A observação de aves poderá ser um complemento económico e turístico para as regiões do interior, num país que acolhe cerca de 250 espécies de aves, das quais 180 são frequentadoras habituais dos céus nacionais, defende um investigador.
A tese foi defendida por Paulo Travassos, investigador do Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade de Trás-os–Montes e Alto Douro (UTAD), no decurso da Festa das Aves que decorreu em Vila Chã da Braciosa, concelho de Miranda do Douro.
«É importante trazer as pessoas a estes locais de observação de aves para poderem observar de perto as espécies que por vezes só vemos em documentários televisivos», acrescentou o investigador.
A provar a afirmação está José Borges, um observador de aves que fez seis horas de viagem desde Almada até à pequena aldeia transmontana, situada em pleno coração do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI).
«Fui capaz de observar um papa-figos, uma ave muito bela, que tem um canto muito melodioso. Na primeira vez que me desloquei a esta região para observar aves tive esse privilégio», acrescentou o ornitólogo amador.
Desde o papa-figos, passando por outras aves de pequeno porte, até aos reis dos céus como o abutre do Egipto, britango, grifo ou águia de bonelli, a região do PNDI acolhe algumas das espécies mais raras da avifauna europeia.
Para que esta actividade se torne proveitosa, é imprescindível dispor de equipamentos como binóculos, máquina fotográfica ou um telescópio e um bom exemplar do «guia do observador de aves», para assim se poder identificar as espécies, ou tirar dúvidas sobre exemplares semelhantes.
Apesar de a região do PNDI ser um verdadeiro «santuário» para as aves rupícolas e várias espécies de pequenas aves, nem sempre é fácil observá-las em território natural, já que algumas são tímidas e por vezes os grupos de observadores não escolhem as horas mais propícias. Há ainda o ruído provocado por alguns observadores «menos cautelosos».
«De futuro, a organização terá de ter em conta os horários mais propícios para a observação de aves, porque que há espécies que não aparecem a toda a hora e por vezes não temos a sorte de as contemplar», explicou ao longo da caminhada Aníbal Gonçalves, um dos participantes.
No entanto, o observador de aves teve a oportunidade de observar espécies raras como o martin pescador ou o melro das rochas, salientando o convívio com outros participantes.
A região do Douro Internacional acolhe mais de três dezenas de espécies que se tornaram «emblemáticas» em todo o espaço europeu.
A iniciativa foi promovida em conjunto pela Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino, juntamente com Associação de Proprietários de Pombais Tradicionais do Nordeste e o Laboratório de Ecologia Aplicada da UTAD.
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