Falamos de peito cheio e graças a Abril em liberdade, pouco ou muito pouco falamos de prisão. Por vezes são os pormenores que nos fazem ficar a pensar sobre as diferenças entre uma e a outra.
A prisão oprime-nos, cercia-nos a mente e o corpo, encolhe-nos a todos os níveis, física, psicologicamente... A liberdade deixa-nos respirar e crescer... dá-nos oportunidades.
Eu tive um aquário. Como todos aqueles que têm em suas casas aquele pequeno recipiente de vidro sabem, aquilo dá trabalho e exige alguma dedicação. Mas, mesmo com muita dedicação, os peixes lá vão morrendo… paulatinamente… uns atrás dos outros.
Há mais de trinta anos atrás, já só me restava um peixe. Um pequenino peixe ainda mais pequeno que o meu pequeno polegar…e mais dia, menos dia lá iria ele seguir o destino dos seus ancestrais.
Não!
Decidi um dia e falei com ele: - Vais morrer, como todos os seres vivos, mas não será aqui. Vais para um dos tanques da aldeia.
Pensei…deves morrer à fome mas pelo menos tens espaço e vais passar os teus últimos dias a "saborear" um pouco de liberdade. Não era uma liberdade sem limites e incondicional mas era mil vezes maior do que a que tinha naquele aquário com 25 litros de água da torneira.
E assim foi. Sem ter que nadar lá foi “desaguar” ao tanque que fica mesmo ao lado da Fonte do Olmo. Fiquei a observá-lo durante um longo período… e deixei-o, em jeito de despedida.
Um dia, alguém se lembrou de lhe arranjar companhia. E então, no tanque passou a habitar mais um peixe, todo preto, que passou a usufruir do espaço do tanque com o peixe que tinha sido "meu/nosso", todo colorido.
Passados cinco anos, o peixinho colorido do tamanho do meu pequeno polegar, já tinha o tamanho do meu antebraço e, o peixinho preto, do tamanho do polegar de quem o deixou a fazer companhia ao meu, tinha garantidamente o tamanho do antebraço de quem se despediu dele, ao deixá-lo a fazer companhia ao meu…
A prole dos dois, já era enorme, numa mescla de peixinhos coloridos e peixinhos pretos…todos grandes e bem nutridos.
Interrogo-me sobre qual seria o tipo de alimentação, para além dos pedaços de pão que a minha sogra lhes ia deitando quando passava a caminho das galinhas.
A liberdade aguça o engenho, a prisão definhe-nos.
A liberdade é um estado supremo, a que por norma, só se dá valor quando se perde, à semelhança da saúde.
Os dois peixinhos, que certamente já não pertencem ao mundo dos peixes vivos, já terão a nadar no tanque uma trigésima geração… e são todos "livres".
Quando chego à aldeia e depois de cumprimentar a família, vou sempre ao tanque... vê-los "nadar" um pouco... dou uma assobiadela e sorrio... e eles, talvez sorriam também...
O meu filho insiste que o primogénito ainda lá deve estar. Lá que um deles parece...
A prisão oprime-nos, cercia-nos a mente e o corpo, encolhe-nos a todos os níveis, física, psicologicamente... A liberdade deixa-nos respirar e crescer... dá-nos oportunidades.
Eu tive um aquário. Como todos aqueles que têm em suas casas aquele pequeno recipiente de vidro sabem, aquilo dá trabalho e exige alguma dedicação. Mas, mesmo com muita dedicação, os peixes lá vão morrendo… paulatinamente… uns atrás dos outros.
Há mais de trinta anos atrás, já só me restava um peixe. Um pequenino peixe ainda mais pequeno que o meu pequeno polegar…e mais dia, menos dia lá iria ele seguir o destino dos seus ancestrais.
Não!
Decidi um dia e falei com ele: - Vais morrer, como todos os seres vivos, mas não será aqui. Vais para um dos tanques da aldeia.
Pensei…deves morrer à fome mas pelo menos tens espaço e vais passar os teus últimos dias a "saborear" um pouco de liberdade. Não era uma liberdade sem limites e incondicional mas era mil vezes maior do que a que tinha naquele aquário com 25 litros de água da torneira.
E assim foi. Sem ter que nadar lá foi “desaguar” ao tanque que fica mesmo ao lado da Fonte do Olmo. Fiquei a observá-lo durante um longo período… e deixei-o, em jeito de despedida.
Um dia, alguém se lembrou de lhe arranjar companhia. E então, no tanque passou a habitar mais um peixe, todo preto, que passou a usufruir do espaço do tanque com o peixe que tinha sido "meu/nosso", todo colorido.
Passados cinco anos, o peixinho colorido do tamanho do meu pequeno polegar, já tinha o tamanho do meu antebraço e, o peixinho preto, do tamanho do polegar de quem o deixou a fazer companhia ao meu, tinha garantidamente o tamanho do antebraço de quem se despediu dele, ao deixá-lo a fazer companhia ao meu…
A prole dos dois, já era enorme, numa mescla de peixinhos coloridos e peixinhos pretos…todos grandes e bem nutridos.
Interrogo-me sobre qual seria o tipo de alimentação, para além dos pedaços de pão que a minha sogra lhes ia deitando quando passava a caminho das galinhas.
A liberdade aguça o engenho, a prisão definhe-nos.
A liberdade é um estado supremo, a que por norma, só se dá valor quando se perde, à semelhança da saúde.
Os dois peixinhos, que certamente já não pertencem ao mundo dos peixes vivos, já terão a nadar no tanque uma trigésima geração… e são todos "livres".
Quando chego à aldeia e depois de cumprimentar a família, vou sempre ao tanque... vê-los "nadar" um pouco... dou uma assobiadela e sorrio... e eles, talvez sorriam também...
O meu filho insiste que o primogénito ainda lá deve estar. Lá que um deles parece...
VIVA A LIBERDADE!
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