Jorge Lima Barreto morreu em 2011, tinha 63 anos. Foi músico, escritor e professor, bem como fundador dos Anar Band, da Associação Música Conceptual, dos Telectu e do duo Zul Zelub. Realizou também música para teatro, dança, pintura, poesia, vídeo-arte, performance, multimédia e cinema. O currículo do artista é muito mais vasto e é por isso que a câmara de Vinhais lhe presta homenagem, através de uma bienal.
O irmão do artista, Luís Lima Barreto, recorda uma pessoa especial e, por isso, considera que a bienal é mais do que merecida. “Acho que o município faz muito bem em fazer esta homenagem que ele merece completamente. Era uma pessoa muito alegre, muito divertida, inventiva, escrevia poemas, eramos completamente opostos, porque eu era de letras, era muito conservador e ele era um revolucionário a todos os níveis”, recordou.
Ao lado de Jorge Lima Barreto, Vítor Rua, que é também o curador da bienal, fundou os Telectu. A primeira vez que a banda saiu à rua foi no festival Vilar de Mouros, em 1982. Depois, Vítor Rua levou a sonoridade da banda a vários países, com o artista de Vinhais, que é muito difícil de descrever. “Como escritor, escreveu livros sobre todo o tipo de músicas, mas também escreveu ficção científica, fez banda desenhada, era coleccionista de várias coisas, era uma pessoa interessada em jardinagem, tinha um humor extraordinário, portanto, era uma pessoa muito difícil de meter numa gaveta só, mas gostava do melhor e exigia o melhor”, destacou.
O irmão do artista doou ao município a casa de família, que fica junto ao Centro Cultural Solar dos Condes. A bienal é também, por isso, uma forma de agradecer este gesto. E, segundo o presidente da câmara, Luís Fernandes, brevemente será lançada a obra para se transformar a casa num espaço de cultura, que integre espólio do artista, que também foi doado ao município. “É mais do que justo, é uma homenagem fazer esta bienal para mostrar esse trabalho excelente que foi feito por um vinhaense. Também para agradecer o facto de ter disponibilizado para o concelho uma casa que é sobejamente conhecida por todas e que vai ser transformada como espaço cultural. Está feito o projecto e vai ser lançada agora a obra. Estamos a falar de uma obra de 300 mil euros, mas esperamos no espaço de um ano ficar concluída”, disse.
A bienal, que decorreu sexta e sábado, contou com apresentações do trio de percussão composto por Alexandre Oliveira, Zé Barros e Esio Buklaha, além da interpretação poética de Luís Lima Barreto. O guitarrista Tó Trips, dos Dead Combo, e os artistas Ilda Teresa Castro e Hernâni Faustino apresentaram as suas colaborações musicais, ao lado de Vítor Rua.
Esta foi já a quinta vez que o município de Vinhais prestou homenagem a Jorge Lima Barreto.
Sem comentários:
Enviar um comentário