quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Miranda - Grupo feminino de gaiteiras pretende ser «lufada de ar fresco»

Quatro instrumentistas formaram o primeiro grupo de gaiteiras exclusivamente constituído por mulheres, com o intuito de divulgar a música e danças do cancioneiro tradicional mirandês nos mais diversos palcos.
Não se deixando intimidar no meio de uma tradição ligada aos homens, este grupo constituído por quatro jovens mulheres depressa descobriu que é possível manter os costumes mas aliando-os a uma nova «roupagem», com novos elementos.
Segundo Susana Ruano, o gosto pela música tradicional e pelas gaitas de foles, aliado ao conhecimento da música tradicional, levou à constituição do grupo.
No entanto, antes das Las Çarandas houve outras experiências que não foram para a frente devido às vidas de profissional de cada uma das intervenientes.
«Esta é uma forma de juntar o útil ao agradável. Juntámos a amizade que nos une ao gosto pela música tradicional», acrescentou a gaiteira.
As instrumentistas acreditam que não estão a dar uma «pedrada no charco» e adiantam que estão ser bem recebidas por onde passa, não sendo olhadas de lado pelos velhos gaiteiros da região.
«Temos tido muito apoio dos novos e dos mais antigos gaiteiros», disse Diana Caramelo.
O repertório da formação assenta nos elementos comuns da música tradicional de Miranda, que é executado com recurso a instrumentos padronizados como é caso das gaitas de foles mirandesas.
«O nosso reportório é também elaborado em função das danças em cada apresentação, arruada ou espectáculo», frisou Ana Guerra outra dos elementos do grupo.
Um dos elementos da formação costuma ajudar o público a dar os primeiros passos das danças tradicionais, como forma de cativar os presentes no terreiros ou nos salões onde decorrem as actuações da formação feminina.
Isto ajuda a que o público se torne mais participativo nos espectáculos.
Apesar de existirem apenas há pouco mais de um ano, a formação tem projectos concretos para futuro, de modo a afirmar-se e tornar-se um grupo de referência da cultura mirandesa.
«A fonte inspiração das Las Çarnadas é a sensibilidade de cada uma das intervenientes», acreditam as quatro instrumentistas.
O futuro poderá passar pela gravação de um disco.
Apesar da crise, 2012 terá de ser o ano de afirmação de um grupo feminino que aposta na genuidade de gaita mirandesa.
Para além de todo a componente musical aliada à coreografia dos espectáculos de «Las Çarandas», o grupo tem ainda em conta um cuidado especial com o vestuário com que se apresenta.
«Quisemos que as nossas roupas tivessem um parte da tradição mirandesa, onde o burel é a base, aliado um corte moderno», acrescenta Susana Ruano.
No que diz respeito aos instrumentos, são construídos por artesãos mirandeses.
As gaiteiras do planalto mirandês são representadas pela Associação Cultural «Lérias».
O nome mirandês Çarandas advém de um artefacto agrícola, que em português se chama crivo.
Este instrumento era muito utilizado em várias tarefas, como, por exemplo, separar o grão da palha.
Café Portugal/Lusa
in:cafeportugal.net

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