segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Scuola Mirandesa de l Porto

O mirandês, segunda língua oficial em Portugal, é ensinada no Porto há três anos pela Scuola Mirandesa de l Porto, reivindicando o seu impulsionador, Fernando Belezas, a intervenção do Estado para que passe a chegar à diáspora.
Depois de séculos no isolamento, o dialeto mirandês recebeu em 1999 o estatuto de língua oficial em Portugal e, passados 20 anos, Fernando Belezas disse à agência Lusa ser tempo de o Estado intervir abrindo as portas a um ensino mais alargado.
"Passados 20 anos da lei da língua, o Estado devia promover a criação do Instituto da Língua Mirandesa, à semelhança do Instituto Camões, promovendo o ensino do mirandês não só em terras de Miranda [do Douro] como na diáspora", argumentou.
"O que há que fazer é avançar para a institucionalização da língua, o Estado tem de começar a promover este ensino [...] como defesa da cultura e promoção da língua mirandesa, porque sendo uma língua de Miranda é também uma língua de Portugal", acrescentou.
Lecionado nas escolas de Miranda do Douro como disciplina opcional, o projeto no Porto conseguiu juntar 70 interessados desde a criação e é para fora das fronteiras do Planalto Mirandês que quer crescer.
"Isso é um ponto essencial se imaginarmos que hoje grande parte dos mirandeses não vive em Miranda [...]. Hoje temos plataformas tecnológicas que nos permitem o ensino através da internet", reiterou Fernando Belezas, que, em 2016, com mais dois amigos, lançou o projeto no Porto.
Com "amadorismo", os "três amigos de Miranda do Douro juntaram-se e decidiram que era o momento de criar no Porto uma instituição, uma espécie de organização que concretizasse o ensino, a promoção e preservação das tradições mirandesas e, essencialmente, da língua mirandesa", contou.
O passo seguinte foi a criação da Escola Mirandesa do Porto ou, em mirandês, Scuola Mirandesa de l Porto onde a par do ensino do mirandês dão-se aulas de pauliteiros, gaitas de foles, de percussão tradicional e de língua e cultura mirandesa. 
A funcionar em Paranhos, a escola organizou também algumas oficinas de língua e cultura mirandesa e uma tertúlia, chamada "Cumbersas an mirandês" que juntava pessoas oriundas das terras de Miranda para que falassem mirandês, pelo menos, uma vez por semana, explicou.
Deste modo, enfatizou Fernando Belezas, este grupo "estimula também os próprios falantes de mirandês, que com muita dificuldade conseguem encontrar um interlocutor", mas não só.
"Tínhamos também conhecidos [do Porto] que nos estimularam a ensinar-lhe todas as nossas tradições, a transmitir-lhes todo o nosso conhecimento a cerca do património cultural mirandês e nós sentimos necessidade de transmitir a nossa cultura para nos enraizarmos", explicou de uma conjugação de interesses que tem feito crescer a escola.
Hoje em dia, "a maior parte das pessoas que constituem a escola são do Porto, pessoas que dispõem de algumas horas por semana para aprender as tradições mirandesas", frisou o promotor para quem a adesão verificada "é uma grande demonstração de gratidão para com os mirandeses". 
E apesar de a escola "viver um pouco do amadorismo e da disponibilidade de cada um", para abril está programado o lançamento de minicursos de mirandês que terão uma duração aproximada de dois meses, revelou Fernando Belezas.

JYFO/ACYS // TDI
Lusa/fim

Sem comentários:

Enviar um comentário