Está tudo pronto para a 15^edição da feira do morango de São Pedro Velho, agendada para o fim-de-semana, naquela aldeia do concelho de Mirandela, já rotulada como a capital do fruto por produzir, provavelmente, os morangos mais doces do país.
Quatro agricultores da freguesia produzem anualmente cerca de 100 toneladas de morangos, e estima-se que durante os próximos dois dias sejam vendidos perto de dez toneladas, distribuídos por caixas de dois quilos que custam 9 euros.
E nem a chuva que está prevista, vai ser um problema. “Estamos a fazer alterações para precaver essa situação de forma a que as pessoas possam vir, mesmo chovendo, estando em segurança e estando num local abrigado das intempéries. Vamos fazer alteração do lugar da feira este ano, pela primeira vez, o local é desviado do centro da aldeia, num espaço coberto, no polidesportivo”, conta a presidente da junta de freguesia. “Vamos ver como corre, mas as expetativas são boas. O morango é ótimo, com a mesma qualidade de sempre, o mesmo sabor e esperamos por toda a gente”, acrescenta Fernanda Guerra.
A autarca acredita que a aldeia com cerca de 160 habitantes vai receber “milhares de visitantes” de vários cantos do país, num fim-de-semana em que cada casa recebe dezenas de familiares. “As pessoas da própria localidade de São Pedro Velho e das freguesias aqui vizinhas já tiram férias para esta altura. E então é sempre um fim-de-semana de muita afluência, mesmo de emigrantes que vêm sempre nesta altura passar cá a semana da feira para poderem estar e há famílias com 30 pessoas em casa neste fim-de-semana”, garante.
A fama que os morangos de São Pedro Velho já têm no mercado também já estão a ter consequências menos positivas. Fernanda Guerra revela que já existe quem se aproveite e venda gato por lebre. A autarca diz que a solução “terá de passar pela certificação” do fruto. “Há mesmo quem utilize as próprias caixas dos produtores com outro produto que não o deles. E isso é mau tanto para o Morango como para os produtores, como para a região”, lamenta.
Uma coisa é garantida: Na feira, só vão estar à venda morangos de São Pedro Velho, os originais. No certame vão estar cerca de 60 expositores, com outros produtos endógenos da região. Amanhã, há um percurso pedestre com a particularidade de os caminheiros poderem parar numa exploração para apanhar o morango e levar para casa. A abertura oficial acontece ao início da tarde, segue-se a animação de rua com bombos e um concurso de vinhos da região. À noite, acontece a animação musical com o grupo “Sol e Dó” e vários dj’s. No domingo, a manhã está dedicada ao Passeio TT e durante a tarde a atuação do grupo “Encharca o fole”.
QUATRO AGRCULTORES PRODUZEM ANUALMENTE CERCA DE 100 TONELADAS DO FRUTO
“Não precisam de açucar”, garante Manuel Pinto, um dos produtores que começou, há 26 anos, com 5 mil pés e agora já vai em 40 mil nos cerca de três hectares de morangal, que dão fruto entre abril e novembro.
O segredo está no “microclima que existe na aldeia e o solo rico em potássio”, fatores que Manuel Pinto considera essenciais para conferir um aroma especial ao fruto, mais doce que o habitual. “Digo sempre às pessoas que nunca ponham açúcar nos nossos morangos, porque estão a dar cabo da saúde e a adulterar o paladar”, adianta.
Outro produtor, Armindo Alves, lembra que começou há 23 anos com uma pequena plantação de 10 mil pés e agora tem quase quatro vezes mais. Garante que é tudo escoado. “E mais que houvesse”, diz. “Desde que é feita a feira, não temos mãos a medir, porque levamos o nosso produto às lojas, se estiver está lá o espanhol, não lhe tocam. E o nosso vai logo”, afirma.
Só estes dois agricultores têm a trabalhar nos morangais mais de 20 pessoas da freguesia. “Têm de se apanhar com cuidado, porque é uma fruta sensível e não podemos partir o morango verde que há, nem a flor”, revela Ester Pinheiro, confessando que é um trabalho com muito desgaste físico. “Ao fim do dia dá cabo de nós, são dores nas pernas e nas costas porque andamos todo o dia amarrados, por isso é que os mais novos não querem nada com isto”, diz. Ainda assim, há exceções. Susana Ferreira, tem 38 anos e desde os 18 que trabalha na apanha. “Também trabalho nas limpezas, mas a grande parte do tempo é no morango”, conta. “Custa um bocadinho, porque andar aqui 5 horas amarrada, é dose, mas pronto, faz-se com gosto, com amor e as coisas correm bem”, acrescenta.
Nos dois dias que antecedem a feira, os quatro produtores da freguesia fazem uma interrupção na apanha para acautelar uma quantidade exclusiva para o certame.
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