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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Guerra Junqueiro: "Os gigantes da montanha e os anões da planície"

 Era uma vez uma família de gigantes, que viviam num castelo na montanha: um dos gigantes tinha uma filha de seis anos, da altura de um álamo. Era curiosa e andava com vontade de descer à planície a ver o que faziam lá em baixo os homens, que de cima do monte lhe pareciam anões. Um belo dia, em que seu pai o gigante tinha ido à caça e sua mãe estava dormindo, a jovem giganta desatou a correr para um campo, onde os jornaleiros trabalhavam. Parou surpreendida a ver a charrua e os lavradores, coisas inteiramente novas para ela. “Oh! que lindos brinquedos!” exclamou. Abaixou-se e estendeu por terra o avental, que quase que cobriu o campo. Lançou-lhe dentro os homens, os cavalos, a charrua; de dois passos tornou a subir a montanha, e entrou no castelo, onde seu pai estava a jantar.

- Que trazes aí, minha filha? perguntou ele.

- Olhe, disse ela, abrindo o avental, que lindos brinquedos. São os mais bonitos que tenho visto.

E pô-los em cima da mesa, a um e um: os cavalos, a charrua e os trabalhadores, que estavam todos espantados, como formigas a quem tivessem transportado de um formigueiro para um salão. A gigantinha pôs-se a bater as palmas e a rir com uma alegria doida, mas o gigante fez-se sério e franziu o sobrolho. Fizeste mal, disse-lhe ele. Isso não são brinquedos, mas coisas e pessoas que devem estimar-se e respeitar-se. Mete tudo isso com cuidado no teu avental, e põe-no imediatamente onde o achaste; porque fica sabendo que os gigantes da montanha, morreriam de fome, se os anões da planície deixassem de lavrar a terra e de semear o trigo.

Fonte:
Guerra Junqueiro: "Contos para a Infância", Publicado originalmente em 1877.

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