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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 28 de dezembro de 2025

A Moura Encantada - Parte 4 – O Guardião do Segredo


 As noites em Outeiro tornaram-se mais silenciosas depois que Tomás voltou da fraga, carregando consigo a memória intensa do tear de ouro. Mas, como toda a lenda viva, Castramouro começou a atrair outros corações curiosos, especialmente aqueles que não conseguiam resistir à promessa de tesouro e mistério.

Entre eles estava Margarida, uma jovem aldeã conhecida pela sua coragem e espírito inquieto. Ao ouvir os sussurros sobre o tear, decidiu que precisava ir ver por si mesma a princesa Moura. Não por ganância, mas por uma sensação de que havia algo na história que podia transformar a sua própria vida.

Numa noite de vento frio e céu limpo, Margarida aproximou-se da fraga. A água refletia a lua como um espelho partido, e o som do tear surgiu à distância, ritmado e melancólico. Quanto mais se aproximava, mais sentia uma força invisível, como se o próprio lugar a testasse. Cada passo sobre as pedras escorregadias exigia atenção, mas Margarida não recuou.

Então, finalmente, viu a princesa Moura. Brilhava como prata e ouro fundidos, tecia com uma precisão sobrenatural. Os novelos reluziam e os fios pareciam flutuar, criando figuras que pareciam dançar no ar. Margarida sentiu um frio intenso, mas também uma curiosidade irresistível.

- Quem ousa aproximar-se sem medo? Perguntou a princesa, sem parar de tecer. A sua voz era firme, mas carregava uma tristeza profunda.

- Sou apenas uma aldeã, respondeu Margarida, mas queria ver a verdade desta lenda.

A Moura inclinou a cabeça e, com um gesto de anuência, permitiu que Margarida chegasse mais perto. Os fios de ouro começaram a mover-se, desenhando imagens no ar. O castelo em chamas, a fuga desesperada, a aia protegendo a princesa, e aldeões cujas vidas haviam sido tocadas por aquele mesmo destino. Cada imagem pulsava como se tivesse vida própria.

De repente, um fio escapou do tear e enrolou-se no tornozelo da Margarida. Um arrepio percorreu o seu corpo, e uma onda de visões inundou-a. Sentiu o medo da princesa, a força da fuga, e a dor de deixar tudo para trás. Mas também sentiu esperança, coragem e a beleza de cada ato de amor e proteção. Margarida percebeu que o tear não era apenas um objeto, mas um guardião de memórias e emoções que pertenciam a todos que tinham cruzado aquelas terras.

- O tear não é para ser tocado, disse a Moura, a voz agora carregada de advertência. - Ele guarda a história de Outeiro, e só aqueles que entendem o seu valor podem ouvir o seu canto sem se perderem.

Margarida, com lágrimas nos olhos, retirou o pé do fio e ajoelhou-se diante da fraga. Sentiu que naquele gesto estava a reconhecer a verdade da lenda e assumindo o papel de guardiã, mesmo que apenas por lembrança e respeito.

Quando a princesa desapareceu lentamente na névoa, o som do tear tornou-se suave, quase imperceptível, como se estivesse adormecendo. Mas Margarida sabia que, em cada noite de lua cheia, o coração de Castramouro continuaria a bater no ritmo da tecelagem, lembrando a todos que alguns segredos são eternos e que certos tesouros não pertencem a mãos humanas.

E assim, a Moura Encantada continuou a viver entre a névoa e as águas da fraga, enquanto Outeiro guardava o silêncio e o respeito de uma lenda que não poderia ser esquecida. Quem ousasse escutar o tear, sentia não apenas o toque do passado, mas a presença de algo que transcendia o tempo, a coragem, a tristeza e a beleza eterna de uma princesa que fugiu, mas nunca deixou de tecer seu destino.

continua...

N.B.: Este conto teve como base a Lenda de Outeiro "A Moura  Encantada" e a colaboração, na construção do "esqueleto", da IA. A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM - com IA e IN

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