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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

TODOS QUEREM SER RICOS….

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Esta manhã, ao passar pela tabacaria de Centro Comercial, da Rua de Santa Catarina (Porto,) deparei com larga fila de clientes, que esperavam, pacientemente, para registarem o boletim, que os habilitaria – pelo menos assim esperavam, – ao fabuloso prémio do ”Euro milhões”.
Admiro-me que haja tantos candidatos a milionário…. Admiro-me, porque quase todos (assim penso,) dizem detestar os ricos…
Ao presenciar esse mar de gente, que procura, na sorte, tornar-se milionário, lembrei-me da curiosa historieta, narrada, em verso, por Sá de Miranda:
Em carta, a seu irmão Mem de Sá, o nosso clássico, conta a história de dois ratinhos: um vive, com fartura, na cidade; outro, modestamente, no campo.
O rato da cidade, certa vez, foi passear pelo campo, mas distraiu-se, e fez-se noite.
Receoso de regressar, na escuridão, resolveu pedir abrigo a ratinho pobre, que vivia na aldeia.
O ratinho deu-lhe guarita e comida, e após parca ceia, foram aquecer-se, à lareira
O rato da cidade, contou-lhe, que lá na sua casa, havia: comida em abundância, de boa qualidade, e também boa cama.
Como recompensa da hospitalidade, convidou-o a ir visitá-lo.
O ratinho aceitou a gentileza. Comeu do bom e do melhor, e adormeceu, sobre felpudo e fofo tapete.
Mas, por sua desdita, os criados e os cães, da casa viram-no…
O pobre ratinho não teve outro remédio, se não fugir à Vila Diogo, para o buraquinho, dizendo amargurado para o anfitrião:

Minha segura pobreza,
Se chegarei a ver quando
A vos torne? E esta riqueza,
Mal que tanto o mundo preza,
Fuja (se poder) voando?
Ai baldias esperanças!
Que al temos das abastanças?
La guardai vossas mostranças,
Deus me torne ao meu buraco!

Carta VII; a Mem de Sá. In: “ Poesias” - Lelo- Porto – 1928

Mais vale pobreza, com paz e consciência limpa, que riqueza, sem sossego, alma escurecida, e pesados de remorsos…
A verdadeira felicidade e riqueza, resume-se nisso: levar vida simples, e sentir-se feliz com o que se tem…


Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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