O Monte de Morais é possivelmente o melhor local da Península Ibérica em termos de serpentinitos, uma rocha metamórfica, com grande toxicidade, que dificulta o crescimento da flora.
Por isso mesmo, especialistas dos quatro cantos do mundo, que participam na VII Conferência Internacional sobre Ecologia do Serpentinito, na Universidade de Coimbra, fizeram ontem uma incursão ao Monte de Morais, em Macedo de Cavaleiros.
Biólogos e geólogos que estudam a ecologia das serpentinites, uma rocha rara, rica em metais pesados, que dão origem a solos muito tóxicos, passaram por Morais.
São rochas ultrabásicas que ocupam 20% da Califórnia, parte da região da Caledónia, na Austrália, mas raras em Itália, Espanha e Portugal.
O Monte de Morais é, para Carlos Aguiar, docente do IPB, um dos maiores pólos de atracção da Península Ibérica.
“Vêm a Portugal porque o monte de Morais é o maior afloramento de Portugal e dos mais relevantes da Europa de rochas ultrabásicas, que tem imensas plantas endémicas. Vêm à procura de conhecer a nossa flora e investigação.”
120 investigadores de todo o mundo interessados nas plantas endémicas do Monte de Morais.
“Há um grande interesse global nalgumas delas que acumulam níquel. Estudam o seu uso para recuperação de solos que estão poluídos”, explica.
Teresa Gonçalves é bióloga na Universidade de Coimbra, já conhecia o Monte de Morais, e reconhece neste espaço características únicas a nível mundial.
“Tem características únicas, o solo tem composição fora do comum e isso faz com que a vegetação seja diferente do resto. Por exemplo, a única árvore que lá cresce são as azinheiras, mas muito mais pequenas que as outras.”Uma manhã no Monte de Morais, com almoço na Paisagem Protegida na Albufeira do Azibo. A tarde foi passada na parte norte da Serra da Nogueira para analisar mais serpentinites ao longo da estrada romana de Carrazedo.
Brigantia, 2011-06-17
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