quarta-feira, 15 de março de 2017

Mais de 50 % das vítimas de violência doméstica regressa ao lar

A maioria das vítimas de violência doméstica acolhidas na casa abrigo de Bragança volta a coabitar com o agressor. Esta elevada percentagem deve-se, segundo a directora desta unidade de resposta às vítimas, Catarina Vaz, à dificuldade em reconstituir a vida, em particular encontrar uma nova habitação e emprego.
“Diria que mais de 50 por cento regressa a dividir casa com o agressor. É complicado casa e trabalho, a parte do trabalho é muito mais complicada, por exemplo aqui em Bragança é muito difícil as pessoas encontrar um emprego, estamos um pouco limitados porque em termos de tecido empresarial é uma cidade pequena em que não há muitas ofertas de emprego”, destacou a responsável.

Numa conferência subordinada ao tema “Vítimas e agressores: do género à responsabilização individual”, a directora da casa abrigo da Santa Casa da Misericórdia de Bragança reiterou ainda a necessidade da criação de mais vagas para vítimas de violência doméstica, já que as actuais cinco são insuficientes, sendo necessárias em particular vagas de emergência.

“O essencial para a região seria haver vagas de emergência, que possibilitasse ao núcleo de atendimento às vítimas de violência da ASMAB fazer encaminhamento para a nossa casa abrigo em situação de emergência, o que possibilitaria às vitimas permanecer cerca de 10 dias, e depois possibilitasse o encaminhamento para uma casa abrigo” numa situação mais permanente, sustentou Catarina Vaz.

A conferência realizada em parceria entre o Centro de Ciência Viva e a Santa Casa da Misericórdia de Bragança contou ainda com participação de Paula Sismeiro Pereira, doutorada em psicologia da justiça e docente do IPB, que frisou que a mediatização da problemática da violência doméstica não leva ao aumento de queixas apresentadas, no entanto, pode ajudar a vítimas a ganhar consciência da sua condição.

“A mediatização ajuda a que as pessoas percebam eventualmente que podem ter um problema e isso pode fazer com que percebam que não querem estar numa situação que é problemática que não tem de ser assim”, entende.

A casa abrigo de Bragança está a funcionar desde 2002 e desde essa altura acolheu cerca de 210 mulheres e entre 50 a 60 crianças. 

Escrito por Brigantia

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