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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 8 de junho de 2021

PANDEMIA AFASTOU PESSOAS DA PESCA

 A pesca, conhecida como uma actividade solitária, também não fugiu ao impacto da pandemia.
Com as restrições impostas pelo Governo, como a proibição de circulação entre concelhos, muitos pescadores foram obrigados a pôr de lado a sua “terapia”. O Tua, em Mirandela, é um dos rios mais procurados na região para a prática da pesca. Dos 400 sócios do Clube de Caça e Pesca mirandelense, a maioria são pescadores, e alguns deles bem novos. O gosto pela actividade parece ser uma herança de família, já que se transmite de geração em geração. Um dos exemplos é Carlos Fernandes. Tem 44 anos e é federador pelo Clube de Caça e Pesca de Mirandela. Começou a pescar ainda novo com o seu pai e foi ai que “surgiu o bichinho da pesca”. A pandemia impediu-o de se deslocar do concelho para poder pescar, já que não o faz só em Mirandela, mas também em Chaves, Mondim de Basto e Murça. “Nós estávamos habituados a ter a nossa liberdade, a deslocarmo-nos de uns lados para os outros para pescar, mas primeiro está a saúde e depois a pesca”, referiu. 
A pesca desportiva é outro dos seus fascínios, até porque entende que pescar requer muita estratégia. “Mediante os rios em que nós vamos pescar adaptamos o tipo de pesca, para que nos dê mais rendimento. É tipo um jogo de estratégia. Na competição requer muita estratégia para haver sucesso. E por este motivo a competição também me fascina, assim como o convívio com os meus colegas, em discutimos as estratégias que adoptamos”, disse. Convívio esse que também ficou de parte já que também isso, inevitavelmente, a pandemia tirou. Mas para o pescador, que até já foi campeão regional da segunda divisão e já chegou a estar na segunda divisão nacional, este é um desporto que não é valorizado nem divulgado. “Acho que os atletas deviam ser valorizados pelo seu empenho, dedicação e gosto, já que estão a representar um clube. Acho que devia haver mais divulgação das provas. É um desporto pouco falado”, afirmou. 
Com 21 anos, Pedro Pinto é um dos pescadores mais novos no clube. Como já era de esperar, foi um gosto de família que lhe foi passado, como se lhe estivesse no sangue. Também ele sentiu o impacto negativo de não poder pescar, já que essa é a sua terapia de todos os domingos. “Naqueles dias em que não se podia sair dos concelhos e não se podia realmente pescar, acabou por custar um bocado, porque eu todos os domingos vou à pesca e ter que ficar em casa era muito mau”, disse o jovem, realçando que este é um desporto seguro, já que os pescadores estão “entre cinco a dez metros de distância uns dos outros”. Para estes desportistas, a motivação passa por querer pescar sempre o peixe maior. “O que me fascina são os peixes enormes. Eu já tive ao meu lado um peixe de 10 Kg que era maior que eu. Comecei também a gostar mais e mais e uma pessoa vai à pesca com a tendência de ver sempre um maior do que já viu”, concluiu Pedro Pinto. 
Com apenas 14 anos, Afonso Ribeiro também faz jus ao ditado “quem sai aos seus não degenera”, não fosse o seu avô o presidente do Clube de Caça e Pesca de Mirandela. “Comecei a ir à pesca com o meu avô e com o meu pai e comecei a gostar. O que mais gosto é de tirar peixe. Pesco desde os quatro anos”, contou. O pequeno adolescente parece ter jeito e há poucos dias conseguiu pescar um peixe, que segundo o avô, poderia ser um recorde. “Foi no dia da criança. Fui à pesca com o meu pai e tirei um achigã. Não sei os centímetros, mas era muito grande”, relembrou. O achigã é o peixe que lhe dá mais gozo pescar. Apesar de ouvir os ensinamentos dos mais velhos, Afonso Ribeiro recorre ao Youtube para aprender técnicas de pesca. Aquilo que considera ser uma diversão é também algo muito a sério, já que participa em alguns concursos. “Já participei em concursos, mas não foi aos achigãs e eu queria participar era na pesca aos achigãs”. 
Para João Ribeiro, presidente do Clube de Mirandela são evidentes os prejuízos que a Covid-19 teve na actividade. “A pesca é uma actividade que requer destreza e treino e em termos sociais ou económicos é sempre um prejuízo, quer em artigos de pesca, anzóis, linhas, boias, como também a própria restauração, que com isto também perde”, referiu, destacando que há pessoas que se deslocam quilómetros para pescar e isso também gera economia na região. Para além disso, também muitas provas foram canceladas pela Direcção-Geral de Saúde, devido à possibilidade de ajuntamentos. 
O que João Ribeiro considera uma “estupidez” já que nas provas os atletas estão “a 11m de distância uns dos outros”. “A pesca é uma actividade bastante segura, se as pessoas tiverem máscara e desinfectarem as mãos, não vejo qualquer problema em praticar nesta altura. Podem ir duas ou três pessoas no mesmo carro, mas em termos de pesca estão afastados, não há ajuntamentos”, frisou. 
Outro dos problemas foi também o aumento do preço das licenças que afastou muitos praticantes de terceira idade desta modalidade. Todos estes factores podem também por em causa o equilibro dos ecossistemas. Segundo o presidente do Clube de Caça e Pesca de Mirandela, o peixe lúcio é um dos “invasores” que se não for pescado “altera o equilíbrio” e cria “graves problemas”. “É um peixe que come o seu peso noutras espécies e provoca grandes problemas e os peixes em desaparecendo há um desequilíbrio bastante grande. Inclusivamente atiram-se a pássaros, aos répteis e acabam por criar graves problemas. 
Era uma barragem [Azibo] onde havia bastantes barbos, bogas, trutas e agora não há estas espécies”, disse, explicando que quando pescado não pode ser devolvido à água.

Mirandela vai ter pista de pesca
A pesca é uma das actividades que atrai pessoas ao concelho de Mirandela e a Câmara Municipal, em conjunto com o clube, decidiu tirar proveito disso e impulsionar a economia. Por isso, está em cima da mesa a possibilidade de se criar uma “pista de pesca pedagógica” para incentivar nos jovens a prática do desporto. Serão construídos “quatro ou cinco pesqueiros”, ou seja, plataformas, e haverá pessoas a ensinar como fazer o empate de anzol ou a colocar uma boia, por exemplo. 
Um projecto que já está mesmo em marcha é a criação de uma pista de pesca. Consistirá na implementação de 32 plataformas ao longo da margem direita do rio Tua. Um investimento de 45 mil euros, candidatado pela câmara ao PROVER. “A criação destas estruturas para a prática da pesca desportiva, em simultâneo com a gestão da vegetação e da estabilização da margem, permitem o acesso e utilização destas plataformas com segurança e, por outro lado, também consolidam a qualidade do sistema ribeirinho”, explicou a presidente do município de Mirandela. Júlia Rodrigues considera que esta pista irá estimular diversos agentes económicos e operadores turísticos, como o alojamento, a restauração e a realização de provas de pesca na cidade.

Parque de Autocaravanas e requalificação de praias
Conjuntamente com a candidatura da pista de pesca, Júlia Rodrigues avançou que também foi submetida uma candidatura para a criação de um parque de autocaravanas, previsto para o parque de merendas e ainda para a requalificação das praias fluviais de Frechas e da Ponta da Pedra, para melhorar as condições das praias com infraestruturas de apoio. “Nós tivemos que fazer pedidos de pareceres à Agência Portuguesa do Ambiente e também à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, neste momento em relação à pisca de pesca já temos pareceres de aprovação, falta o parecer da CCDR-N em relação ao parque das autocaravanas”, concluiu a presidente da câmara.

Jornalista: Ângela Pais

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