Foto: Glória Lopes |
Etelvina não sabe que idade tem, está convencida que anda pelos 27, mas pelo aspecto há muito dobrou os 70. Talvez tenha sido feliz naquela jovem idade, não se sabe, porque a memória já falha para poder reviver esse tempo.
Também não sabe “que caminho levou” o bilhete de identidade, sabe que no dia anterior tinha ido a Macedo de Cavaleiros. Talvez tenha ficado por lá. Não sabe dar nenhuma explicação lógica à equipa da GNR que a visitou no passado dia 20. Não foi a primeira vez que José Rodrigues, Cláudia Costa e Sandra Sá, militares da GNR em Bragança, se deslocaram à sua casa em Vila Franca, no concelho de Bragança, onde vive com o marido e o filho.
Assim de repente Etelvina não se lembra quem são aquelas pessoas simpáticas. “Sabe quem somos?” pergunta Cláudia Costa. “Humm”, murmura a idosa, mostrando as suas dúvidas. “Não se lembra que estivemos cá e lhe deixamos uns panfletos com o número da GNR?”. Mais uma tentativa para lhe avivar as recordações. Nada feito. Foi necessário a militar ir ao carro buscar o chapéu de guarda para Etelvina ter um lampejo de memória: “Olha são guardas! Mas que jeito tem umas meninas guardas?
Não tem jeito nenhum, se fosse um trabalho com uns bons estudos e uma máquina de escrever à frente”, comenta a idosa com um sorriso estampado no rosto. Convida para entrar e para lanchar. “Fica para outra altura”, dizem os guardas.
O marido, o senhor Fortunato, não dá sinais, mais uma vez não aparece à chamada dos guardas, que admitem que numa conseguiram falar com ele. É desconfiado. Na primeira visita que a GNR fez à família, o idoso ligou para o quartel em Bragança para saber se era verdade que os militares andavam a visitar os velhos. Confirmou-se, mesmo assim não foi suficiente e o senhor Fortunato deslocou-se a Bragança ao quartel para que lhe atestassem pessoalmente a veracidade das visitas.
Estes comportamentos são frequentes, os idosos esquecem-se das visitas da GNR ou são desconfiados das intenções. Nem sempre é fácil lidar com eles, contudo existe muito boa vontade por parte dos militares que sabem os nomes dos idosos de cor e quais são os seus problemas.
Por: Glória Lopes
in:mdb.pt
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