quinta-feira, 22 de julho de 2021

LETRAS TROCADAS

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Hoje, nas minhas leituras matinais surgiu este texto que me fez mais uma vez refletir sobre o assunto e que transcrevo:
  
De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê cnocseguee anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltrea szoinha, mas a plravaa cmoo um tdoo.

O texto remete-me para uma preocupação que me acompanhou durante todo o meu percurso profissional e continua a merecer a minha atenção “ as mágoas” daqueles para quem a escola se torna um suplicio só porque manifestam  dificuldades na aprendizagem da leitura e da  escrita apesar de demonstrarem capacidades extraordinárias noutras áreas  de expressão.
No início de um ano lectivo completamente atípico tenho-me lembrado muito destes alunos. Se o confinamento destes e de outros alunos foi péssimo por não permitir  a interacção entre pares, ouvi da boca de alguns com quem convivi,  terem  sentido  um alívio não se sujeitarem  às leituras em público, nem à contagem dos erros por parte de quem corrige os seus trabalhos e a maior parte das vezes não se coíbe de verbalizar a frase fatal:  “ és sempre o mesmo…ou a mesma”…  
O que interessa afinal?... Se por um lado temos o dever de acompanhar todos os alunos por forma a alcançar os objetivos propostos para o seu nível de ensino a forma como seleccionamos as estratégias para o conseguir é efectivamente o que conta. Entender estes alunos, fazê-los sentir uteis e especiais nas diferentes áreas de aprendizagem é a motivação para trabalhar as áreas comprometidas. Hoje não me interessam explicações mais ou menos científicas para o fenómeno. Hoje interessa-me realçar a importância do envolvimento no bem estar psicológico do aluno e o reforço a dar às famílias.
Como o texto que transcrevi demonstra, afinal compreendemos as mensagens apesar do posicionamento das letras trocadas... É a primeira mensagem que interessa. Depois há que trabalhar a correção colectiva do texto e apelar para a memória visual e auditiva. Só se aprende quando estamos disponíveis para o fazer e nos sentimos felizes com isso. Com este pressuposto prometo que as próximas reflexões que escreverei neste espaço vão reflectir abordagens de intervenção pedagógica em alunos com dificuldades na leitura e na escrita. Com avanços e recuos, conseguiram-se   percursos académicos felizes. Tudo é possível quando nos envolvemos com perspectivas  positivas.


Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança. Estudou na Escola do Magistério em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) deu aulas no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti. No Porto. A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. 
Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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