarão nem escreverão adequadamente.
A desilusão com a causa de Barcelona veio com a recente constituição do Governo Espanhol. O tráfico de votos no Parlamento Espanhol envergonha todos quantos acreditavam, genuinamente, no valor e na elevação das aspirações independentistas das gentes do sudoeste peninsular. Afinal a “justa libertação” do povo catalão, pode esperar, pode, inclusivamente, vergar-se para permitir que a troco da entronização do inimigo da véspera, venha a amnistia para os revoltosos do dia anterior. A manutenção de Sanchez na Moncloa não se faz com verdadeiros avanços em progresso e liberdade de expressão e autogoverno da região, mas na recuperação de regalias e direitos perdidos por alguns dirigentes!
A situação caricata vem com a constatação de que, ao abdicar de determinar o governo da região da Catalunha, um partido largamente minoritário no conjunto nacional, domina a seu bel-prazer o governo de toda a Nação Espanhola. Começando por decidir quem ocupa o lugar de Presidente do Governo e, como à frente iremos ver, irá determinar as opções políticas do mesmo se não impondo as suas escolhas, pelo menos exercendo uma espécie de direito de veto, aprovando ou reprovando as propostas governativas.
Entretanto o fervor nacionalista vai-se perdendo. Não só pela cumplicidade entre elites regionais e centrais como, igualmente, pelo delir das bases que, popularmente, o sustentaram ao longo dos séculos. Os intuitos de libertação de um poder central “espúrio” calam forte numa comunidade que partilha a língua, o território e a ancestralidade. Com a abolição de fronteiras, com a livre circulação de pessoas, com a miscigenação crescente de casais multinacionais, com a universalização do inglês e com a multiculturalidade dos jovens de amanhã… que comunidade poderá reclamar que nacionalismo?
Dei-me conta desta realidade crescente e imparável, recentemente quando a minha neta, Clara, ouvindo dizer que uma colega dela era grega e outra romena, perguntava qual era a sua nacionalidade. A minha neta, tem dupla nacionalidade, portuguesa, como a mãe e espanhola como o pai, nasceu em Bruxelas e reside em Itália desde tenra idade. É uma cidadã europeia, como serão a maioria, dentro de duas ou três gerações. Falarão inglês, para se entenderem e, igualmente, serão fluentes em mais duas ou três línguas “nacionais” e entenderão bem outras mas não as falarão nem escreverão adequadamente.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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