Maria José não acredita na possibilidade de ter sido um ajuste de contas. “O meu filho conversava muito comigo e se houvesse alguma ameaça, acho que ele contava-me o que se passava”, refere.
Cláudio era filho único de Maria José e Sérgio Nascimento. “Sempre viveu connosco. Lá ia de vez em quando com o pai às campanhas e ganhava algumas jeiras por aqui”, revela a mãe com olhar fixo numa das várias fotografias de Cláudio espalhadas pela casa. “O quarto dele continua tal como ele o deixou, com todas as coisas que ele tinha. As bandeiras, os aviões de coleção, as bolas de futebol, porque ele gostava muito de futebol ciclismo e também de pesca”, recorda.
Este silêncio também está a ter reflexos nos habitantes da pequena aldeia. “Noto que as pessoas estão em sobressalto, por vezes, quando o assunto vem entre amigos, a saudade, a revolta de não sabermos nada nestes três anos, sobre o que aconteceu ao Cláudio, é um bocado angustiante”, afirma o presidente da União de Freguesias de Barcel, Marmelos e Valverde da Gestosa. “A família está destruída psicologicamente. Isto causa um sofrimento enorme e ainda por cima não sabem que tirou a vida ao filho e o mistério de uma morte deixa-nos incomodados”, acrescenta Luís Esteves.
MORTE MISTERIOSA
Não são ainda conhecidas as circunstâncias em que ocorreu a morte de Cláudio Nascimento. Sabe-se apenas que nessa tarde, do dia 29 de novembro de 2020 (domingo), a vítima foi à pesca, como era habitual, no local, conhecido como a zona da “fraga velha”, a mais de dois quilómetros da aldeia. “Nunca mais dava notícias nem aparecia, fui saber dele àquele sítio, estava lá a mochila, a cana de pesca e o chapéu e muito sangue espalhado”, contou, na altura, o pai, Sérgio Nascimento.
Foram acionados os bombeiros e os militares da GNR e o corpo foi resgatado da água do rio Tua, já na madrugada do dia seguinte. Ao que apurámos, Cláudio terá sido atingido na zona da cabeça com um tiro disparado por uma arma de grande porte, provavelmente uma caçadeira.
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