Portugal, Bragança, Alfândega da Fé, Eucísia
Arquitectura religiosa, vernácula e maneirista. Capela de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita e sacristia adossada à fachada lateral esquerda, com coberturas interiores diferenciadas, em contraplacado divididos em cinco panos de caixotões, iluminada por janelas rectilíneas, rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal em empena truncada por sineira de uma ventana e rasgada por portal de verga recta. Fachadas simples com remates em cornija e beiral.
Interior com pia baptismal no lado do Evangelho e púlpito setecentista na Epístola, tendo arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras e ladeado por reábulos colaterais de feição vernácula e influência barroca e rococó; retábulo-mor de feição vernácula e influência maneirista.
Número IPA Antigo: PT010401040117
Categoria
Monumento
Descrição
Planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, com sacristia rectangular adossada à fachada lateral esquerda, de volumes articulados e cobertura homogénea em telhado de duas águas e diferenciado em telhado de uma água na sacristia. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa e com cunhais marcados a cinzento, sendo rematadas em cornija e beirado simples. Fachada principal voltada a O., em empena truncada por sineira de ventana simples em arco de volta perfeita assente em impostas salientes e encimada por cruz latina assente em plinto galbado; os cunhais são firmados por pináculos piramidais com bola, assentes em plintos cúbicos; portal de verga recta, com moldura simples em cantaria de granito. Fachada lateral esquerda virada a N., com porta de verga recta ladeada por dois janelões rectangulares, todos com moldura simples em granito; sacristia com porta de verga recta na face O.. Fachada lateral direita virada a S., com janela rectilínea e nmoldura simples na capela-mor. Fachada posterior em empena cega na capela-mor e com pequena fresta gradeada no corpo da sacristia, levemente recuado.
INTERIOR rebocado e pintado de branco, com rodapé pintado de azul, pavimento em cimento, tendo os corredores de circulação pigmentados a vermelho, e cobertura de perfil poligonal sobre cornijas de madeira, em contraplacado pintado de azul claro, formando grandes caixotões. No lado do Evangelho, pia baptismal em granito, tendo a bacia decorada com caneluras, assente em pequena base facetada. No lado da Epístola, pia de água benta em cantaria, assente em base piramidal, confessionário de madeira e púlpito quadrangular sobre mísula de cantaria, com guarda balaustrada em madeira e acesso por escada de lanço único adossado à parede, no lado esquerdo.
Arco triunfal, em arco de volta perfeita assente em pilastras, flanqueado por retábulos colaterais dispotos em ângulo, de talha dourada e lacada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e a Nossa Senhora de Fátima (Epístola), este ladeado por nicho para alfaias, rematado em flor estilizada. Capela-mor elevada por dois degraus, com pavimento em cimento e cobertura semelhante à da nave, pintada de amarelo. No lado do Evangelho, porta de verga recta, emoldurada, de acesso à sacristia.
Retábulo-mor em talha dourada e lacada, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas torsas decoradas com pâmpanos, assentes directamente no banco; os eixos são formados por nichos rectilíneos, rematados por friso de acantos, encimado por tabela rectangular, flanqueada por quarteirões de acantos e por aletas em quarto de círculo, sobrepujada por espaldar triangular, rematado pro vaso de flores; sobre o altar, paralelepipédico, sacrário em forma de templete, com a porta flanqueada por colunas e decorada por símbolos eucarísticos (cálice, uvas e espiga) e enorme resplendor, encimado por festões.
Acessos
Acesso a partir de Alfândega da Fé, 6 km. pela EN 215 até ao cruzamento para Eucízia, depois, 5 km., por EM até Santa Justa. Gauss: M=291.8, P=484.5, fl. 105
Protecção
Inexistente
Grau
3 – imóvel ou conjunto de acompanhamento que, sem possuir características individuais a assinalar, colabora na qualidade do espaço urbano ou na ligação do tempo com o lugar, devendo ser preservado em tal medida. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Valor Concelhio / Imóvel de Interesse Municipal e outras classificações locais.
Enquadramento
Rural, isolado, integrado na povoação situada num pequeno esporão, sobranceiro à margem esquerda da ribeira de Santa Justa, afluente da margem esquerda da ribeira da Vilariça. A capela situa-se junto à principal rua da povoação, pavimentada a cubo de granito e que a contorna pelos lados S. e E.; possui um pequeno adro, na frente e do lado Norte, formado por uma pequena plataforma sobrelevada e de pendor levemente inclinado, delimitado, a N., por um muro de suporte em alvenaria de xisto. A pavimentação do adro é em cubo de granito. A cerca de 300 m., a N., com localização simétrica na margem direita da ribeira de Santa Justa, implanta-se o Solar de Santa Justa (v. 0401040036).
Descrição Complementar
Retábulo colateral do Evangelho, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, de planta recta e um eixo, formado por duas colunas torsas decoradas por pâmpanos, assentes em plintos cúbicos com as faces decoradas por elementos vegetalistas, que se prolongam em uma arquivolta, constituindo o ático; ao centro, painel com fundo em azul claro, onde se integra mísula. O retábulo oposto é de planta recta e um eixo definido por duas colunas com o fuste liso decorado por motivos auriculares e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por motivos fitomórficos, tendo, ao centro painel pintado a azul claro e moldurado a dourado, com mísula; remate em espaldar assimétrico, em forma de auricular. Ambos os altares, em forma de urna, são pintados de branco com molduras azuis e losango ao centro.
Utilização Inicial
Religiosa: capela
Utilização Actual
Religiosa: capela
Propriedade
Privada: Igreja Católica
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 17 (conjectural) / 18
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
Séc. 17 - provável construção do edifício para servir de paroquial, sendo constituída a paróquia de Santa Justa nesta data, por iniciativa do Mosteiro de Santa Maria do Bouro a cujo padroado Santa Comba, freguesia de que dependia anteriormente, pertencia; 1706 - Santa Justa tinha 25 vizinhos, igreja paroqeuial da apresentação do Abade de Santa maria do Bouro, mais uma ermida e quatro fontes (COSTA, 1706, p. 457); séc. 18 - execução do retábulo colateral da Epístola; 1758 - nnas Memórias Paroquiais é referido que o cura era apresentado pelo pároco de Santa Maria do Bouro, com 8$000 réis de côngrua e o pé de altar; 1796 - a freguesia de Santa Justa pertencia ao termo de Alfândega da Fé, na comarca de Torre de Moncorvo, tinha 26 fogos e 95 almas; a igreja de Santa Justa era Curato de apresentação do Abade de Santa Maria do Bouro, tendo de rendimento 38$000 réis (MENDES, 1981, pp. 243-244); 1926 - tinha 21 fogos e 99 habitantes; a igreja tinha três altares, dedicadas a São Brás, Nossa Senhora do Rosário e Santa Justa.
Características Particulares
Capela muito simples, com características regionais expressas na sineira colocada sobre a empena da fachada principal, destacando-se o retábulo-mor de planta recta e três eixos, com remate em tabela, bem como os colaterais, um com colunas torsas e outro com colunas de fuste liso decorado com elementos auriculares. Possui pia de água benta com pé de cantaria e pia baptismal com bacia estriada, reflectindo que exerceu funções paroquiais. O púlpito possui mísula em forma de pingente decorado e surge nicho para alfaias, rematado por elemento fitomórfico estilizado. Os cunhais são marcados por faixas pintadas. Mantém, no exterior, cornijas de madeira no arranque das coberturas, indiciando que as primitivas seriam deste material.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Paredes em alvenaria; pavimentos em cimento; portas, tectos e retábulos em madeira; cobertura em telha de aba e canudo.
Bibliografia
COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa, Lisboa, 1706; VILARES, João Baptista, Monografia do Concelho de Alfândega da Fé, Porto, 1926; Vilarelhos in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa, 1945; MENDES, José Maria Amado, Trás-os-Montes nos finais do séc. XVIII, Coimbra, 1981.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
Intervenção Realizada
Proprietário: séc. 20 - execução das coberturas e pavimentos; restauro dos retábulos; tratamento de rebocos e pinturas.
Observações
Autor e Data
Miguel Rodrigues 2004
in:monumentos.pt
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