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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Igreja de São Justo, Calvelhe. Uma aldeia, três “castelos” e uma luminosa Igreja!

 Aldeia situada no extremo Sul do concelho de Bragança, pertence à União das Juntas de Freguesia de Izeda, Calvelhe e Paradinha Nova, que inclui ainda Paradinha Velha. Foi sede de concelho até 1836, quando passou a freguesia do concelho de Izeda. Com a extinção deste em 1855, passa a freguesia do concelho de Bragança. Na sua heráldica constam três castelos, em alusão a três castros da Idade do Ferro: Sanguinho, Mouros e Reta Formosa. De traçado longitudinal e simples como muitas das igrejas de aldeia do Nordeste Transmontano, a paroquial de Calvelhe data de 1694, conforme inscrição no dintel do portal principal. Tinha por cura o reitor de Izeda e pertencia ao arciprestado de Lampaças. Além do altar-mor, a nave continha os altares de Nossa Senhora (da Conceição?) no lado do evangelho e, no da epístola, do Santo Cristo e do Menino Jesus, este no arco triunfal, com confraria de 250 irmãos.



O conjunto interior sofreu restauros em 1824, 1953 e 2008-2010, apresentando uma claridade e vivacidade de cores a remeter para o original [AAVV, História e Memória de Calvelhe, 2019]. Com coro-alto e entrada de luz por óculo afunilado no frontispício, púlpito, compartimento de batistério, vão moldurado com o Senhor dos Passos e pequeno nicho de arco lobulado com imagem de Santo Estêvão, a diversidade do corpo da Igreja apresenta ainda cinco altares, todos com mesa em forma de urna. O do lado do evangelho, consagrado a Nossa Senhora de Fátima, tem retábulo simples definido por colunas de fuste liso decoradas a dourado com motivos florais, encimado por espaldar com coroa régia e cruz da Ordem de Malta e cartela concheada. Do lado da epístola, o altar de Nossa Senhora das Graças, pintado a branco, é tão singelo quão estético. De três eixos definidos por pilastras aparentes com frisos verticais castanho alaranjado, expõe bonita imagem com os atributos característicos: resplendor com 12 estrelas, o Imaculado Coração de Maria, os braços estendidos e as mãos abertas de onde irradiam feixes, o pé a esmagar a astuta serpente, negando a tentação do fruto proibido. Nos nichos laterais sobre peanha estão pequenas imagens de São José e do Menino Jesus, encimados por dossel. O retábulo é percorrido por cornija ondulada com quatro pináculos florais, interrompida pelo dintel do nicho, coroado por cartela de motivos vegetalistas. O Altar do Divino Senhor é em vão embutido na parede, de moldura decorada a dourado e dintel arqueado, com pintura interior alusiva ao Calvário. Dispõe as imagens de vestir de boa dimensão da Virgem Maria e do Apóstolo São João a ladear Jesus Crucificado.
O conjunto retabular no arco triunfal é tardo barroco decorado com putti, alguns com viola, figuras angélicas vestidas, pâmpanos, acantos e fénices. Os altares colaterais, de colunas salomónicas, são dedicados a Santa Teresinha de Jesus, no lado do evangelho, e ao Sagrado Coração de Jesus, no da epístola, encimados respetivamente por brasão com flores e Rosário e coração flamejante. Lateralmente estão pinturas emolduradas com a Virgem Maria e o Menino Jesus. No teto, referência para 18 pinturas apaineladas encenando os mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos do Santo Rosário, com inclusão do Deus da Trindade, Santa Bárbara e Santa Luzia. A capela-mor, de teto em berço pintado a floreados e Escudo de Armas do Reino de Portugal, do Brasil e dos Algarves assumido em 1816, exibe um clássico altar rocaille. De três eixos e policromado, é enquadrado por duas colunas balaustradas. Ao centro abre-se tribuna com moldura recortada e bilobulada. Sobre trono de tripla plataforma, expõe-se o Orago São Justo/Justa, de feições femininas, palma do martírio na mão direita e Sagrado Escritura na esquerda. Os eixos laterais, com as imagens de São Sebastião e São Faustino, são definidos por colunas de fuste com caneluras, aneladas nas extremidades e de capitel coríntio aparente, unidas por cornija às de balaustrada. O bordo do ático é percorrido por cornija dentada interrompida por arco lobulado. Nas paredes da capela-mor estão imagens de São Brás, no evangelho, e Santo António, na epístola, por onde se acede à sacristia.
Calvelhe tem na sua Igreja residência segura, templo e fortaleza de fé!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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