OPINIÃO - Jorge Lage
Pode parecer absurdo mas a crise tem duas faces: uma boa e outra má. Uns empresários tremem ou vão à falência com a crise, mas outros têm a oportunidade de ganhar dinheiro. Depois, a crise leva os políticos a fazerem grandes reformas que já deviam ter sido feitas. Tiveram que vir uns senhores da finança mundial e em 15 dias por tudo a nu, o que os nossos fracos políticos não queriam ver. O Prof. Medina Carreira era doido? Não sabia o que dizia? Estamos em tempo de vacas escanzeladas, mas os políticos deviam ser tachados a dobrar por que foi essa turba que nos conduziu a este estado.
Também, a crise pode ajudar a corrigir hábitos alimentares errados, pelo menos a uma dieta mais apertada. Sentia-me ofendido (os meus pais ensinaram-me que estragar comida é pecado) quando via bolos no chão e outra comida que até as pombas faziam parcimónia. O pouco dinheiro na mão vai aguçar o engenho da maioria para se fazer uma boa economia doméstica. Os que recebem 2.000 € mensais (e mais, além de andares a render) e nunca fizeram nada, poderão ter a malha da Segurança Social mais apertada.
Muitos mandriões que não querem trabalhar (e podem), mesmo no mundo rural, a necessidade pode obrigá-los a tratar de um quintal, duma horta ou dum galinheiro. Até Cavaco Silva que pateticamente dizia há vinte anos que o país tinha que abandonar a agricultura e pescas (dava dinheiro para abandonarem duas fontes de riqueza nacional) para se tornar moderno.
Agora diz o contrário, para nos virarmos para o campo. A crise também tem benefícios desde que não cruzemos os braços.
Como me dizia um ilustre amigo mirandês perante a adversidade: - é nas quedas que os rios ganham mais força! Se fôssemos como outros bravos portugueses da História a crise seria vencida. Mas, a teta da União Europeia amoleceu-nos a coluna vertebral do nosso querer. Somos como os borregos mamões que não sabem procurar o sustento além do úbre da mãe e das madrastas.
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