A capa e o sarrão nunca pesaram! – O agasalho e a merenda nunca pesaram!
À certa confita – A alturas tantas.
À côa! – Gritava-se para afugentar o lobo ou alcateia!
À cuca – À espreita.
À drede – Adrede. De propósito. Por mangação.
A fazer comida para pobres e a vender aves de bico, nunca ninguém ficou rico – Em negócios de migalhas não se conseguem milhões.
A filha casada ao pé da porta é pior que a cabra na horta – Tenta levar da casa dos pais para a sua casa, tudo o que pode.
À frente que atrás vem gente! – Vamos embora. Segue o teu caminho!
À galinha que canta como o galo corta-lhe o gargalo - Onde há galos não cantam galinhas!
A mulher e a pescada, querem-se da mais lascada – A uma mulher bonita e bem feita chamava-se “uma lasca”.
A ingrampar – A enganar.
A jurdir – A fazer. A urdir. A tramar.
A tua ferramenta é como a do Troca, quando não corta, desnoca! – Isto dizia o Arnaldo Falcão de (Chelas) ao Alfredo Choviscas. Ele que fervia em pouca água atirava logo com a ferramenta (que nunca estava afiada) para o lado e deixava de trabalhar.
A velho recém-casado, rezar-lhe por finado – Quando a virilidade falta, o abuso pode ser o fim antecipado.
À vinda, da Lola, café com leite! – Bem m´ou finto! Não acredito nessa!
Água de cu lavado – Quando um homem gostava muito de sua mulher, diziam que ela o “prendeu” dando-lhe água de cu lavado. Queria dizer que a convenceu a fazer tudo quanto lhe desse na gana. Gomes Monteiro e Camilo Costa Leão, in “A Vida Misteriosa das Palavras”, Portugal Editora, 1944. Esta pitoresca expressão vem do uso antiquíssimo que consistia em dar desta água às crianças, nos primeiros dias de nascidos, para que lhes não tardasse a fala.
Ah, mou burnal, que num sabes nada! – Meu palerma, que andas a dormir na fronha!
Ainda tiras a carocha ao folar! – Ainda apanhas uma tareia.
Ainda vais vender cebolo à Torre! - Diz-se a alguém que anda a «pedir» umas jasteiradas.
Anda o saco atrás do baraço – Anda um atrás do outro, sem se encontrarem.
Andar no Landum – Andar a vadiar. Andar na farra.
Andavas toda encha com eles – Ancho é upado e as pessoas, quando estão vaidosas incham um pouco, nem que seja só na face. Graziela Vieira, in “ Vertentes da Vida” e João de Araújo Correia, in “Linguagem da Minha Terra”.
Ano de muito gaimão, ano de pão – Ano de boa colheita de cereal.
Apagar o fogo com azeite – Acirrar mais a contenda.
Aquela é do fado – Aquela é da má vida ou da vida fácil.
Armar ao andor – Mulher a ataviar-se.
Armou um cagaçal do caraças – Fez um grande estardalhaço ou barulho.
Arrama, arrama o trovão, para onde não haja palha nem grão!... - Início da oração a Santa Bárbara, para afastar ou parar o trovão.
Arrear o calhau! – Defecar. Fazer merda ou asneira.
Arrefeceu-lhe o céu-da-boca – Morreu.
Arreguila-me bem esses olhos! – Tem os olhos bem abertos e não te deixes enganar!
Arriba arriba, lá pr´ó S.Miguel, ouvir a gaita do Mira Pincel – Mira Pincel era um comerciante do S. Miguel, vendia sapatos e tocava bem flauta.
Assentar o cú no mocho – Ir a Tribunal. Hélder Rodrigues, in "Contos da Pedra".
Até Vale d´ Osso, é tudo nosso – Diz-se sempre que se quer dar a ideia de que a maioria dos terrenos é do próprio ou da família.
Habilita-te! – Atreve-te! Arrisca-te!
Há-de ir descalço para a cama – há-de ir ao rego.
Hás-de-me vir comer à mão! – ainda me hás-de pedir ajuda.
Homem velho e mulher nova, ou corno ou cova – crítica popular ao velho que escolhe uma nova.
Homes de Sta. Maria (de Émeres), beis de Valpaços e mulheres de Valtelhas, quem os meter em casa torce as orelhas! – Homes pouco trabalhadores e promeiros até andavam de socos e de gravata. Beis que estavam habituados a lavrar os terrenos arenosos ou saibrosos se fossem para terrenos duros não tinham bom desempenho à charrua ou à agrade. Mulheres de Valtelhas por não serem limpas, isto é, preguiceiras para a lida da casa.
Íamos aos soitos dos oitros – íamos roubar castanhas.
Ir à araba – ir lavrar.
Ir à galela – ir apanhar pequenos cachos de uvas. Ir ao rebusco, ir ao gaipêlo, vinha.
Ir a toque de caixa – ir à pancada. Ir de arroncho.
Ir aos gambozinos – é uma partida que os mais velhos pregavam aos mais novos. (Ir aos caçapos).
Ir até ao fim da linha – finalizar o trabalho ou a conversa.
Ir buscar a morte – ir muito devagar.
Ir de escancha – ir montada a cavalo com uma perna para cada lado da albarda ou de pernas abertas. Era de mau tom uma senhora ir a cavalo de pernas abertas, no tempo em que as mulheres só usavam saias.
Ir num ai! – ir depressa, ligeiro.
Isto bai bô! – Isto não vai bem.
Isto não é fole de ferreiro – isto não é para usar e abusar.
Isto num me chaldra! – isto não me agrada.
Já bais aí? – já vais aí?
Já binheste? – já vieste?
Já estás a rufar! – já estás a comer!
Já impontou o criado – já mandou o criado embora.
Já le beio a tia-Maria! – já lhe veio o período (menstruação).
Já le morde o agrião – diz-se da adolescente que tem expressões ou jeitos ousados.
Já me neva na cabeça – já tenho cabelos brancos.
Já se ensaiou! – já levou pancada.
Julgas que isto aqui é Abreiro?!... – já estamos na Madeira ou quê?!
Lá estás tu no sovadouro! – Lá estás tu a namorar!
Largar terra para feijões – Fugir.
Laurear a pevide – Pavonear-se (pevide é vagina).
Laurear o queijo - Pavonear-se. Mostrar-se, (queijo, aqui é o cu)
Lavrou miúdo benairo! – lavrou um grande bocado ou embelga.
Lérias tuas, trinta e duas! – treta tens tu que chegue!
Leu-lhe a cartilha! – disse-lhe das boas. Deu-lhe conselhos, (como se comportar). Dizia o marido da mulher: - à minha já lhe li a cartilha!
Levar um senapismo - levar um sopapo. Levar uma trepa.
Levar umas hóstias e uma água de unto - levar uma grande tareia. Levar uma trepa bem dada.
Levas uma que até vais a toque de caixa! – toque de caixa é a cadência que obriga a andar sempre em passo estugado, como numa marcha militar.
Levas uma que nem vês a mulher do padeiro! – levas uma que até ficas zonzo!
Língua de sacatrapos – língua de trapos. Língua destravada, incapaz de guardar um segredo.
Lua Nova trovoada, trinta dias é molhada – quando troveja ao entrar a Lua Nova, a chuva prolonga-se com alguma regularidade por todo o mês lunar.
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A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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