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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

CONNOSCO É DIFERENTE!

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Que alegria, que contentamento, que felicidade, se encontra estampado nos olhos da mãe, ao pegar, pela primeira vez, o recém-nascido! …
Ele é tudo, para ela. Quantas horas mal dormidas irá passar? Quantas horas de aflição? Quantas horas de angústia? Porque: o filho amado, está com: febre; não come: rejeita medicamentos; feriu-se gravemente, e chora de dor…
Mas, tudo passa, ao ver o sorriso inocente; o gesto de ternura; a gracinha comovedora do menino…
Deslumbrados com a maravilha – por eles criado, – amam-no de tal jeito, que darão a própria vida, para proteger, sua vida…
Assim, a criança, cresce, lentamente…Lentamente, cria laços de amizade: no infantário; depois na escola… mais tarde na vida…
E pouco a pouco, vai, com desgosto, verificando que os progenitores, não eram, como pensava: super-homens…
O adolescente, irreverente e desiludido, procura, agora, afastar-se. Além de “ignorantes”, os pais, ainda são retrógrados…velhotes, e “coroas”…
Em desespero, a mãe, numa tentativa de o prender, encobre-lhe leviandades, paparica-o, e chora baixinho, para que o pai não a ouça… e não ralhe.
Mas a “criança”, agora adulto, tem ânsias de liberdade: libertar-se das amarras paternas… Mostra-lhes vontade imperiosa de navegar… de ser livre…
E, enquanto cresce, desenvolve-se, e se torna homem, os pais, envelhecem… Surgem-lhes as primeiras rugas e adiposidades indesejáveis; achaques próprios da idade; reumatismo; perdas de memória; enfim: chega a caturrice…
Cansado de cuidados e recomendações paternas, começa a censurá-los: o modo como vivem: hábitos antiquados, que os domina; tiques e trejeitos…
E os pais, sempre a envelhecerem… e a paciência do filho, sempre a esgotar-se….
Farto de escutar: velhos e conhecidos episódios; gracinhas de infância; e de os ver adormecer, diante da TV, e nos transportes públicos; de tanta rabugice e caturrice, a “ criança”, que tantos amaram, agora considera-os: dementes, incapazes; e passa a escolher-lhes: a roupa que vestem; a comida que comem; os remédios, que tomam; as horas de dormir e passear…
Apesar do coração paterno chorar tristemente de dor; e a alma continuar jovem… (num corpo velho); os progenitores, tudo perdoam… porque muito amaram…. E muito lhe querem…
Um dia – o dia sempre chega, – partem…para não mais voltarem…
Então, o filho, recorda, com tristeza: tempos antigos; conversas e carinhos; conselhos mal ouvidos. E o coração constrangido, começa a chorar de saudade…
Só agora, repara, assombrado, que o seu próprio filho, que pensava ser diferente, porque educara-o com muito amor, está a percorrer as mesmas fases, que ele passou…
Isto é a vida! … A vida, que sempre se renova; mas que é sempre igual…
E nós que pensávamos, que, connosco, seria diferente! …

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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