segunda-feira, 28 de junho de 2021

Festival Street Art de Bragança descentralizado para sete aldeias

 Este ano, o festival de arte de rua de Bragança desenvolveu-se exclusivamente em sete aldeias do concelho e com vários artistas a criarem em locais diferentes, como uma antiga sala de ordenha.

Street Art, em Bragança© Rui Manuel Ferreira/Global Imagens (arquivo)

Esta descentralização da arte, do meio urbano para o meio rural, 
teve um feedback positivo de artistas e habitantes destas aldeias que passam a integrar o roteiro das cerca de 50 intervenções em espaço público concretizadas ao longo das cinco edições, deste festival.

Baçal, Deilão, Mós, Rebordãos, Santa Comba de Rossas, São Julião de Palácios e Zoio. São as sete aldeias do concelho de Bragança que este ano acolheram o festival que, pela primeira vez, saiu do meio urbano para o rural.

O presidente do Município de Bragança, responsável pela organização, explica as razões para esta descentralização: passa por "levar as pessoas a viajar mais dentro do próprio concelho, conhecer o potencial que existe no meio rural, a nível natural, patrimonial e etnográfico", conta Hernâni Dias.

O desafio pedido aos artistas foi fazer de locais, como um posto de transformação de energia, sedes de associações, de juntas e até de uma antiga ordenha, a tela ideal para a pintura de temas que sejam identitários de cada aldeia.

Em Rebordãos, pintar a fauna da Serra da Nogueira foi o desafio que Tiago Braga abraçou. "Tiveram em conta o tipo de trabalho que costumo desenvolver, porque já represento muitos elementos da fauna e da flora", afirma o artista natural do Porto que confessa ter sido uma ideia muito positiva a de levar esta arte ao meio rural, principalmente pelo contacto mais próximo com as pessoas, o que, raramente acontece nas cidades. "Há um contacto mais próximo com as pessoas, é um local mais tranquilo, são boas condições para trabalhar. Numa cidade, as pessoas estão na sua vida e fazem comentários rápidos, mas aqui conseguimos falar um bocadinho com as pessoas", diz o artista.

O mesmo sentimento é manifestado por Francisco Bravo, que em Santa Comba de Rossas, pintou as memórias da linha ferroviária num Posto de Transformação de eletricidade. "A própria interação das pessoas com a obra é diferente, tudo é mais pessoal. Pelo menos eu venho do Porto e estou habituado a um ambiente que é um pouco mais impessoal", referiu.

Os habitantes das aldeias envolvidas nesta edição do Street Art foram acompanhando com muita curiosidade as pinturas e o veredicto final é satisfatório, como é percetível nas declarações de Armando Gomes. "Por acaso está bonito, toda a gente ficou contente com esta pintura. Nunca tinha visto isto ao vivo, mas digo-lhe que deve ser um grande artista", afirma este habitante de Rebordãos, que conta que já fotografou a intervenção e enviou a imagem aos filhos que estão em França e na Suíça.

Também Irene Ala, moradora em Mós, ficou agradada com o resultado da pintura no mural da associação local. "Gosto mais desta que fez aqui o moço, pôs lá os carvalhos, as bolotas e essas coisas", afirma.

Este ano, a autarquia investiu 10 mil euros na quinta edição do festival de Street Art que chegou a sete aldeias do concelho. Em 2022, o município promete levar novas pinturas aos murais de outras aldeias.

Fernando Pires

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